Buchinha do norte: estudos comprovam para que serve

Este conteúdo faz parte da categoria Medicina Alternativa e pode conter informações que carecem de estudos científicos e/ou consenso médico.

A inalação dos vapores do chá da planta medicinal conhecida como buchinha do norte é um método de tratamento natural para problemas respiratórios, como sinusite e constipação nasal.

O chá dessa erva medicinal, conhecida no meio científico como Luffa operculata e na medicina popular pelos nomes de cabacinha, capa-de-bode ou buchinha, nunca deve ser consumido ou utilizado por grávidas, já que possui propriedades abortivas.

A buchinha do norte alivia os sintomas da sinusite, evitando a inflamação e reduzindo o muco (Foto: Reprodução | Wikimedia Commons)

Conheça melhor sobre esse remédio caseiro pouco conhecido, seus efeitos e como usá-lo. Confira a seguir! 

Buchinha do norte: para que serve?

Tratar a sinusite 

A buchinha do norte realmente possui propriedades que são eficazes para o tratamento da sinusite, uma inflamação em cavidades localizadas no rosto, sendo esse o principal uso para ela.

O efeito dela sobre essa inflamação é derivado de uma substância chamada isocucurbitacina B, um composto amargo que possui propriedades descongestionantes e anti-bacterianas, concentrada nas sementes. 

Além da diminuição dos sintomas, o extrato da planta diminui a proliferação de bactérias causadoras de infecções respiratórias. (1) E ainda impede que elas se multipliquem. (2

A buchinha do norte ainda possui compostos que evitam a inflamação do tecido, motivo pelo qual as crises de sinusite são tão doloridas e possuem um mau cheiro característico. (3)

Para aliviar a congestão nasal

A buchinha também serve para aliviar o nariz entupido pelo acúmulo de muco, sintoma de vários problemas respiratórios.

O efeito descongestionante se deve às propriedades que a planta tem de irritar as mucosas. (4

As cucurbitacinas, presentes na planta, estimulam a produção de histamina, substância produzida pelo corpo e que dilata os vasos sanguíneos da mucosa do nariz, estimulando o movimento dos pequenos cílios da região.

O resultado é que esse muco fica mais fluído e é expelido mais rápido. Promovendo assim o desentupimento das vias aéreas. (5)

Como utilizar?

A partir da infusão da buchinha do norte, é possível fazer a inalação do vapor (Foto: Reprodução | Wikimedia Commons)

A buchinha deve ser utilizada apenas para inalações ou pingando o extrato nas narinas, de maneira parecida com um anticongestionante comum. 

No primeiro modo de uso você deve fazer um chá utilizando ¼ de uma buchinha e 1 litro de água, deixar ferver bem e começar a inalar os vapores que saem dele. Esse vapor consegue penetrar nos seios (cavidades) da face e promove o alívio dos sintomas da sinusite.

O segundo, e mais comum, método de uso da buchinha do norte é preparando um extrato, que deve ser pingado diretamente nas narinas, como tratamento para a congestão nasal e também para a sinusite.

Para isso você precisar pegar uma buchinha e dividir em quatro partes iguais. Coloque um desses pedaços em 1 litro de água mineral e deixe descansando durante um dia inteiro. 

No dia seguinte basta usar um conta-gotas para pingar duas gotinhas do líquido em cada narina, tomando sempre o cuidado para nunca utilizá-lo em excesso.

Cuidados e contraindicações

Mesmo com esses estudos apontando a eficácia da buchinha do norte no tratamento da sinusite e congestão nasal, a planta não deve ser utilizada sem orientação médica e nunca em grandes quantidades. 

Apenas 1 grama do extrato da buchinha pode causar a morte de uma pessoa adulta devido a grande concentração de isocucurbitacinas. (6)

Entre os sintomas de intoxicação pelo excesso dessa substância, estão: diarreia, redução da capacidade motora, arrepios, fortes dores pelo corpo, taquicardia, dificuldade para respirar e aumento repentino da pressão arterial. (7)

Além disso, o uso sem cuidados pode causar inchaços, irritações e alterações na mucosa nasal. (8)

Por fim, a erva também é abortiva. O que causa esse efeito ainda não é totalmente conhecido, mas está presente até em pequenas doses. 

Por isso, mesmo que seja um medicamento de origem natural, o uso da buchinha sem a orientação prévia de um profissional de saúde especializado deve ser evitado.

Referências 

(1) SILVA, Leonardo et al. Preclinical evaluation of Luffa operculata Cogn. and its main active principle in the treatment of bacterial rhinosinusitis. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v.84, n.1, p.82-88, 2018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2016.11.004. Acesso em: 19 de agosto.

(2) SCALIA, Rodolfo Alexandre et al. Atividade antimicrobiana in vitro da Luffa operculata. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 81, n.4, 2015. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2014.07.015. Acesso em: 19 de agosto de 2019. 

(3) MIRÓ, M. Cucurbitacins and their Pharmacological Effects. Phytotherapy Research, v.9, p.159-168, 1995. Disponível em: https://doi.org/10.1002/ptr.2650090302. Acesso em: 19 de agosto de 2019.

(4) MENON-MIYAKI, Mônica Aidar et al. Inquérito, sobre uso de plantas medicinais para tratamento de afecções otorrinolaringológicas entre pacientes de um hospital pública terciário. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v.70, v.2, p.43-45, 2004. Disponível em: http://oldfiles.bjorl.org/suplementos/detalhes_debates.asp?id=52. Acesso em: 19 de agosto de 2019.

(5) BALDISSERA, Matheus Dellaméa et al. Efeito genotóxico in vitro do extrato aquoso de luffa operculata sobre células mononucleares de sangue periférico. Disciplinarum Scientia. Série: Ciências da Saúde, Santa Maria, v. 15, n. 1, p. 1-10, 2014. Disponível em: https://periodicos.ufn.edu.br/index.php/disciplinarumS/article/view/1059. Acesso em: 19 de agosto de 2019.

(6) SUYENAGA, Edna Sayuri et al. O risco do uso de plantas medicinais indicadas por erveiros no tratamento da sinusite em Porto Alegre. Estudos, v. 34, n.11/12, p. 833-842, 2007. Disponível em: http://seer.pucgoias.edu.br/index.php/estudos/article/view/243. Acesso em: 19 de agosto de 2019.

(7) CHAMPNEY, Ronald; FERGUSON, Noel M.; FERGUNSON, Gary G. Selected pharmacological studies of Luffa operculata. Journal of Pharmaceutical Sciences, v.63, n.6, p.942-943, 1975. Disponível em: https://doi.org/10.1002/jps.2600630631. Acesso em: 19 de agosto de 2019.

(8) MENON-MIYAKI, Mônica Aidar et al. Efeitos da Luffa operculata sobre o epitélio do palato de rã: aspectos histológicos. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v.71, n.2, 2005. Disponível em:  http://dx.doi.org/10.1590/S0034-72992005000200003. Acesso em: 19 de agosto de 2019.

Sobre o autor

Jornalista, possui experiência em rádio, apuração de dados para programa de televisão e produção de conteúdo para a Internet. Registro Profissional MTB-PE: 6770.