A linhaça prende ou solta o intestino?

Nesse artigo você vai descobrir se a linhaça prende ou solta o intestino, bem como para que essa semente serve, quais vantagens agrega ao organismo e quais doenças consegue evitar e/ou tratar. Conheça também os tipos de linhaça que existem e como consumi-la. Acompanhe!

Certamente você já ouviu falar da linhaça, alimento que tem se tornado cada vez mais popular na culinária brasileira. De origem asiática, ela nada mais é do que a semente da planta do linho. Seu consumo é milenar, com início há mais ou menos 5 mil anos antes de Cristo, em regiões como a Babilônia, Mesopotâmia e Egito antigo.

Os benefícios da linhaça foram difundidos pelo mundo todo, e um deles é que ela pode ser uma grande aliada na manutenção do trato intestinal. Mas será que essa semente ajuda a prender ou a soltar o intestino?

A linhaça faz bem ao intestino

Segundo a nutricionista Vanessa Lobato, as fibras da semente de linhaça ajudam a regular o intestino. “A linhaça ajuda quem está constipado a ter um melhor trânsito intestinal. Pela presença das mucilagens, atua como um laxante natural, então, podemos dizer que ela ajuda a soltar o intestino”, explica.

Por ser um laxante natural, a linhaça solta o intestino

A linhaça é a semente do linho e é rica em nutrientes (Foto: depositphotos)

Além disso, Vanessa diz que a linhaça é uma grande fonte de fibras solúveis e insolúveis e, por isso, desempenha um papel muito importante, aumentando o bolo fecal e, assim, prevenindo o câncer de cólon.

“Além de auxiliar no bom funcionamento intestinal e prevenir cânceres no cólon, as fibras se destacam por retardar a absorção de glicose e de colesterol no intestino”, acrescenta.

A linhaça também auxilia na absorção de nutrientes, vitaminas e minerais, além de prevenir distúrbios digestivos, como prisão de ventre, hemorroidas e diverticulose.

Porém, apesar de ser usada em casos de desequilíbrio intestinal, não é recomendado consumi-la em casos de diarreia, devido ao seu efeito laxativo.

Benefícios e propriedades da linhaça

A linhaça é classificada como alimento funcional, ou seja, além do alto teor nutritivo, também é capaz de agir ativamente em benefício da saúde, prevenindo e combatendo doenças.

“A semente de linhaça é uma excelente fonte vegetal de ácidos graxos, como o ômega 3 e o ômega 6, que são gorduras essenciais para o perfeito funcionamento do corpo. Eles auxiliam na redução do colesterol ruim (LDL) e da inflamação e agregação plaquetária, diminuindo, assim, o risco de formação de trombos causadores de aterosclerose (entupimento de veias). Dessa forma, a linhaça é considerada um protetor cardíaco”, informa Vanessa.

A nutricionista destaca também a presença de um composto fitoquímico chamado de lignana. “Segundo estudos, a lignana pode atuar na prevenção do câncer de mama e, por apresentar uma estrutura química similar ao estrógeno, também pode ajudar a prevenir os sintomas da menopausa”, revela.

Outros estudos mostram ainda que o consumo regular da linhaça é capaz de amenizar os sintomas da TPM, controlar o nível de açúcares no sangue e fortalecer o sistema imunológico. Ela também aumenta a sensação de saciedade e possui um forte efeito desintoxicante, auxiliando o organismo a se livrar de toxinas e excessos, incluindo a gordura corporal.

Tipos de linhaça

Existem dois tipos de linhaça: a marrom e a dourada. Vanessa explica que, num passado próximo, a principal diferença entre elas estava no tipo de cultivo, onde a dourada era cultivada de modo mais orgânico se comparada com a marrom.

Porém, a nutricionista diz que, nos últimos anos, com o aumento da procura da semente, isso começou a mudar e a diferença entre elas se tornou muito pequena.

O ideal é consumir a linhaça de forma triturada, de preferência crua e integral

A linhaça pode ser dourada, marrom, triturada e em forma de pó (Foto: depositphotos)

“Ambas contém lignanas, fibras e os ômegas, porém a dourada ganha por ter uma concentração um pouco melhor de ômegas. Mas, o ideal mesmo é comprar as sementes com certificações de pureza”, orienta a especialista.

