Capeba: para que serve o chá e a planta

Este conteúdo faz parte da categoria Medicina Alternativa e pode conter informações que carecem de estudos científicos e/ou consenso médico.

A capeba é uma planta brasileira usada popularmente em tratamentos de prisão de ventre, má-digestão e na cura da cistite, um tipo de infecção urinária, por conta do seu reconhecido potencial como diurético. 

A planta, também chamada de guaxima, lençol-de-santa-Bárbara e pariparoba, pode atingir 2 metros de altura e possui folhas grandes e em formato de rim, que podem ser consumidas refogadas. 

O chá de capeba é um aliado da saúde da mulher, pois combate as cólicas e regula o ciclo menstrual (Foto: Reprodução | Wikimedia Commons)

Contudo, no Brasil é mais comum que elas sejam utilizadas no preparo do chá de capeba, pois assim é possível absorver melhor um óleo essencial formado por diversos compostos orgânicos que é o principal responsável pelos vários benefícios para que ela traz para a saúde. 

Para que serve a capeba?

Regular o trato gastrointestinal 

“A capeba possui propriedades estimulantes estomacais e auxilia na regulação intestinal”, esclareceu o naturopata, Danilo Ramon, sobre um dos principais usos populares da erva medicinal. 

O potencial digestivo do chá feito com as folhas dessa erva é derivado do poder que os seus vários compostos orgânicos têm de estimular a liberação dos líquidos gástricos, que servem para dissolver os alimentos. O resultado é uma digestão mais rápida e um alívio para os desconfortos. 

Já a melhora do processo intestinal acontece porque suas folhas são ricas em umidade e em fibras alimentares. Cada 100 gramas da planta possuem 2,2 gramas de fibras alimentares e 80% delas é composta por água. (1)

Em virtude disso o consumo dela favorece a hidratação do trato intestinal, o que previne o ressecamento das fezes, bem como aumenta os movimentos normais de expulsão que o intestino faz para colocar para fora esses dejetos do organismo. 

Tratar infecções renais 

O chá de capeba serve para tratar as infecções que afetam os rins, como a cistite. Como defende o especialista em fitoterapia, isso ocorre pelo motivo dela possuir a capacidade de aumentar a produção de urina, ou simplesmente diurese. 

Desse modo, o corpo passa a se livrar mais rápido das bactérias que deram início à infecção, promovendo uma melhora da condição. (2)

Outro ponto a ser citado é que no óleo essencial encontrado nas folhas está presente um composto alcaloide com potencial antimicrobiano conhecido como N-benzoilmescalina. 

Essa substância de nome complicado consegue inibir a proliferação de vários tipos de bactérias, e até mesmo alguns fungos, conhecidos como causadores de infecções. Graças a isso, ela ainda dá uma ajuda a mais para o corpo exterminar os microrganismos que não puderam ser eliminados junto com a urina. (3)

Promover o controle da hipertensão 

Danilo atestou que o chá de capeba serve como um controlador natural para a hipertensão, propriedade que é diretamente derivada do potencial diurético da mesma, uma vez que na urina não são apenas expelidas toxinas, mas também sais minerais, principalmente o sódio, que são conhecidos causadores da pressão alta. 

Portanto, o aumento da diurese promove um maior descarte dessas substâncias, o que provoca uma melhora da circulação e, consequentemente, uma redução da pressão do sangue que passa pelas artérias.

IMPORTANTE! Nunca se deve optar pelo tratamento com essa infusão sem aval de um médico ou especialista em fitoterapia, por causa dos riscos que a automedicação, mesmo que de origem natural, pode trazer para a saúde.

Regular e aliviar as dores do ciclo menstrual 

A infusão preparada com as folhas da capeba é considerada um excelente remédio caseiro para as mulheres que sofrem com cólicas e excesso de fluxo durante o período menstrual

E isso acontece devido à presença de compostos conhecidos como fitoesteróis, como o beta-sisterol e o campesterol. Essas são substâncias que têm uma estrutura parecida com o colesterol e atuam na regulação do equilíbrio hormonal do organismo. (2)

Por isso, consumi-los ajuda a regular a menstruação e o volume do fluxo.

Além do mais, a capeba é analgésica, por isso também ajuda a diminuir as dores que são bem comuns nesse período. (4)

Reduzir a febre 

Essa planta medicinal “auxilia na redução de febres internas”, como explicou o especialista. O que ocorre é que essa erva possui propriedades sudoríficas e antipiréticas. 

Ou seja, aumenta a produção de suor, que é um mecanismo importante para a regulação da temperatura corporal, ao mesmo tempo que faz o corpo entender que precisa diminuir a temperatura, em dois processos independentes. 

