Chá para cólica menstrual: 8 receitas para aliviar as dores na hora

Este conteúdo faz parte da categoria Medicina Alternativa e pode conter informações que carecem de estudos científicos e/ou consenso médico.

Sabe aquele desconforto e dor abdominal que é bem comum durante a menstruação? Pois saiba que ele pode ser amenizado com uma receitinha caseira de chá para cólica, como o de gengibre, orégano, hortelã e outras que possuem propriedades anti-inflamatórias, anti-espasmódicas e analgésicas naturais.

Para entender melhor com eles funcionam é preciso saber que a cólica menstrual (dismenorreia) é causada por um conjunto de fatores. O primeiro deles é a queda nos níveis de progesterona (hormônio sexual feminino) que eleva a produção de prostaglandinas, o que gera uma inflamação local. 

As contrações musculares feitas pelo útero também são uma causa comum para o problema, que costuma aparecer no primeiro dia do ciclo menstrual e pode se estender pelo resto do período. 

Alguns chás podem aliviar as cólicas, típicas do período menstrual, como o de gengibre e camomila (Foto: Freepik)

O resultado disso é uma dor abdominal aguda, que pode vir acompanhada de náuseas, vômitos, dor de cabeça e bastante cansaço.

No caso específico das cólicas menstruais, elas são divididas em dois grupos: a primária, que costuma atingir mais de 80% das mulheres e começa já na menarca (primeira menstruação) e a secundária, que pode começar em qualquer fase da vida e é causada por alguma doença, por isso precisa de tratamento especializado. (1)

Uma curiosidade é que as cólicas abdominais e renais costumam ser causadas pelos mesmos motivos, inflamações e espasmos, e mesmo apresentando mecanismos de início diferentes podem ser tratadas com as receitinhas caseiras que você vai aprender aqui.

8 chás para aliviar as cólicas 

1. Gengibre 

O primeiro chá para alívio rápido da cólica da nossa lista é o de gengibre (Zingiber officinale). O rizoma (caule subterrâneo) é fonte de duas substâncias com poder anti-inflamatório e analgésico, a gingerona e o gingerol. 

Ambos são capazes de inibir a síntese (produção) das prostaglandinas, que têm uma estrutura semelhante a um hormônio e servem para aumentar o fluxo sanguíneo para a região, no caso o útero, deixando o local mais sensível a estímulos e dando início à inflamação. 

A infusão é ainda capaz de impedir a ativação dos receptores de dor, que servem para levar a informação para o cérebro, principalmente por impedirem a ativação das citocinas, proteínas que ativam essa via de comunicação. 

Para finalizar, o gengibre consegue estimular a liberação da serotonina, o chamado hormônio do prazer. Isso faz com que ele aumente a sensação de bem-estar, o que também favorece a redução das dores. (2

A infusão é preparada usando a medida de 1 colher (de chá) de gengibre fresco para cada xícara de água quente. Beba sem adoçar. 

Pessoas que fazem tratamento com medicamentos anticoagulantes devem evitar beber o chá todos os dias, pois a erva potencializa os efeitos dos mesmos e pode causar hemorragia. (3)

2. Artemísia 

O chá de artemísia (Artemisia vulgaris) é outro que funciona super rápido para a dismenorreia por ter compostos conhecidos por serem anti-inflamatórios e analgésicos.

Esse efeito acontece por conta da ação de bloquear os receptores sensoriais, fazendo com que a mensagem não chegue ao cérebro e a dor seja “esquecida”. (4)

Para fazer o chá use 1 colher (de chá) das folhas para cada xícara de água quente. Beba no máximo três xícaras por dia e nunca faça o uso quando houver alguma suspeita de gravidez, pois a artemísia é um potente abortivo. (3)

3. Orégano 

Sabe o orégano (Origanum vulgare), aquele tempero usado em pizza? Pois o chá feito com ele também promove um alívio rápido para as cólicas

Essa erva aromática possui um composto conhecido como carvacrol, que anula a emissão dos estímulos elétricos de dor, causando um alívio rápido e duradouro para o incômodo.

