Conjuntivite: tipos, sintomas e tratamento em casa

Este conteúdo faz parte da categoria Medicina Alternativa e pode conter informações que carecem de estudos científicos e/ou consenso médico.

Olhos vermelhos, coçando e lacrimejando: típico sinal de conjuntivite. De acordo com a Secretaria de Saúde de São Paulo, essa doença é mais frequente no verão e, apesar de não ser grave, é um problema incômodo e transmissível.

Grande parte desse desconforto é causado pela sensação de “areia nos olhos” e sensibilidade a luz, motivo pelo qual muita gente passa a usar óculos escuros, mesmo em ambientes fechados.

O contagio se dá por contato direto com a mucosa afetada ou através de objetos contaminados, a exemplo de toalhas e maquiagem. O paciente nessa condição precisa evitar ambientes coletivos, como escolas, fábricas, transportes etc. (1) Sendo assim, é comum que fique em isolamento, evitando que a doença se torne uma epidemia.

Imagem de olho irritado

Olhos vermelhos e irritados são os sintomas mais comuns da conjuntivite (Foto: depositphotos)

Para esclarecer ainda mais sobre esse tema, conversamos com o oftalmologista Lucas Monteiro, especialista em córnea e cirurgia refrativa. Com o auxílio do médico vamos entender sobre os tipos dessa doença, como diferenciá-los, como a conjuntivite afeta os bebês, os sintomas, formas de tratamento e prevenção. Acompanhe!

Conjuntivite alérgica, viral e bacteriana

“A conjuntivite é a inflamação da conjuntiva, uma das camadas mais superficiais do olho e, justamente por ser uma das mais externas, seu acometimento é tão frequente. Podem ser infecciosas (virais ou bacterianas, geralmente), assim como ter uma origem imunológica, alérgica, por exemplo”, explica o oftalmologista.

Ainda segundo Lucas Monteiro, nem sempre é fácil diferenciar os tipos desse problema, principalmente quando é preciso saber a origem do quadro, se é viral ou bacteriano. Isso porque, no começo dessa doença, os sintomas são bem semelhantes.

“A diferenciação entre os tipos pode ser feita através do exame clínico, associado a história do paciente. A conjuntivite bacteriana apresenta melhora em torno do segundo dia de tratamento específico com antibiótico, sendo necessário completar pelo menos 5 a 7 dias. Já a viral tem uma evolução mais imprecisa pois vai depender muito mais da resposta do organismo do que da medicação, já que nesses casos o tratamento é feito com medicamentos sintomáticos”, diferencia o médico. 

Um outro ponto que merece destaque é com relação à transmissão desse problema. Enquanto o tipo infeccioso tem alto grau de contágio, especialmente nos primeiros dias, o de origem alérgica não há contaminação.

Bebê pode pegar?

A conjuntivite neonatal atinge bebês recém-nascidos. O problema é geralmente infeccioso e está associado à passagem pelo canal vaginal infectado. Em artigo feito na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, os agentes comumente relacionados são clamídia, gonococo, herpes vírus e outras bactérias. (2)

“O tratamento geralmente é feito com colírios específicos para o antígeno (o causador) mais provável”, explica Monteiro. 

Sintomas de conjuntivite

De uma maneira geral, o oftalmologista cita os seguintes sintomas para os diferentes tipos dessa inflamação, são eles: coceira, ardência, lacrimejamento, sensação de areia nos olhos e vermelhidão. No entanto, como se trata de três tipos de conjuntivite é importante saber quais os sinais mais comuns entre eles.

  • Virais: é comum que o paciente apresente sinais semelhantes a um resfriado, com tosse matinal, congestão nasal e secreção. Também é frequente ter pálpebras coladas pela manhã. Além dos sintomas, esse tipo diferencia-se pela abordagem no indivíduo, uma vez que o segundo olho pode ser afetado dentro de 48 h até uma semana após o primeiro (2)
  • Bacterianas: nos casos oriundos de bactérias, a apresentação da doença costuma ser unilateral e se instala de forma rápida. Olhos vermelhos e irritação são bastante comuns, assim como a secreção contínua de um muco que pode ser esbranquiçado, amarelado ou esverdeado (2)
  • Alérgicas: “em pacientes atópicos (alérgicos), geralmente a conjuntivite alérgica vem associada a sintomas como coriza e obstrução nasal“, indica o médico.

Como posso saber se estou com esse problema?

