Psyllium: o que é e para que serve

Este conteúdo faz parte da categoria Medicina Alternativa e pode conter informações que carecem de estudos científicos e/ou consenso médico.

O psyllium, farinha derivada de plantas do gênero botânico Plantago, é uma ótima opção para regular o funcionamento do intestino, reduzir o colesterol e a glicose no sangue, além de acelerar a perda de peso. 

Isso acontece porque o farelo, também conhecido como ispagula, é extremamente rico em fibras. Tanto as do tipo insolúvel, quanto solúvel.

Tigela com psyllium
O psyllium, por ser rico em fibras, regula as funções do intestino evitando constipações e doenças inflamatórias (Foto: depositphotos)

O que fez com que ele fosse considerado um alimento funcional e ganhasse fama em todo mundo, podendo ser consumido misturado a sucos ou usado em receitas.

O que é o psyllium?

O psyllium é o nome comercial da farinha preparada a partir da casca retirada das sementes de algumas plantas do gênero Plantago, principalmente a ovata. 

O resultado da moagem das cascas é um composto formado basicamente por fibras solúveis, que se transformam em um gel ao entrar em contato com a água e que traz diversos benefícios para a saúde. (1

Por ser uma substância que retém água, aumenta muitas vezes de volume e não é absorvida pelo organismo, passando inteiramente para o intestino.

No caso do psyllium, existe ainda a vantagem dele não ter sabor ou cheiro, portanto não influencia no sabor dos alimentos. (2)

Emagrece mesmo?

A resposta para essa pergunta é sim. E tudo graças às fibras. Ao se transformar em um gel, que não é digerido ou absorvido, o produto faz com que o estômago permaneça cheio por mais tempo, processo que acaba diminuindo a vontade de comer ao longo do dia, já que o corpo entende que ainda está digerindo os alimentos. 

Outro ponto importante é que, ao aumentar de tamanho, as fibras dão a sensação de que você está mais satisfeito. Desse modo, você acaba comendo menos durante as refeições e consequentemente ingerindo menos calorias. Fator que contribui diretamente para a perda de peso. (3)

A baixa densidade energética dos alimentos ricos em fibras ainda fazem o corpo precisar queimar a gordura acumulada para ter energia. 

Somada a isso, existe a capacidade delas de diminuir a absorção de alimentos pelo intestino delgado. Desse modo, o corpo também acaba absorvendo menos calorias. (4)

Para que serve o psyllium?

Ajuda no controle da glicemia 

O psyllium pode trazer benefícios para quem sofre com diabetes tipo 2. O consumo diário reduz em até 10% as taxas de glicose após as refeições.

O motivo para isso é a diminuição da capacidade do intestino delgado de absorver os alimentos após a ingestão do psyllium. Ou seja, o gel formado pelas fibras solúveis se “prendem” nos alimentos, fazendo com que eles sejam descartados através das fezes e urina. 

A longo prazo, o resultado é um controle dos níveis de glicemia em diabéticos. No entanto, uma dieta rica em fibras pode causar deficiência em diversos nutrientes. Evite exageros! (5)

Reduz o colesterol 

O alimento auxilia na redução do colesterol que fica em circulação no sangue por dois motivos principais. 

O primeiro é a capacidade dele de estimular a produção de bile. Esse é um tipo de ácido esverdeado, que serve como um detergente natural e que metaboliza a gordura ingerida através dos alimentos. 

Em segundo lugar, graças ao gel das fibras, o alimento reduz a quantidade de gordura que é ingerida pelo corpo, fazendo com que ela seja descartada através das fezes.

Desse modo, o corpo absorve menos o colesterol encontrado naturalmente nos alimentos, com parte dele sendo dissolvida. O que acarreta numa redução gradual dos seus níveis no sangue e uma diminuição dos riscos de desenvolver doenças cardiovasculares. (6)

Melhora o funcionamento do intestino 

Sofre de prisão de ventre? Então o psyllium é o suplemento ideal para você. Para entender como essa farinha ajuda no tratamento, é preciso entender o que é o problema da constipação.

Esse problema costuma ser causado pela desidratação do cólon, parte final do intestino grosso, que diminui a mobilidade das fezes e transforma a evacuação em um tormento. (6

O que o psyllium faz é absorver água e “puxar” umidade para região, o que acaba melhorando a mobilidade intestinal e facilitando a passagem das fezes pelo órgão. 

Além disso, as fibras do alimento têm papel fundamental no crescimento da flora intestinal.

Ou seja, elas fermentam e estimulam a proliferação de vários tipos de bactérias benéficas que vivem na região e produzem gases que servem para alargar a passagem intestinal; e enzimas que melhoram a lubrificação do local. (1)

Outro ponto importante do alimento funcional é que esse processo também ajuda com a diarreia, já que a proliferação de bactérias ajuda a manter o funcionamento intestinal saudável e o gel de fibras mantém a consistência do bolo fecal. (6)

Controla a pressão arterial 

Um estudo constatou que a suplementação alimentar com psyllium durante seis meses ajudou a controlar a pressão arterial em pessoas hipertensas.

