Você é do tipo que descarta a semente de abóbora após comer o legume? É porque não sabe a quantidade de benefício que está desperdiçando! Segundo a nutricionista do Oba Hortifruti, Renata Guirau, esse grão é rico em magnésio, zinco, gorduras boas e fibras.
Tudo isso contribui para uma melhor saúde dos ossos, coração e intestino. Sem falar no efeito fortalecedor do sistema imunológico, protegendo o organismo contra diversas doenças.
Além do mais, a semente de abóbora é um alimento versátil, pois pode servir para a extração do óleo ou pode ser consumida torrada e em forma de farinha. Sendo essa última versão a mais indicada para quem quer emagrecer.
Índice
Benefícios da semente de abóbora
Assim como o próprio legume, suas sementes também são ricas em nutrientes e compostos bioativos. “Não são todas as sementes que podem ser consumidas. As sementes comestíveis geralmente são boas fontes de minerais, fibras e gorduras boas, para acrescentarmos à nossa alimentação”, explica a nutricionista.
Fortalece ossos e músculos
Em 100 g desse alimento há 592 mg de magnésio (Mg), por isso Renata Guirau afirma que ele é uma excelente fonte desse nutriente. O mineral “atua na saúde óssea, no equilíbrio dos eletrólitos no sangue, na prevenção de câimbras e na qualidade do sono.”
Para se ter uma ideia, entre 60% a 65% de todo o conteúdo de magnésio no corpo está presente nos ossos. Além do mais, ele trabalha em conjunto com o cálcio, fixando-o adequadamente no organismo. Portanto, é importante para o crescimento saudável da estrutura óssea.
Já com relação aos benefícios para os músculos, vale ressaltar o efeito relaxante que o Mg possui. Enquanto o cálcio estimula a contração, o magnésio trabalha como relaxador.
Quando o corpo enfrenta uma deficiência desse nutriente, os médicos dão o diagnóstico de hipomagnesemia. Os principais sintomas neuromusculares são câimbras, fraqueza muscular, fadiga, espasmos etc. (1,2)
Aumenta a imunidade
Enquanto o legume é fonte de betacaroteno, as suas sementes são ricas em zinco. Em ambos os casos, a especialista em nutrição explica que elas possuem um efeito antioxidante.
Os grãos “também são uma boa fonte de gorduras monoinsaturadas (gorduras boas) que favorecem a imunidade”, destaca Renata.
Controla os níveis de colesterol
As mesmas gorduras mencionadas acima favorecem os bons níveis de colesterol no sangue, reduzindo o LDL (mau colesterol) e sem alterar o HDL (bom).
Além disso, o consumo regular das boas gorduras tem efeito favorável sobre os níveis de triglicerídeos, ritmo cardíaco e pressão sanguínea. Consequentemente, auxilia na prevenção de doenças relacionadas ao coração, como a aterosclerose, caracterizada como o acúmulo de gorduras nas artérias. (3)
Melhora o intestino e emagrece
Tanto a abóbora quanto os grãos presentes no interior do legume possuem fibras. Segundo a nutricionista da Oba Hortifruti, esses compostos ajudam na saciedade (emagrece), na digestibilidade das refeições e no bom funcionamento do intestino.
Na verdade, os alimentos fibrosos são importantes para o trato intestinal desde o momento em que são colocados na boca. Isso porque eles demandam mais mastigação que os outros alimentos, por isso o cérebro entende que o corpo está saciado, mesmo consumindo menos.
E engana-se quem acha que as fibras são digeríveis, pois elas passam pelo estômago e intestino apenas para ajudar na digestão e na eliminação das fezes. (4)
Boa para visão
“Um estudo mexicano de 2019 mostrou que o consumo de semente de abóbora pode reduzir a inflamação em algumas doenças na córnea”, cita Renata Guirau.
Segundo a mesma pesquisa, as sementes conseguem prevenir a neovascularização da córnea. Em outras palavras, elas impedem a formação de vasos sanguíneos anormais na retina. (5)
Combate os sintomas da menopausa
Também em 2019, um artigo científico comprovou que a suplementação com os grãos da abóbora melhora os sinais provocados pela deficiência de estrogênio. (6)
Entre os sintomas mais clássicos do hipoestrogenismo estão o ressecamento vaginal, ardência na região, irritação, sensação de pressão e prurido na vagina. (7)
Mas esse alimento não possui benefícios apenas para o período da menopausa, como também o óleo é indicado para mulheres que possuem uma bexiga hiperativa.
“[…] foi observada melhora com apenas uma semana de suplementação da dieta com as sementes de abóbora, onde houve melhora no controle urinário diurno e noturno”, explica a profissional. (8)
Melhora o desempenho sexual dos homens
Tanto os homens como as mulheres precisam ter uma alimentação com boas doses diárias de determinados nutrientes, a exemplo do magnésio, zinco, fibras e gorduras boas.
“Uma possível vantagem em relação ao consumo por homens seria a ajuda no aporte de zinco que se relaciona positivamente com uma melhor produção de espermatozoides“, afirma a nutricionista.