Outro detalhe que devemos ficar atentos é em relação às diferentes formas que a linhaça é vendida: a semente inteira, a semente triturada, a farinha de linhaça e o óleo.

“A semente inteira tem todos os ativos. A triturada mantém os ativos se ficar protegida de luz, por isso é importante armazenar na geladeira ou em frascos escuros. A indústria adiciona antioxidantes para prevenir esse problema, mas também tem que ter uma boa certificação para confiar. Separando a casca do óleo, é produzida a farinha de linhaça, que contém somente as fibras; já o óleo contém apenas os ômegas e as lignanas”, ensina Vanessa.

Como consumir linhaça?

Vanessa afirma que como as sementes de linhaça são muito pequenas e a casca é bastante resistente e de difícil mastigação, o ideal é consumi-la de forma triturada, de preferência crua e integral. A quantidade recomendada é de 10g por dia.

Porém, para ter todos os benefícios, a dica é comprar as sementes e triturá-las apenas na hora em que for consumir. Não é recomendado comprar a semente já triturada, porque, além de ser muito mais cara, ainda pode oxidar e formar fungos. “Para facilitar, pode-se triturar pequenas quantidades e armazenar na geladeira por cerca de 3 dias”, orienta a profissional.

Vanessa recomenda também deixar a semente de molho antes de consumir. “Mais interessante ainda é deixá-la de molho em água potável por, no mínimo, 4 horas (o ideal é 8 horas) antes de seu consumo. A este processo dá-se o nome de pré-germinação da semente”.

Como incorporar na dieta

A linhaça é muito fácil de ser incorporada na dieta diária. “Ela pode ser consumida com frutas, cereais, ou misturando a água do molho (que liberará mucilagem e fibras) com algum suco. Usar sobre saladas de frutas também é uma ótima opção”, sugere a nutricionista.

Também pode ser colocada em saladas verdes, ensopados, smoothies, sopas e até mesmo em receitas assadas, massas de bolos, pães e tapioca. Outra opção é consumi-la no café da manhã, juntamente com um iogurte. Na forma de óleo, também pode ser colocada em saladas; só não pode esquentar, pois perde as propriedades.

Para os vegetarianos que não consomem fontes de ômega 3 animal, Vanessa dá uma dica especial: “indicamos o consumo diário de cerca de 10 a 20g do óleo por dia, podendo fazer um mix de 5% azeite e 50% de óleo de linhaça. Já para quem precisa de fibras, pode ser adicionado uma colher (de sopa) da farinha de linhaça no almoço e/ou jantar”.

Cuidados e contraindicações

Embora a linhaça seja um alimento funcional, é importante consumir com moderação, pois a ingestão em excesso pode ser prejudicial. Vanessa reforça que, para adultos, o consumo máximo é de 2 colheres (de sopa) por dia, enquanto que para crianças de até 12 anos, o ideal é apenas 1 colher (de sobremesa) por dia.

De acordo com a nutricionista, sementes possuem energia concentrada e esse é um dos motivos pelo qual não devemos abusar de seu consumo. Além disso, ela acrescenta: “o excesso no consumo das sementes de linhaça também causará consumo excessivo de ácido fítico. Caso precise de um consumo maior, é recomendável colocar a semente hidratada numa peneira e realizar uma rápida lavagem para extrair parte deste ácido fítico”, alerta a profissional.

Além disso, por ter alto teor de fibras, a linhaça também pode causar desconforto gastrointestinal. Portanto, é necessário sempre consultar um médico e um nutricionista antes de iniciar qualquer dieta, principalmente pessoas que sofrem com doenças intestinais.

*Artigo feito com a colaboração da nutricionista Vanessa Alves Lobato (CRN3 19988), Nutricionista Clínica – Esportiva com Pós Graduação em Fisiologia do Exercício.

Sobre o autor

Jornalista, possui especialização em Jornalismo Cultural e também atua na área de marketing de conteúdo e produção audiovisual. Registro Profissional MTB-RJ: 36167.