Espinheira santa: para que serve e benefícios do chá

Este conteúdo faz parte da categoria Medicina Alternativa e pode conter informações que carecem de estudos científicos e/ou consenso médico.

As folhas de espinheira santa são utilizadas no tratamento de gastrite, úlceras e azia. Além do estômago, o intestino também é beneficiado com as propriedades dessa planta.

De acordo com o fitoterapeuta Danilo Ramon, a erva possui flavonoides, óleo essencial, cafeína, ferro, enxofre etc. Todos esses nutrientes e compostos podem ser encontrados tanto no chá como nas cápsulas feitas com Maytenus ilicifolia, nome científico do vegetal.

Outro benefício da espinheira santa indicado pelo especialista é o poder emagrecedor. Isso porque, a erva age combatendo a retenção de líquidos e a obesidade.

Folha de espinheira santa
A espinheira santa é eficaz contra problemas no estômago, como azia, gastrite e úlceras (Foto: Reprodução | Wikimedia Commons)

Mas claro, mesmo sendo um produto natural, a planta deve ser utilizada com acompanhamento de um profissional de saúde. “A quantidade correta quem vai determinar é o fitoterapeuta. Ele que irá determinar se o caso é de tratamento ou de prevenção/manutenção”, explica Ramon.

Espinheira santa serve para que?

O chá e as cápsulas dessa planta são analgésicos, cicatrizantes, depurativos e antioxidantes. Sendo assim, podem tratar doenças que afetam o sistema gastrointestinal, o sangue e até mesmo as células do organismo. Entenda melhor cada função!

Trata problemas gastrointestinais

“Ela é muito útil para problemas gastrointestinais como úlceras, gastrites e prisão de ventre. Isso porque possui grande poder cicatrizante e analgésico, acelera a cicatrização de úlceras do estômago e do duodeno, alivia dor e também diminui o congestionamento intestinal”, explica o fitoterapeuta.

Além disso, espinheira é digestiva e antidispéptica, por isso combate a sensação de desconforto digestivo, mais conhecido como indigestão.

Também protege a mucosa gástrica contra substâncias nocivas, a exemplo dos ácidos. Na prática, a planta diminui a acidez do estômago, aumentando o pH dessa região. Consequentemente, evita a queimação, náuseas, dores abdominais e má digestão.

A prevenção de espasmos no estômago e no intestino é mais um benefício ao trato gastrointestinal. Isso sem falar nos efeitos carminativo e colagogo, pois enquanto o primeiro elimina os gases, o segundo aumenta a secreção biliar, melhorando a digestão. (1,2)

Limpa o sangue

Outra propriedade da erva destacada por Danilo Ramon é a ação depurativa. Em outras palavras, ela consegue limpar as intoxicações acumuladas no sangue e no organismo, combate o ácido úrico e estimula o bom funcionamento dos rins.

Emagrece

De acordo com o fitoterapeuta, esse benefício é resultante do anterior. “Como ela limpa o sangue, o rim também é beneficiado e isso elimina a retenção de líquido que é causado por insuficiência renal, devido ao sangue sujo”, revela.

Com o organismo limpo e sem o acúmulo de líquidos, o corpo passa a normalizar o peso e a diminuir o inchaço proveniente da retenção.

Além disso, a ação digestiva também contribui com o efeito emagrecedor, principalmente em pessoas obesas que sofrem com a prisão de ventre. Com o intestino trabalhando corretamente, mais substâncias que não deveriam estar acumuladas são eliminadas do organismo.

Mas, claro, para emagrecer com saúde é importante estar atento à alimentação, dando preferência aos alimentos frescos e descartando os industrializados. Tudo isso associado a um bom plano de exercícios físicos, como caminhada, corrida ou academia.

Protege a pele

Duas propriedades explicam bem esse efeito benéfico: a ação adstringente e a antisséptica. Ambas limpam a pele, por essa razão a planta acaba sendo boa para afecções como acnes e espinhas.

No entanto, o poder adstringente, ao eliminar as impurezas, também controla a oleosidade. Esse acaba sendo um bônus positivo para quem deseja cuidar dos poros.

A planta ainda é uma aliada no tratamento de ferimentos externos, pois além de limpar as feridas, também age impedindo o desenvolvimento de inflamações e dores. (2)

Auxilia no tratamento do câncer

O que se sabe sobre a espinheira santa na luta contra o câncer é seu efeito antitumoral. Isso significa dizer que ela age no combate ao desenvolvimento de tumores. (2)

No entanto, alguns estudos mais específicos já relataram uma ação antileucêmica, sendo usada topicamente sobre os tumores de pele. (3)

Como fazer o chá de espinheira?

Para o chá, a erva deve ser colocada na água somente após o líquido ser fervido (Foto: depositphotos)

Segundo as recomendações do naturopata, o chá da planta deve ser feito usando os métodos de infusão, uma vez que ferver a erva juntamente com a água pode resultar na perda de propriedades.

Portanto, pode-se colocar a água para ferver. Assim que iniciar a ebulição, desliga o fogo e despeja o conteúdo em uma xícara. Acrescenta-se uma colher (de sopa rasa) da planta em pó. Depois é só tampar o recipiente e aguardar a bebida amornar. É interessante beber sem adicionar açúcar.

