Alpiste: 8 benefícios e como fazer o leite

Você já pensou em preparar leite vegetal com alpiste (Phalaris canariensis)? Sim, daquela sementinha bem comum na alimentação de algumas espécies de pássaros criados em cativeiro. Nunca? Pois saiba que isso é possível e a bebida derivada dela é cheia de nutrientes e outros compostos que só fazem bem para a saúde. 

As sementes da espécie são ricas em vários tipos de proteínas, aminoácidos essenciais e ácidos graxos, tornando-a opção para fortalecer os músculos, proteger contra doenças cardiovasculares e ainda aumentar a sensação de bem-estar. 

O alpiste controla a pressão, regula o colesterol e ainda previne contra problemas no coração (Foto: Reprodução | Wikimedia Commons)

Além do mais, o leite de alpiste é uma alternativa fácil e barata para substituir a versão de origem animal em receitas para pessoas que seguem dietas vegetarianas ou apresentam alguma intolerância ou alergia à lactose ou aos leites vegetais mais comuns no mercado (soja e amêndoa). 

8 benefícios do alpiste para a sua saúde 

O leite preparado com o alpiste possui uma boa quantidade de aminoácidos, além de ser uma fonte natural de ômegas 3, 6 e 9. (1)

Pelo menos 20% de todos os fitoquímicos da semente são compostos por diversos tipos de proteínas e mais de 7% são de fibras alimentares. (2

Também é possível encontrar pequenas quantidades de minerais como ferro, zinco e magnésio no grão. (3

Tudo isso faz deste um alimento altamente nutritivo.

1. Ajuda a ganhar massa muscular

O leite de alpiste é fonte de proteínas e de aminoácidos essenciais, por isso ajuda no ganho de massa muscular. (2

Os músculos concentram boa parte da proteína presente no corpo humano e usam esse nutriente para se regenerarem

Durante os exercícios, os músculos usam mais proteína do que o organismo consegue repor. A falta desse nutriente pode causar o efeito reverso, por isso existe a suplementação, para que os músculos tenham uma espécie de reserva nutricional de onde extrair a energia necessária para se regenerarem após uma atividade intensa. (4)

Mas é preciso entender que esse “ganho muscular” só ocorre em pessoas que já praticam algum exercício físico de intensidade, onde há um ciclo de desgaste e regeneração das fibras musculares, que é o fator que propicia o crescimento da massa magra, como é chamada popularmente. 

2. Controla a pressão arterial 

O alpiste apresenta ação hipotensora, possibilitando a regulação da Pressão Arterial (PA), em consequência do efeito vasodilatador. Ou seja, de alargar as veias, permitindo que o sangue não necessite exercer uma pressão tão forte para que consigam chegar até o coração. (5)

3. Reduz o colesterol 

Outro benefício do alpiste na alimentação é o de promover a redução do colesterol. Esse potencial é principalmente derivado da presença de nutrientes conhecidos como amidos resistentes

Eles são resistentes aos ácidos estomacais e passam inteiros para o intestino, atrasando a absorção da gordura dos alimentos recém ingeridos, e arrastando tudo paras as fezes. Promovendo então uma menor absorção do colesterol

A bebida é capaz de reduzir não só os níveis de colesterol, mas também dos triglicérides, um outro tipo de gordura que é nociva em grandes quantidades. (6)

4. Contribui para o controle da diabetes

Mais um motivo para consumir esse cereal não-convencional, e talvez um dos benefícios mais citado dele, é por proporcionar o controle da glicemia

Ele é rico em duas substâncias que exercem grande influência nesse processo: as fibras alimentares e o amido resistente. 

Ambas não são digeridas pelo estômago. No caso das fibras, elas absorvem água e formam um gel que dificulta a absorção dos carboidratos dos alimentos, que se transformam em glicose.  

Já o amido resistente, que é um tipo de carboidrato, não pode ser transformado em açúcar pois não foi “quebrado” previamente pelo ácido estomacal. Desse modo, consumir alimentos com esses dois nutrientes proporcionam uma espécie de controle natural para a doença. (2)

5. Diminui o risco de doenças cardiovasculares

O alpiste também é ótimo para proteger o coração e não apenas por causa dos efeitos que ele traz para a redução do colesterol e da pressão arterial. 

O outro mecanismo envolvido na diminuição dos riscos de desenvolver doenças cardiovasculares ocorre por causa da presença dos ácidos graxos, em especial os ômegas 3, 6 e 9

O que acontece é que esses ácidos são um tipo de gordura boa, que impede a degradação (oxidação) dos lípidos ruins. Com isso, eles impedem que todo esse material comece a se acumular sem controle nas veias e artérias. (7)

6. Impede a ação dos radicais livres  

As proteínas encontradas nessa semente, em especial a prolamina, bem como alguns tipos de ácidos orgânicos são responsáveis por outro benefício super importante: de impedir a oxidação das células, o chamado efeito antioxidante

Esses antioxidantes são compostos que impedem a produção e ação dos radicais livres, que são moléculas produzidas pela degradação celular.