O óleo essencial dele também reduz os espasmos abdominais, outro fator que leva ao alívio dessas dores. (5)

O melhor é que o orégano não possui contraindicações e a infusão, que deve ser feita com a medida de 1 colher (de chá) da erva para cada xícara de água fervente, pode ser bebida até três vezes ao dia, de preferência antes das refeições. (3)

4. Hortelã 

Outra erva bem fácil de achar e que é um santo remédio para o desconforto das cólicas, além de ter um sabor bem agradável, é o de hortelã-pimenta (Mentha piperita). 

O óleo essencial encontrado nas folhas dela são fonte de substâncias como limoneno e o cineol, que são potentes agentes antiespasmódicos e analgésicos. 

Eles relaxam a musculatura abdominal e uterina, impedindo assim os espasmos causadores da dor, além de bloquear os receptores de dor, que são mesmos que percebem o frio e o calor. O resultado é adeus cólicas em poucos minutos. (6)

Use 1 colher (de sobremesa) da erva para xícara de água fervente para fazer o chá, que deve ficar descansando por, pelo menos, 10 minutos antes do consumo para extrair todas as propriedades terapêuticas. 

A infusão pode ser bebida até quatro vezes no dia e sempre sem adoçar.

5. Calêndula 

A calêndula (Calendula officinalis), florzinha amarela que costuma ser cultivada como planta ornamental, é outro exemplo de remédio caseiro para as cólicas, que é barato, seguro e eficaz. 

A erva promove o alívio dos desconfortos por ser anti-inflamatória. (3

E ainda é capaz de bloquear os receptores de cálcio, promovendo uma redução das contrações musculares abdominais, por provocar o relaxamento da região. (7)

Prepare o chá usando 2 colheres (de chá) das flores secas para cada xícara de água fervente e não ultrapasse a dose de três porções diárias.

6. Camomila 

Outra flor ideal para diminuir as cólicas é a camomila (Chamomilla matricaria) por possuir ação analgésica, com efeito bem parecido com o da morfina. (8

Use a medida de 3 colheres (de chá) das flores secas para cada xícara de água quente. Beba no máximo três xícaras da infusão por dia, mais do que isso pode causar sonolência. (3)

7. Lavanda 

O chá de lavanda (Lavandula angustifolia) é mais uma opção para quem sofre com as cólicas. 

A erva contém vários compostos analgésicos e anti-inflamatórios, duas ações essenciais para a redução das dores. 

Seus fitoquímicos agem diretamente no sistema nervoso e promovem um relaxamento muscular, que impede a contração abdominal e ainda ajuda a dormir melhor depois de todo o desconforto. 

Você pode fazer o chá com 1 colher (de chá) das flores ou pingar 4 gotas do óleo essencial em água quente e adicionar uma colher (de chá) de açúcar. Beba, no máximo, três vezes por dia, porque ele causa sonolência. (3)

8. Alfavaca 

A última dica de chá é o feito com a alfavaca (Ocimum gratissimum), planta da mesma família que o manjericão e que é bastante usada na medicina popular brasileira.

Graças a presença de compostos como o eugenol e o cineol ela é um agente antinociceptivo natural. Ela também é anti-inflamatória e analgésica. (10,11)

Prepare o chá usando a medida de 1 colher (de chá) das folhas para cada xícara de água quente, sempre beba sem adoçar. Não existem contraindicações, mas sempre evite os excessos. 

Como evitar a cólica?

Alguns hábitos podem reduzir as crises de cólicas, como praticar atividades físicas regularmente (Foto: Freepik)

A dismenorreia é um problema natural, uma vez que está associado a causas fisiológicas e não a alguma doença. Contudo, existem ações que podem amenizar ou até prevenir o desconforto em alguns casos. 