“Pode-se usar também 3 gramas das folhas em 150 ml de água, para ser mais exato”, ensina Danilo Ramon.

A planta para fazer essa infusão pode ser encontrada em lojas de produtos naturais ou feiras livres.

Como tomar?

A recomendação do especialista com relação ao chá é de uma xícara por até três vezes por dia. “Dependendo do caso, usa-se antes das refeições no caso de úlceras e gastrites”, aconselha.

Pode tomar chá de espinheira santa todos os dias?

Danilo Ramon explica que não há problema em utilizar a infusão todos os dias, assim como também não existe um tempo limite para o uso desse remédio natural.

Como não é um chá tóxico para adultos, pode ser ingerido todos os dias sem risco de intoxicação. Inclusive, por se tratar de uma planta tônica e estimulante, sua bebida pode ser utilizada como um preventivo.

Uso externo

“Para uso externo pode aplicar sobre o local afetado no caso de espinhas, acnes ou feridas”, explica.

Cápsulas da planta

Essa versão é ideal para quem não tem costume de tomar chá ou para quem não dispõe de tempo para fazer a infusão. Além de mais prático, o comprimido facilita o controle da dosagem.

Para o naturopata Danilo Ramon, uma cápsula é o recomendado para auxiliar na prevenção das doenças ou na manutenção da saúde. Já se o foco for um tratamento específico, o indicado são duas cápsulas três vezes ao dia.

Elas podem ser adquiridas em lojas de produtos naturais online ou físicas. Também podem ser elaboradas em farmácias de manipulação.

Quanto tempo leva para fazer efeito?

Segundo o profissional de fitoterapia, não existe um prazo definido para que o remédio comece a fazer efeito no organismo, uma vez que essa resposta depende de diversos fatores.

“Se uma pessoa tem prisão de ventre, o tratamento irá demorar mais. Se a pessoa está fazendo apenas uma manutenção para evitar um problema, basta alguns dias ou poucas horas e a pessoa já terá um efeito rápido”, esclarece.

Contudo, Ramon alerta para os casos em que o remédio não esteja fazendo efeito no organismo. Por exemplo, o paciente já vem usando o comprimido a alguns dias e mesmo assim não está percebendo os efeitos desejados.

Nessas situações, ele deve buscar a orientação de um fitoterapeuta, pois é comum que a dosagem esteja incorreta. Mas um especialista saberá como recomendar a quantidade apropriada.

Efeitos colaterais e contraindicação

A planta não possui toxidade para pacientes adultos, mas pode prejudicar mulheres que estejam amamentando. “Tem algumas funções que reduzem a secreção láctea, ou seja, mulheres que amamentam devem evitar o uso da espinheira santa, pois pode reduzir o leite materno“, adverte.

Portanto, nem o chá, nem as cápsulas devem ser utilizadas durante a amamentação. Além disso, grávidas e crianças menores de 6 anos também devem evitar.

Essa espécie é considerada um fitoterápico e consta no Programa de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do Ministério da Saúde para o SUS. A erva também está na Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS) e em outros órgãos de saúde envolvendo fitoterapia. (3)

O que é falsa espinheira santa?

Sorocea bonplandii é o nome científico da planta conhecida como falsa-espinheira-santa. Geralmente, ela é confundida com a verdadeira, pois elas possem características semelhantes.

Danilo Ramon explica que ambas possuem as margens das folhas com espinhos, mas a grande diferença é que a Maytenus ilicifolia tem folhas menores.

Outro detalhe é que enquanto a verdadeira é um arbusto de grande valor medicinal, pois trata azia, gastrite e úlceras, a falsa é apenas uma árvore que tem sua madeira muito aproveitada para outros fins, como nas construções.

“É importante usar o nome científico para obter as ervas de forma correta, já que o nome popular pode variar por região. Outro cuidado importante é escolher bem o fornecedor, pois pode ser vendida a falsa no lugar da verdadeira, como pode acontecer em vendas ambulantes”, finaliza o fitoterapeuta.

*Artigo feito com a colaboração do naturopata especialista em acupuntura, fitoterapia e iridologia, Danilo Ramon (CRTH – 1224 – BR).

Referências

(1) Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “Formulário de Fitoterápicos da Farmacopéia Brasileira“. Brasília, 2011. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/259456/Formulario_de_Fitoterapicos_da_Farmacopeia_Brasileira.pdf/c76283eb-29f6-4b15-8755-2073e5b4c5bf. Acesso em: 05 de fevereiro de 2020.

(2) MACHADO, Clarice Azevedo; VARGAS, José Fernando da Rosa. “Plantas medicinais do Jardim Botânico de Porto Alegre“. Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul, 2018. Disponível em: https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/carga20190154/17115411-e-book-plantas-medicinais.pdf. Acesso em 05 de fevereiro de 2020.

(3) Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro; Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil. “Manual terapêutico de fitoterápicos“. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3424596/4135676/MANUALTERAPEUTICOFITOTERAPICO.pdf. Acesso em 05 de fevereiro de 2020.

Sobre o autor

Formada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, tem experiência em rádio e escreve para o Remédio Caseiro desde 2015. Registro Profissional MTB-PE: 6750.