E justamente por isso devem ser combatidas, caso contrário podem destruir as membranas que protegem as células, modificando o interior delas, o que causa danos sérios aos órgãos e até mesmo modificar a estrutura do DNA, aumentando os riscos de desenvolver câncer. (2)

7. Aumenta a sensação de bem-estar 

O aminoácido triptofano tem relação com o aumento da sensação de bem-estar. (2)

Esse composto faz parte da produção da serotonina, um neurotransmissor responsável por regular o humor e é associado ao controle de problemas como depressão. (8

8. Reduz os sintomas das doenças inflamatórias 

Adicionar esse grão na alimentação ajuda a reduzir os sintomas de doenças inflamatórias, até mesmo as de caráter crônico, como é o caso do reumatismo.

A semente tem a capacidade de inibir a liberação de substâncias conhecidas como mediadoras da inflamação, responsáveis por fazer o corpo dar início ao processo, e que serve para proteger o organismo contra ataques, mas que podem sair do controle e se tornar um problema crônico. 

O extrato do grão é eficaz no alívio dos sintomas da artrite: como dor, queimação e vermelhidão nas articulações. (9)

Como preparar e consumir o leite de alpiste 

A forma mais usual de se consumir o alpiste é extraindo seu leite (Foto: Freepik)

A melhor forma, e talvez a mais comum, de consumir o alpiste e aproveitar todos os benefícios dessa sementinha é preparando um leite vegetal.

Coloque 5 colheres (de sopa) das sementes de molho em água filtrada por, pelo menos, 8 horas. Esse processo é importante para retirar a maior parte dos fitatos, que são compostos que dificultam a absorção de minerais pelo organismo. 

Feito isso, descarte a água e leve as sementes, junto com 500 ml de água filtrada, ao liquidificador para bater por alguns minutos. O resultado vai ser um leite bem leve, e com bastante espuma, totalmente sem lactose e sem glúten. 

Ele pode ser bebido puro ou utilizado como substituto das versões vegetais em vitaminas e outras receitas. 

Contraindicação 

A semente é bastante segura para o consumo humano, não apresentando nenhum efeito negativo para a saúde.

Referências 

(1) ABDELL-ALL, El-Sayed M. et al. Fractionation of Hairless Canary Seed (Phalaris canariensis) into Starch, Protein, and Oil. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.58, p.7046-7050, [2010]. Disponível em: https://doi.org/10.1021/jf100736m. Acesso em: 10 de dezembro de 2019.

(2) MASON, Emily et al. Hairless Canaryseed: A Novel Cereal with Health Promoting Potential. Nutrients, v.10, n.9, [2018]. Disponível em: https://doi.org/10.3390/nu10091327. Acesso em: 10 de dezembro de 2019. 

(3) ROBINSON, Robert G. Chemical Composition and Potential Uses of Annual Canarygrass. Agronomy Journal, v.70, n.5, p.797-800, janeiro de 1978. Disponível em: https://www.researchgate.net/deref/http%3A%2F%2Fdx.doi.org%2F10.2134%2Fagronj1978.00021962007000050004x. Acesso em: 10 de dezembro de 2019.

(4) MARAGON, Antônio Felipe Corrêa; MELO, Renata Ajuto de. Consumo de proteínas e ganho de massa muscular. Universitas: Ciências da Saúde, v.2, n.2, p.281-290, [2004]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5102/ucs.v2i2.541. Acesso em: 10 de dezembro de 2019.

(5) PASSOS, Clévia dos Santos. Efeitos vasculares e renais do alpiste (Phalaris canariensis) em ratos normotensos e hipertensos. Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), [2010]. Disponível em: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/9434. Acesso em: 11 de dezembro de 2019.

(6) VACA, Porcel et al. Efectividad del licuado de alpiste como tratamiento reductor del colesterol, trigliceridos y el indice de masa corporal¹ (Clinica UCEBOL-2010). Universidad, Ciencia y Sociedad, n.7, p.7-12, [2012]. Disponível em: http://www.revistasbolivianas.org.bo/scielo.php?pid=S8888-88882012000200002&script=sci_arttext. Acesso em: 11 de dezembro de 2019.

(7) BEN SALAH, Hichem et al. Chemical Composition, Characteristics Profiles and Bioactivities of Tunisian Phalaris canariensis Seeds: a Potential Source of ω-6 and ω-9 Fatty Acids. Journal of Oleo Science, junho de 2018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5650/jos.ess17278. Acesso em: 11 de dezembro de 2019.

(8) AGUIAR, L.C.T. et al. O papel do L-triptofano no controle da depressão.Revista Interdisciplinar de Ciências Médicas. Disponível em: https://gpicursos.com/interagin/gestor/uploads/trabalhos-feirahospitalarpiaui/8ff6d267c18b34224694597c1e891575.pdf. Acesso em: 11 de dezembro de 2019.

(9) MADRIGALES-AHUATZI, D.; PEREZ-GUTTIEZ, R.M. Evaluation of Anti-inflammatory Activity of Seeds of Phalaris canariensis. Drug Research, v.66, n.1, p.23-27, janeiro de 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1055/s-0035-1548764. Acesso em: 11 de dezembro de 2019. 

(10) MAGNUSON, B.A. et al. Safety assessment of consumption of glabrous canary seed (Phalaris canariensis L.) in rats. Food and Chemical Toxicology, v.63, p.91-103, [2014]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.fct.2013.10.041. Acesso em: 11 de dezembro de 2019.

Sobre o autor

Jornalista, possui experiência em rádio, apuração de dados para programa de televisão e produção de conteúdo para a Internet. Registro Profissional MTB-PE: 6770.