Planta vinagreira: para que serve e receitas

Este conteúdo faz parte da categoria Medicina Alternativa e pode conter informações que carecem de estudos científicos e/ou consenso médico.

Planta característica da flora do estado do Maranhão, a vinagreira é cultivada devido ao interesse em suas folhas, cálices e sementes com objetivos culinários e medicinais.

Também chamada de azedinha, essa erva é rica em benefícios pra o organismo. Estudo realizado na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) (1), revelou que a planta e seus extratos são eficazes como medicamento contra distúrbios de hipertensão, como diurético, para tratamento de desordem gastrointestinal e infecções hepáticas.

Seu parentesco com uma planta muito conhecida no mundo da saúde, o hibisco, muitas vezes confunde quem a utiliza. Ambas vêm da mesma planta, cientificamente conhecida por Hibiscus Sabdariffa. A diferença é que o hibisco corresponde às sépalas que envolvem o fruto, já a vinagreira representa as folhas.

Agora que você se situou sobre qual planta estamos falando, vamos conhecer melhor seus benefícios e, de quebra, aprender a preparar um prato típico do Norte do país, o famoso arroz de cuxá.

Conheça os benefícios da vinagreira

Na medicina tradicional, as folhas da Hibiscus Sabdariffa são utilizadas para equilibrar a pressão arterial, tratar distúrbios no fígado e sanar doenças do sistema digestivo como: gastrite, úlcera e constipação intestinal.

Ainda segundo a Fiocruz (1), as folhas e os cálices são normalmente as partes mais usadas, sendo esse último caracterizado por apresentar coloração encarnada e sabor ácido, o que atrai a atenção das indústrias farmacêuticas.

Resolve problemas digestivos

A vinagreira é largamente utilizada para tratar desordens gastrointestinais (1). Inflamações dos órgãos do sistema digestivo, como: gastroenterite, colite, esofagite e colecistite podem ser resolvidos com o consumo do chá da planta. Assim como má digestão e prisão de ventre.

A ingestão do extrato da planta atua como tônico digestivo, aumentando o apetite, equilibrando sucos gástricos e facilitando a digestão de proteínas, gorduras e carboidratos.

Seu consumo antes das refeições age como estimulante do apetite e, após, serve para evitar a digestão pesada e a flatulência. Uma pesquisa realizada em 2016, pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ (2), apontou que a vinagreira exerce esse efeito no organismo devido a presença de alguns ácidos, como o tartárico, málico, oxálico e succínico.

É laxante

Ainda de acordo com a pesquisa da UFRRJ (2), a espécie está entre as 100 plantas de maior interesse pelas indústrias farmacêuticas por apresentar ação eficiente quando o assunto é regular o trânsito intestinal.

Mas como a vinagreira consegue esse resultado? Ao contrário de muitos laxantes sintéticos que irritam a mucosa intestinal, forçando o corpo a agir, essa planta extrai a água das paredes do intestino para o centro do órgão. Essa ação faz com que o bolo fecal fique mais hidratado e pastoso, favorecendo sua eliminação.

Previne o câncer

Segundo a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), nosso corpo é formado por células com funções diferentes e que trabalham de forma organizada. Em um organismo saudável, essas partículas se desenvolvem, se fragmentam, morrem e são substituídas, em um processo natural chamado divisão celular.

Os radicais livres modificam o DNA dessas células que passam a se duplicar desordenadamente, dando início a uma série de problemas. Essa multiplicação descontrolada acarreta em um agrupamento de células, que dá origem a uma massa, conhecida como tumor.

Um estudo realizado pela Universidade Federal da Grande Dourados, no Mato Grosso do Sul (3), relatou a atividade antioxidante do extrato da vinagreira sobre os radicais livres, moléculas instáveis que danificam células sadias do nosso corpo.

A pesquisa apontou a antocianina como responsável por mais de 50% da capacidade antioxidante da planta. Essa capacidade de defesa do corpo consegue bloquear ou retardar a ação dos radicais livres, que são os precursores de algumas doenças, a principal delas: o câncer.

Combate a hipertensão

É também graças às antocianinas presentes na planta que o equilíbrio da pressão arterial é alcançado. Quem sofre de pressão alta deve consumir alimentos ricos nesse tipo de antioxidante, pois ele proporciona efeito vasodilatador e angioprotetor, protegendo vasos sanguíneos e linfáticos.

Mas de que forma isso acontece?

As antocianinas aumentam a circulação da lipoproteína de alta-densidade (HDL), conhecida como “colesterol bom”. Esse aumento na circulação favorece a diminuição do LDL, ou “colesterol ruim”, o que possibilita a remoção de radicais livres que podem levar a oxidação das gorduras na corrente sanguínea. É essa oxidação que oferece resistência à passagem do sangue pelas artérias.

Diante dessa situação, a pressão arterial, responsável por “empurrar” o sangue bombeado pelo coração para os demais órgãos, precisa de mais força e por isso fica mais alta. Esta força pode acarretar em lesões nas paredes das artérias, resultando em derrame, por exemplo.

Melhora as funções do fígado

Gordura no fígado, hepatite e cirrose são enfermidades que podem ser atenuadas, ou mesmo sanadas, com o consumo dos extratos da vinagreira. O meio científico também destaca a atuação dessa planta no tratamento das infecções hepáticas.