Proteger o fígado contra danos 

Segundo Danilo, uma outra indicação da erva é para aliviar as cólicas do fígado, dor que pode ser causada por intoxicação, devido ao abuso de álcool, medicamentos ou excesso de gordura, e doenças como câncer e infecções virais. 

Parte disso vem do potencial que a capeba tem de estimular o funcionamento hepático, que faz com que o órgão trabalhe corretamente e consiga evitar que tudo isso fique acumulado no organismo. 

A ainda planta é rica em compostos antioxidantes, que servem para proteger contra a ação dos radicais livres, moléculas instáveis que causam danos às células e deixam o corpo, incluindo o fígado, mais suscetível à ação das doenças e toxinas. (5)

Combater os vermes intestinais 

Por último, o Danilo Ramon informou que o chá de capeba também pode ser usado como vermífugo. Isso significa que a infusão auxilia na eliminação de parasitas intestinais, chamados popularmente de vermes, problema comum em regiões sem acesso a saneamento básico e que causa deficiência nutricional, dor, cansaço e diarreia. (2)

Como usar a capeba?

Como fazer o chá 

O modo mais comum de uso da capeba para fins medicinais é na forma de chá, que deve ser bebido enquanto durar o tratamento. 

O especialista em fitoterapia indica preparar a infusão usando 1 colher (de sobremesa) de folhas da erva para 1 xícara de água fervente. Após colocar na água, tampe e deixe descansando para extrair as propriedades por, pelo menos, 10 minutos. 

Em seguida basta coar. “Esse chá pode ser consumido 3 vezes ao dia, fora das refeições”, instruiu. 

Como usar as folhas na alimentação?

A capeba também pode ser usada na alimentação. Ela possui um sabor forte e meio apimentado. 

Quem deseja experimentar pode utilizá-la como substituta do repolho em receitas que levam esse vegetal cozido, como os charutos recheados, ou refogada, da mesma maneira que é preparada a couve-manteiga. 

A capeba é um alimento ótimo para a alimentação, visto que possui uma alta quantidade de vitamina C, 181 mg por porção de 100 gramas, fibras, proteínas e carboidratos. Ela também é fonte de minerais como cálcio, potássio, magnésio e ferro. (1)

Cuidados e contraindicações da capeba 

Mesmo possuindo todos esses benefícios e sendo um medicamento de origem natural é preciso tomar alguns cuidados com o uso da capeba, é o que alerta o fitoterapeuta. 

O chá feito com as folhas “deve ser evitado por gestantes”, alertou Danilo, pois causa riscos de aborto ou parto prematuro. “Já as lactantes podem fazer uso, desde que com orientação e acompanhamento de um fitoterapeuta”, explicou.

Outro cuidado necessário é sobre a quantidade, que não deve ultrapassar as três xícaras por dia, sob risco de reações que vão de dor de cabeça e tremores, a vômito, diarreia e febre. 

*Texto feito com a colaboração do naturopata especialista em acupuntura, fitoterapia e iridologia, Danilo Ramon, (CRTH – 1224 – BR).

Referências

(1) MENSAH, J.K. et al. Phytochemical, nutritional and medical properties of some leafy vegetables consumed by Edo people of Nigeria. African Journal of Biotechnology, v.7, p.2304-2309, julho de 2008. Disponível em: https://www.ajol.info/index.php/ajb/article/view/58988. Acesso em: 29 de novembro de 2019.

(2) ROERSH, Carles M.F.B. Piper umbellatum L.: A comparative cross-cultural analysis of its medicinal uses and an ethnopharmacological evaluation. Journal of Ethnopharmacology, v.131, p.522-537, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jep.2010.07.045. Acesso em: 29 de novembro de 2019.

(3) GILBERT, Benjamin; FAVORETO, Rita. Piper umbellatum L. = Pothomorphe umbellata (L.) Miq. Revista Fitos, v.5, n.2, p.35-44, junho de 2010. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/15855. Acesso em: 29 de novembro de 2019.

(4) PERAZZO, Fábio F. et al. Anti-inflammatory and analgesic properties of water–ethanolic extract from Pothomorphe umbellata (Piperaceae) aerial parts. Journal of Ethnopharmacology, v.99, p.215-220, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jep.2005.02.023. Acesso em: 29 de novembro de 2019.

(5) ARRUDA, Ana Carolina de Souza Toesca et al. Análise fitoquímica e toxicológica de Pothomorphe umbellata. Brazilian Journal of Natural Sciences, v.2, n.1, fevereiro de 2019. Disponível em: https://doi.org/10.31415/bjns.v2i1.41. Acesso em: 29 de novembro de 2019.

Sobre o autor

Jornalista, possui experiência em rádio, apuração de dados para programa de televisão e produção de conteúdo para a Internet. Registro Profissional MTB-PE: 6770.