Catuaba: benefícios, o que é e como tomar

Este conteúdo faz parte da categoria Medicina Alternativa e pode conter informações que carecem de estudos científicos e/ou consenso médico.

Você sabe o que é catuaba e para que ela serve? Apesar de ser bastante conhecida por dar nome a uma bebida alcoólica, a planta é também utilizada para fazer um chá com ação afrodisíaca.

Mas não é só a impotência sexual que pode ser contornada com o uso da Trichilia catigua (nome científico). A decocção feita com as cascas dessa árvore protege o coração e é considerada um antidepressivo natural.

De acordo com a farmacêutica Maria Júlia Pereira, a catuaba pode ser usada como antioxidante e calmante. Para isso, basta preparar um bom chá com as cascas secas ou com o produto em pó. E, se preferir, acrescentar outra especiaria, como é o caso do gengibre.

O chá de catuaba é feito com as raspas da raiz da planta e tem ação afrodisíaca (Foto: depositphotos)

Sucos e vitaminas também podem ser uma boa opção de bebida saudável para completar o dia, mas é preciso consciência na escolha dos ingredientes. “Nada de excessos, eu vejo as pessoas misturando pimenta, couve, cenoura etc, sem se preocupar com a saúde, já que o natural também precisa de seus cuidados”, afirma a profissional de farmácia.

Quais são os benefícios da catuaba?

Entre as atividades dessa planta estão a antirreumática e inseticida, além de ser usada para combater o déficit de memória. No entanto, todas essas aplicações são usos populares. Confira a seguir as ações já avaliadas em estudos científicos.

Aumenta a libido e previne a impotência sexual

A ação afrodisíaca dessa planta é resultado da propriedade vasodilatadora que possui. Enquanto nos homens “pode aumentar a quantidade de sangue a chegar nos corpos cavernosos, levando a ereção e ao prolongamento dela”, nas mulheres há o “aumento do fluxo sanguíneo, maior lubrificação e enrijecimento do clitóris, e maior sensibilidade ao estímulo”, explica Maria Júlia.

Em ambos os sexos, também é possível observar uma aceleração do metabolismo. Isso tudo sem contar no aumento da ereção, da temperatura e de uma maior lubrificação no local.

Protege o coração

Ainda segundo a farmacêutica, a proteção do principal órgão do corpo se dá pelo mesmo motivo anterior: a ação vasodilatadora. Por promover uma maior dilatação dos vasos sanguíneos e, consequentemente, aumentar o fluxo do sangue, a planta medicinal contribui com o tratamento de problemas cardiovasculares, como a própria hipertensão arterial.

Ajuda a acalmar

Quem sofre com os sintomas comuns da ansiedade pode se beneficiar com o uso da bebida feita das cascas de catuaba, indica Maria Júlia. Também graças ao aumento do fluxo sanguíneo, consumir o chá dessa planta tem ajudado a reduzir a sensação de agitação e nervosismo. (1)

Combate o cansaço

Ao mesmo tempo em que essa bebida promove o relaxamento do organismo, ela também pode “aumentar os níveis de energia do corpo”, destaca a profissional. Por essa razão, é considerada antifadiga.

De acordo com um estudo feito em São Paulo, em 2018, o tratamento com o extrato da planta apresentou atividade locomotora aumentada, mesmo após um exercício. Isso sugere que a terapia com esse produto natural pode diminuir o tempo de recuperação do corpo, inclusive logo após uma exaustão. (2)

Auxilia no tratamento de depressão

Além de todos os benefícios já citados, a Trichilia ainda age como um estimulante do sistema nervoso central. Assim, os princípios ativos presentes na composição do vegetal podem ser opções terapêuticas para o tratamento contra depressão. (3, 4)

Como fazer o chá de catuaba

A farmacêutica alerta que a infusão não é o método apropriado para fazer esse chá, mas sim a decocção. “Eu aconselho ferver a água (½ litro) e quando as bolhas aparecerem, adicionar 2 colheres (de sopa) da casca. Deixa ferver tampado por 3 minutinhos e tira do fogo. Espera esfriar, coa e está pronto para tomar”, orienta.

Outra recomendação da especialista é obedecer a dose recomendada: até duas vezes por dia.

Com gengibre

“Eu uso muito gengibre, amo o sabor, além das propriedades maravilhosas: antioxidante, anti-inflamatória e diurética“, revela Maria Júlia. E é exatamente essa especiaria que a farmacêutica indica para incrementar o chá de catuaba.

Para fazer essa receita, basta repetir as dicas do tópico anterior, adicionando duas finas raspas do gengibre. Também há a possibilidade de acrescentar algumas gotas de limão, caso queira melhorar o gosto da bebida e potencializar os benefícios.