De acordo com Lucas Monteiro, é comum que os pacientes cheguem no consultório com o olho vermelho e dizendo que estão com conjuntivite. Entretanto, o oftalmologista lembra que essa não é a única causa desse sintoma.

“Várias outras podem levar a esse quadro: hemorragia subconjuntival (o famoso derrame), esclerite, episclerite, corpo estranho ocular, abrasões de córnea, entre outros. A diferenciação é feita no consultório em exame detalhado à Lampada de fenda”, explica o médico.

Por isso que é importante consultar um especialista e entender o que de fato está causando os sinais apresentados. Assim, é possível prevenir a recontaminação, evitar a transmissão para outras pessoas e tratar da maneira mais apropriada possível.

Formas de tratamento

Segundo o médico, aliado aos medicamentos receitados, o paciente pode cuidar do problema em casa tomando alguns cuidados como evitar coçar os olhos, lavar sempre as mãos e secar os olhos com lenços descartáveis. Sendo este último ainda mais importante de ser feito.

“É frequente o paciente entrar no consultório secando os olhos com uma toalhinha. Gosto sempre de enfatizar essa orientação, pois a toalha ou lenço não descartável são fontes de recontaminação”, alerta.

Pessoa aplicando colírio no olho

Os colírios são a base do tratamento da conjuntivite, mas a compressa fria pode aliviar o desconforto (Foto: depositphotos)

Remédio caseiro para conjuntivite

É comum encontrar algumas receitas caseiras de como tratar conjuntivite em casa, mas de acordo com Monteiro, essas orientações populares são perigosas. Além de não tratar, determinados produtos (inclusive os naturais) podem irritar ainda mais a córnea, prejudicando o tratamento e trazendo complicações a curto e longo prazo para a visão.

Nesse caso, o médico aconselha apenas duas formas de cuidar desse problema no conforto do lar. “Compressas frias podem ajudar a melhorar os sintomas, mas não há nenhuma solução caseira específica. E usar água gelada para lavar os olhos.”

A recomendação é utilizar água mineral ou fervida. Nesse segundo caso, após a fervura, ela deve ficar na geladeira antes de ser utilizada.

Medicamentos receitados

Lucas Monteiro explica que além das orientações para casa, o médico também deve recomendar o uso de colírio de acordo com o tipo do problema. Por exemplo, nas conjuntivites virais e alérgicas, é comum o uso dos colírios lubrificantes. Já no caso das bacterianas, recomenda-se os com propriedade antibiótica. (2)

Prevenção

“A principal forma de se prevenir é evitando levar a mão suja aos olhos, pois é a forma mais comum de contaminação. Nos casos de origem alérgica, evitar contato com aquela substância da qual se sabe ter alergia”, indica o oftalmologista.

O Ministério da Saúde lançou uma cartilha com algumas recomendações que visam prevenir a disseminação da conjuntivite. Confira alguns dos tópicos:

  • Use toalhas, soluções e medicamentos oftálmicos individualmente
  • Troque as fronhas dos travesseiros diariamente para evitar a recontaminação
  • Evite o uso de maquiagem
  • Caso detecte algum sinal ou sintoma de conjuntivite, evite frequentar locais com aglomerações, como escolas, creches e locais de trabalho. (3)

Além disso, a Secretaria de Saúde paulista também aconselha evitar banhos de piscina e o uso de lápis, lenço ou até mesmo copo de pessoas que estejam com esse problema.

*Artigo feito com a colaboração do médico oftalmologista Lucas Monteiro, especialista em córnea e cirurgia refrativa (CRM-PB 7939).

Referências

(1) Secretaria de Saúde de São Paulo. “Conjuntivite“. São Paulo, 2000. Disponível em: http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/cidadao/temas-de-saude/conjuntivite.pdf. Acesso em: 02 de setembro de 2019.

(2) SILVA, Jailton Vieira; FERREIRA, Bruno Fortaleza de Aquino; PINTO, Hugo Siqueira Robert. “Síndromes de olho vermelho – Conjuntivites agudas“. Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Disponível em: http://www.ligadeoftalmo.ufc.br/arquivos/ed_-_conjuntivites_agudas.pdf. Acesso em: 02 de setembro de 2019.

(3) Ministério da Saúde. “Informe Saúde – Conjuntivite“. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/periodicos/informesaude/informe211.pdf. Acesso em: 02 de setembro de 2019.

Sobre o autor

Formada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, tem experiência em rádio e escreve para o Remédio Caseiro desde 2015. Registro Profissional MTB-PE: 6750.