  • Adote a prática de exercícios físicos regulares, pois ajuda a aumentar a vasodilatação uterina, reduzindo assim a ação sensibilizante das prostaglandinas. 
  • Cuide da alimentação, especialmente  retirando sal, açúcares e carboidratos refinados da alimentação, além de alimentos gordurosos pelo menos duas semanas antes da menstruação. (12)
  • Realizar a suplementação de ômega 3, vitamina B1 (tiamina) e magnésio pode reduzir em até 80% a dor durante os ciclos. 
  • A acupuntura, técnica chinesa que usa agulhas, reduz até 90% das dores e pode diminuir o consumo de analgésicos durante os episódios de cólicas. 
Referências 

(1) SANTIAGO, R.C.; SCHOR, E.; MELO, N.R. Dismenorréia. Projeto Diretrizes, Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, 2002. Disponível em: https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/dismenorreia.pdf. Acesso em: 16 de fevereiro de 2020.

(2) ALI, Badreldrin H. et al. Some phytochemical, pharmacological and toxicological properties of ginger (Zingiber officinale Roscoe): A review of recent research. Food and Chemical Toxicology, v.46, p.409-420, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.fct.2007.09.085. Acesso em: 16 de fevereiro de 2020.

(3) HEBER, David. PDR for Herbal Medicines, 4º edição. PDR Network, 2007. Acesso em: 16 de fevereiro de 2020.

(4) ADAMS, James David; GARCIA, Cecilia; GARG, Garima. Mugwort (Artemisia vulgaris, Artemisia douglasiana, Artemisia argyi) in the Treatment of Menopause, Premenstrual Syndrome, Dysmenorrhea and Attention Deficit Hyperactivity Disorder. Chinese Medicine, v.3, p.116-123, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.4236/cm.2012.33019. Acesso em: 16 de fevereiro de 2020.

(5) MELO, Francisca Helvira Cavalcante et al. Antinociceptive activity of carvacrol (5-isopropyl-2-methylphenol) in mice. Journal of Pharmacy and Pharmacology, v.64, n.12, p.1772-1729, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1111/j.2042-7158.2012.01552.x. Acesso em: 16 de fevereiro de 2020.

(6) BALAKRISHNAN, Aishwarya. Therapeutic Uses of Peppermint –A Review. Journal of Pharmaceutical Sciences and Research, v.7, n.7, p.474-476, 2015. Disponível em: https://www.jpsr.pharmainfo.in/Documents/Volumes/vol7Issue07/jpsr07071524.pdf. Acesso em: 16 de fevereiro de 2020.

(7) BASHIR, Samra et al. Studies on Spasmogenic and Spasmolytic Activities of Calendula officinalis Flowers.Phytotherapy Research, v.20, p.906-910, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1002/ptr.1980. Acesso em: 16 de fevereiro de 2020.

(8) MINISTÉRIO DA SAÚDE. Monografia da espécie Matricaria chamomilla L. (= Chamomilla recutita (L.) Rauschert, camomila). Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/11/Monografia-Camomila.pdf. Acesso em: 16 de fevereiro de 2020.

(9) DENNER, Sallie Stoltz. Lavandula Angustifolia Miller. Holistic Nursing Practice, v.23, n.1, p.57-64, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1097/01.HNP.0000343210.56710.fc. Acesso em: 16 de fevereiro de 2020.

(10) RABELO, M. et al. Antinociceptive properties of the essential oil of Ocimum gratissimum L. (Labiatae) in mice. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, v.34, n.4, p.521-524, 2003. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0100-879X2003000400016. Acesso em: 16 de fevereiro de 2020.

(11) MINISTÉRIO DA SAÚDE. Monografia da espécie Ocimum gratissimum L. (alfavaca). Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/11/Monografia-Ocimum-vers–o-pdf.pdf. Acesso em: 16 de fevereiro de 2020. 

(12) ACQUA, Roberra Dall; BENDLIN, Tania. Dismenorreia. Femina, v.43, n.6, p.273-276, 2015. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/0100-7254/2015/v43n6/a5327.pdf. Acesso em: 16 de fevereiro de 2020.

(13) COCO, Andrew S. Primary dysmenorrhea. American Family Physician, v.60, n.2, p.489-496, 1999. Disponível em: https://www.aafp.org/afp/1999/0801/p489.html. Acesso em: 16 de fevereiro de 2020.

Sobre o autor

Jornalista, possui experiência em rádio, apuração de dados para programa de televisão e produção de conteúdo para a Internet. Registro Profissional MTB-PE: 6770.