A bebida alcoólica feita com essa planta tem benefícios?

A planta catuaba só ganhou mais destaque no Brasil depois da comercialização de uma bebida alcoólica que a tem como base na composição. Mas afinal, será que esse líquido também possui propriedades benéficas para a saúde?

Segundo Maria Júlia, a bebida pode até conservar alguns efeitos do produto natural, como a vasodilatação. No entanto, existe a presença do álcool. “Essa última é uma substância depressora, que faz o efeito contrário do que seria esperado (o aumento da ereção em homens).”

Além disso, a composição do conteúdo alcoólico preocupa a farmacêutica. “Os ingredientes em maior quantidade são: vinho tinto com açúcar, o próprio açúcar, álcool agrícola, extratos e xaropes com açúcar. Eu não acredito que apenas o teor alcoólico seja o problema, mas a grande quantidade de edulcorantes e conservantes na bebida por si só seriam um agravo para a saúde do usuário. Some 98 cal dos 14 g de álcool e bum! Um coquetel hipercalórico, em apenas 100 mL”, complementa.

Sendo assim, caso tenha interesse em um produto com essas características, é importante levar em consideração seus efeitos a curto e longo prazo. Assim como outras bebidas alcoólicas, o recomendado é consumir com moderação.

Catuaba aborta? Veja contraindicações e efeitos colaterais

A catuaba deve ser evitada por grávidas, pois pode causar contrações e aborto. (5) Além das gestantes, a farmacêutica também contraindica para crianças menores de 12 anos, lactantes, pacientes com problemas renais e hepáticos, e pessoas que sofrem de enxaqueca.

Usuários de remédios inibidores de fosfodiesterases também precisam se precaver, pois pode ocorrer uma interação medicamentosa. Já os pacientes cardíacos precisam de indicação e supervisão médica antes de consumir os extratos dessa planta.

O excesso do consumo “pode causar enxaquecas, taquicardia, tonturas, confusão mental e espasmos musculares. Deve haver o cuidado com a dose, pois tudo em excesso faz mal. A catuaba vai ser metabolizada no fígado, assim, a fim de evitar problemas maiores, tanto renais como hepáticos, devemos ter o cuidado de não exceder os limites seguros de uso”, aconselha a farmacêutica.

Por fim, a profissional alerta para os cuidados com o armazenamento das cascas que deve ser feito sempre longe da umidade. Além de frisar a importância de um acompanhamento nutricional, médico e farmacêutico para saber se é viável fazer uso desse produto afrodisíaco e benéfico.

*Artigo feito com a colaboração de Maria Júlia Pereira Reis (CRF-PE: 07663) Graduada em Farmácia pela Universidade Federal de Alagoas – UFAL, mestranda em Ciências Farmacêuticas.

Referências

(1) BRITO, Andréa G. da R.; et al. “Fitoterapia uma alternativa terapêutica para o cuidado em Enfermagem – Relato de Experiência“. Biota Amazônia, 2014.Disponível em: http://dx.doi.org/10.18561/2179-5746/biotaamazonia.v4n4p15-20. Acesso em: 26 de setembro de 2019.

(2) MARTINS, Nadini Oliveira; et al. “Antioxidant, anticholinesterase and antifatigue effects of Trichilia catigua (catuaba)“. BMC Complement Altern Med, 2018. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5987406/. Acesso em: 26 de setembro de 2019.

(3) VIANA, Alice F.; et al. “Antinociceptive Activity of Trichilia catigua Hydroalcoholic Extract: New Evidence on Its Dopaminergic Effects“. Ediv Based Complement Alternat Med, 2011.Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3095233/. Acesso em: 26 de setembro de 2019.

(4) TABACH, Ricardo; et al. “Sistema de farmacovigilância em plantas medicinais“. Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), 2011. Disponível em: https://www.cebrid.com.br/wp-content/uploads/2014/10/Boletim-PLANFAVI-17-Janeiro-Fevereiro-Março-2011.pdf. Acesso em: 26 de setembro de 2019.

(5) Secretaria Municipal de Saúde de Londrina. “Programa municipal de fitoterapia“. Prefeitura Municipal de Londrina, 3ª edição, 2012. Disponível em: http://www1.londrina.pr.gov.br/dados/images/stories/Storage/sec_saude/fitoterapia/downloads/protocolo_fitoterapia_londrina_2012.pdf. Acesso em: 26 de setembro de 2019.

Sobre o autor

Formada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, tem experiência em rádio e escreve para o Remédio Caseiro desde 2015. Registro Profissional MTB-PE: 6750.