Além disso, Renata Guirau explica que o consumo frequente de abóbora e suas sementes pode melhorar a qualidade de vida e de controle urinário dos pacientes que passaram por um tratamento de tumor benigno de próstata. (9)
Receitas
Pedimos para que a nutricionista indicasse o modo de preparo desse alimento torrado e em forma de farinha. Acompanhe!
Torrada
O primeiro passo é retirar as sementes e lavar bem. Em seguida, deixe-as de molho em água com sal por aproximadamente 1 hora. Retire a água, seque-as bem com pano limpo ou papel toalha.
Finalize temperando os grãos como desejar, coloque em uma forma untada e leve ao forno até que fiquem crocantes. Dessa maneira, apresentam um sabor de nozes. Podem ser consumidos como aperitivos ou misturados com massas, molhos, patê, queijos e saladas.
Farinha de semente de abóbora
Para fazer a farinha, basta torrar as sementes como na dica anterior e batê-las no liquidificador ou processador, até que elas se transformem em pó.
“Ela pode ser usada no preparo de receitas, como bolos, tortas, panquecas e até mesmo adicionada a alimentos, como iogurtes e saladas de frutas”, ensina Renata.
O chá é benéfico?
A receita do chá de semente de abóbora é muito procurada, mas segundo a nutricionista não é uma forma comumente utilizada. “Não teria nenhum benefício em relação à comer a semente torrada ou na forma de farinha.”
Óleo da semente
Assim como outros tipos de óleos vegetais, o de semente de abóbora possui grandes quantidades de ácidos graxos insaturados e saturados.
Isso significa dizer que ele é benéfico na redução do teor de LDL e de triglicerídeos, ao mesmo tempo em que aumenta os níveis de HDL. Portanto, é uma ótima opção para prevenir problemas cardiovasculares. (10)
Existe malefício ou contraindicação?
Pessoas com digestão mais lenta podem sentir um desconforto pela demora em finalizar a digestão devido às fibras. Por isso, começar a consumir aos poucos é a melhor alternativa e, claro, sempre equilibrando com a ingestão de água.
Além disso, a especialista em nutrição recomenda o consumo com moderação, uma vez que, por ser fonte de gorduras (ainda que boas), a semente de abóbora contém um alto valor calórico.
“Vale lembrar que pequenas porções 20 g a 30 g já fazem uma grande diferença no aporte de nutrientes vindos dessas sementes”, finaliza.
*Artigo feito com a colaboração da nutricionista do Oba Hortifruti Renata Guirau, especialista em Nutrição Clínica e Esportiva (CRN 35487).
(1) Escola Paulista de Medicina. “Relatório básico: Semente de abobora, seco”. Universidade Federal de São Paulo. Disponível em: https://tabnut.dis.epm.br/alimento/12014/semente-de-abobora-seco. Acesso em 18 de novembro de 2019.
(2) MONTEIRO, Thaís Helena; VANNUCCHI, Helio. “Magnésio”. International Life Sciences Institute (ILSI Brasil), 2010. Disponível em: https://ilsi.org/brasil/wp-content/uploads/sites/9/2016/05/16-Magne%CC%81sio.pdf. Acesso em 18 de novembro de 2019.
(3) VERONEZI, Carolina Médici; JORGE, Neuza.”Aproveitamento de sementes de abóbora (Cucurbita sp) como fonte alimentar”. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, 2012. Disponível em: http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa/rev141/Art1410.pdf . Acesso em 18 de novembro de 2019.
(4) Unimed. “Fibras alimentares”. Disponível em: http://www.unimed.coop.br/portalunimed/cartilhas/fibras/pdf/cartilha.pdf. Acesso em 18 de novembro de 2019.
(5) ESTRELLA-MEDONZA, María Fernanda; et al. “Cucurbita argyrosperma Seed Extracts Attenuate Angiogenesis in a Corneal Chemical Burn Model”. Nutrients, 2019. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6567871/. Acesso em 18 de novembro de 2019.
(6) LESSTARI, BENI; et al. “Supplementation with extract of pumpkin seeds exerts estrogenic effects upon the uterine, serum lipids, mammary glands, and bone density in ovariectomized rats”. Phytotherapy Research, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1002/ptr.6280. Acesso em 18 de novembro de 2019.
(7) Ministério da Saúde. “Manual de atenção à mulher no climatério/menopausa”. 2008. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_atencao_mulher_climaterio_menopausa.pdf. Acesso em 18 de novembro de 2019.
(8) A. Gauruder-Burmester; et al. “Cucurbita pepo-Rhus aromatica-Humulus lupulus Combination Reduces Overactive Bladder Symptoms in Women – A Noninterventional Study”. Palnta Med, 2019. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31261419. Acesso em 18 de novembro de 2019.
(9) R Damiano; et al. “The role of Cucurbita pepo in the management of patients affected by lower urinary tract symptoms due to benign prostatic hyperplasia: A narrative review”. Arch Ital Urol Androl, 2016. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27377091. Acesso em 18 de novembro de 2019.
(10) CORRÊA, Ana Paula Antunes; et al. “Perfil de ácidos graxos do óleo de semente de abóboras crioulas (Cucurbita máxima L.)”. III Congresso de Brasileiro de Processamento de Frutas e Hortaliças, 2013. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/93562/1/cd229-387-1-RV.pdf. Acesso em 18 de novembro de 2019.