O consumo do alimento diminuiu a formação de placas de gordura e melhorou a circulação sanguínea. Desse modo, a pressão foi reduzida naturalmente. (7)

Atua na prevenção do câncer de cólon

O câncer de cólon pode ser prevenido com uma alimentação rica em fibras e livre de alimentos processados, além da manutenção do peso ideal. (8

Além de ser efetivo em todos esses quesitos, o psyllium aumenta a proliferação das bactérias benéficas à flora intestinal. Elas liberam alguns tipos de ácidos que reforçam a barreira natural contra a doença, principalmente ao inibirem o processo inflamatório e a formação de células cancerígenas. (1)

Além disso, a ação anti-inflamatória das fibras ameniza os sintomas das chamadas Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), como a doença de Crohn, que podem evoluir para câncer de cólon caso não sejam tratadas corretamente. (6)

O psyllium não contém glúten 

Bolo com psyllium
O psyllium não tem glúten e pode substituir o trigo nas receitas (Foto: depositphotos)

Essa farinha é ideal para celíacos pois não possui glúten. Essa proteína – encontrada em grãos como trigo, cevada e centeio -, quando utilizada em receitas, forma membranas bem finas que prendem as bolhas de ar e fazem a massa crescer. (9)

No entanto, pessoas que sofrem com a doença celíaca (DC) apresentam um tipo de reação alérgica ao consumir alimentos com essa proteína. Estima-se que mais de 300 mil brasileiros sofram com a doença.

Entre os sintomas dela estão: constipação ou diarreia, anorexia, vômitos e dores abdominais após o consumo de alimentos com glúten. Algumas pessoas desenvolvem atrofia de uma região do intestino. (10)

O psyllium pode ser utilizado como substituto do trigo nas receitas de massas, dando uma melhor consistência e estabilidade para as preparações e contribuindo para manter as receitas mais macias e semelhantes às versões tradicionais. (9)

Como consumir?

O psyllium pode ser misturado em água e a indicação é não ingerir mais que duas colheres (de sopa) por dia (Foto: depositphotos)

O psyllium pode ser consumido em cápsulas ou misturado a sucos, água ou vitaminas, sobre frutas ou como substituto do trigo em preparações sem glúten. 

Caso deseje aproveitar a ação emagrecedora dele, o ideal é fazer isso antes das refeições. Desse modo, as fibras “incham” e aumentam a sensação de saciedade.

Quanto consumir?

Consumir cerca de duas colheres (de sopa) do alimento por dia já é o suficiente para perceber os benefícios dele no organismo. (5)

No entanto, para fazer um consumo correto e elevando em consideração as necessidades particulares de cada organismo, a indicação é de buscar a orientação e acompanhamento com um nutricionista.

Onde encontrar?

O psyllium pode ser encontrado facilmente em lojas de suplementos e de produtos naturais.

Referências

(1) WÄRNBERG, Julia et al. Functional benefits of psyllium fiber supplementation. Current Topics in Nutraceutical Research, v.7, n.2, 2009. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/0dd4/1ec6cebe8399a2ff49d5e8494f7b936b02a8.pdf. Acesso em: 2 de agosto de 2019.

(2) TEWARI, Devesh; ANJUN, Nishat; TRIPATHI, Y. C. Phytochemistry and pharmacology of plantago ovata: a natural source of laxative medicine. World Journal of Pharmaceutical Research, v.3, n,9, p.361-372, 2014. Disponível em:  https://www.researchgate.net/publication/267631113_PHYTOCHEMISTRY_AND_PHARMACOLOGY_OF_PLANTAGO_OVATA_A_NATURAL_SOURCE_OF_LAXATIVE_MEDICINE. Acesso em: 2 de agosto de 2019.

(3) BERGMANN, J. F. et al. Correlation between echographic gastric emptying and appetite: influence of psyllium. Gut, v.33, n.8, p.1042-1043, 1992. Disponível em: https://doi.org/10.1136/gut.33.8.1042. Acesso em: 2 de agosto de 2019.

(4) BERNAUD, Fernanda Sarmento Rolla; RODRIGUES, Ticiana C. Fibra alimentar – Ingestão adequada e efeitos sobre a saúde do metabolismo. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v.57, n.6, p. 397-405, 2013. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0004-27302013000600001. Acesso em: 2 de agosto de 2019.

(5) SIERRA, M. et al. Therapeutic effects of psyllium in type 2 diabetic patients. European Journal of Clinical Nutrition, v.56, p.830-842, 2002. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1038=sj.ejcn.1601398. Acesso em: 2 de agosto de 2019.

(6) SINGH, Baljit. Psyllium as therapeutic and drug delivery agent. International Journal of Pharmaceutics, v.334, p.1-14, 2007. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.ijpharm.2007.01.028. Acesso em: 2 de agosto de 2019. 

(7) CICERO, Arrigo F. G. et al. Different Effect of Psyllium and Guar Dietary Supplementation on Blood Pressure Control in Hypertensive Overweight Patients: A Six-Month, Randomized Clinical Trial. Clinical and Experimental Hypertension, v.29, p.383-394, 2007. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1080/10641960701578378. Acesso em: 2 de agosto de 2019.

(8)Câncer de intestino. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-intestino. Acesso em: 2 de agosto de 2019. 

(9) ZANDONADI, Renata Puppin. Psyllium como substituto de glúten. 2006. Disponível em: http://repositorio.unb.br/handle/10482/19297. Acesso em: 2 de agosto de 2019.

(10) ARAÚJO, Halina Mayer Chaves et al. Doença celíaca, hábitos e práticas alimentares e qualidade de vida. Revista de Nutrição, v.23, n.3, p.467-474, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rn/v23n3/14.pdf. Acesso em: 2 de agosto de 2019.

Sobre o autor

Jornalista, possui experiência em rádio, apuração de dados para programa de televisão e produção de conteúdo para a Internet. Registro Profissional MTB-PE: 6770.