De acordo com o Conselho Federal de Farmácia (4), essa espécie é utilizada, sobretudo, por sua propriedade anti-inflamatória, capaz de combater agentes causadores das disfunções do órgão. Os antioxidantes da vinagreira impedem que agentes nocivos degradem o fígado, evitando que inflamações sejam desencadeadas ou que se desenvolvam.

Flor e folhas de vinagreira

As folhas dessa planta são usadas para melhorar a digestão e como laxante (Foto: depositphotos)

Como consumir a vinagreira

A vinagreira é uma planta que pode ser aproveitada por completo. Suas folhas podem ser usadas em saladas ou para se fazer um excelente chá medicinal, enquanto seus cálices e sementes são utilizados na culinária.

Os cálices secos ou frescos servem para a produção de doces, sucos e geleias, dando uma coloração vermelha bastante atraente. Das sementes, há a possibilidade de se extrair o óleo, além de quando maduras, serem torradas ou moídas e usadas como ingrediente na fabricação de pães (5).

A planta também é o ingrediente básico do arroz de cuxá, prato típico do estado do Maranhão, que você vai aprender a fazer aqui.

Chá de vinagreira

Ingredientes

  • 1 colheres (de sopa) de folhas picadas da planta
  • 250 ml de água.

Modo de preparo

Ferva a água e, em seguida, acrescente as folhas da vinagreira. Deixe descansar por 10 minutos, coe e consuma. A indicação é tomar até 3 xícaras dessa infusão por dia.

Arroz de cuxá

Ingredientes

  • ½ kg de arroz cozido
  • 400 g de camarão sem casca cozido
  • 2 maços de vinagreira cozida sem o talo
  • ½ colher (de sopa) de salsa picada
  • ½ cebola
  • ½ pimentão picado
  • ½ tomate sem pele picado
  • ½ xícara de azeite de oliva
  • Sal a gosto.

Modo de preparo

Em uma panela, refogue a cebola no azeite. Em seguida, acrescente o pimentão, o tomate, a salsa, a vinagreira, o camarão e o sal. Cozinhe por 10 minutos. Adicione um pouquinho de água. Misture com o arroz já cozido e está pronto. Essa receita pode acompanhar salada de sua preferência, e peixe frito.

Contraindicações e Cuidados

Não há relatos de contraindicações na literatura consultada. No entanto, o consumo em excesso pode acarretar em diarreia e vômito. Portanto, todo e qualquer tratamento, seja ele natural ou não, deve ser supervisionado por um médico.

Grávidas e lactantes não devem fazer uso sem orientação médica. Por ser diurético, esse chá aumenta a produção e escoamento da urina, podendo interferir no efeito de remédios. Não foram encontrados relatos de efeitos colaterais.

Características dessa planta

Popularmente essa erva recebe várias denominações, como: azedinha, azeda-da-guiné, caruru-azedo, caruruda-guiné, cha-da-jamaica, pampolha, pampulha, papoula, papoula-de-duas-cores, quiabeiro-azedo, quiabo-azedo, quiabo-de-angola, quiabo-róseo, quiabo-roxo e rosélia.

Essa planta arbustiva pode chegar a atingir até 3 metros de altura e é originária da Índia, do Sudão e da Malásia. Posteriormente foi difundida em regiões de clima tropical e subtropical, como a África, Sudeste da Ásia e América central.

Curiosidade: Por ocupar lugar de destaque na culinária do Maranhão, em 2000, a vinagreira entrou no rol dos Bens Imateriais do Patrimônio Cultural Brasileiro.

Tipos

No Brasil existem dois tipos dessa planta: a roxa e a verde. A roxa, na verdade, apresenta folhagens avermelhadas, já a verde possui folhas verdes com nervuras vermelhas. Ambas possuem folhas e cálices comestíveis. (2)

Referências

(1) SOBOTA, Jociane de Fátima; PINHO, Marcela G.; OLIVEIRA, Vinícius B. Perfil físico-químico e atividade antioxidante do cálice da espécie Hibiscus sabdariffa L. a partir do extrato aquoso e alcoólico obtidos por infusão e decocto, Fiocruz, 2016. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/19243/2/5.pdf . Acesso em: 17 de setembro de 2019.

(2) REZENDE, Ana Lígia Panain de Souza. Caracterização e estudo da vida útil de vinagreira cultivada em Seropédica-RJ, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: https://tede.ufrrj.br/jspui/bitstream/jspui/1991/2/2016%20-%20Ana%20L%C3%ADgia%20Panain%20de%20Souza%20Rezende.pdf . Acesso em: 19 de setembro de 2019.

(3) RAMOS, Diovany Doffinger et al. Atividade antioxidante de Hibiscus sabdariffa L. em função do espaçamento entre plantas e da adubação orgânica, Universidade Federal da Grande Dourados – MS, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cr/v41n8/a7311cr3113.pdf . Acesso em: 17 de setembro de 2019.

(4) RIBEIRO, Andressa Ândria Martins et al. Hibiscus sabdariffa L.: stabilidade da atividade antioxidante e constituintes químicos após preparo do chá, Conselho Federal de Farmácia, 2018. Disponível em: http://revistas.cff.org.br/?journal=infarma&page=article&op=view&path%5B%5D=2292 . Acesso em: 17 de setembro de 2019.

(5) Embrapa. Hortaliças não convencionais, Hortaliças tradicionais. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2017.

Sobre o autor

Jornalista, possui especialização em marketing e acumula experiência de mais de 10 anos no ramo da comunicação. Registro Profissional DRT-PE: 4909.