Erva de bicho: para que serve e como fazer o banho de assento

Este conteúdo faz parte da categoria Medicina Alternativa e pode conter informações que carecem de estudos científicos e/ou consenso médico.

Erva de bicho é um nome comum para algumas plantas da família Polygonum e que possuem diversos usos medicinais. 

Um dos mais comuns é no preparo de um banho de assento indicado como tratamento natural, e bastante eficaz, para as hemorroidas, por ser um potente cicatrizante e anti-inflamatório natural.

A planta também ajuda a reduzir a aparência das varizes e aliviar as cólicas menstruais. 

A erva de bicho possui ativos que conseguem combater hemorroidas e doenças urinárias (Foto: Reprodução | Wikimedia Commons)

Essa poderosa plantinha também é conhecida por pimenta-d’água ou pimenta-do-brejo. Quer saber mais sobre ela? Então acompanhe o artigo a seguir!

Para que serve e benefícios da erva de bicho 

Tratar hemorroidas 

Um dos principais usos da erva de bicho é no tratamento das hemorroidas, doença que ocorre quando as veias que ficam no interior ou na borda do ânus inflamam e incham, causando desconforto ao evacuar, fortes dores e até hemorragias em casos mais graves. 

A ação curativa ocorre pois a erva é anti-inflamatória. Ela inibe a liberação das prostaglandinas no sangue, substâncias responsáveis por provocar a dilatação das veias. Dilatação esta que aumenta o fluxo de sangue na região.

A inflamação é um processo natural, mas quando sai do controle, como é o caso das hemorroidas, provoca danos e precisa ser interrompida. (1

Estacionar e reduzir o processo inflamatório já é meio caminho andado para diminuir as veias dilatadas das hemorroidas.

Outro modo de ação da erva é mantendo o sangue circulando dentro dos vasos, o chamado efeito hemostático, que alivia o problema dos inchaços e ainda previne hemorragias e outras complicações. (2)

A erva ainda comprime as veias, o que também contribui para evitar o inchaço que causa a hemorroida. (3)

Além do mais, devido a presença de substâncias amargas conhecidas como taninos, o extrato da planta forma uma camada protetora ao redor do ânus. Com isso, evita a complicação das lesões e estimula a cicatrização. (4)

Aliviar cólicas menstruais

O chá da erva de bicho reduz os efeitos de hormônios que produzem contrações no útero, como é o caso da ocitocina. O resultado é a diminuição dos espasmos, que são os causadores das cólicas menstruais. (5)

Combater infecções urinárias e genitais 

O banho de assento com erva de bicho alivia os sintomas de infecções genitais e o consumo do chá é eficaz no tratamento das infecções na região. 

Isso porque a erva demonstrou ter propriedades antibacterianas e antifúngicas, principalmente contra o fungo causador da candidíase em mulheres. (1

A planta ainda promove o aumento da produção de urina, o que colabora com a expulsão das bactérias causadoras da doença. (5

Melhorar a diarreia 

Por ser rica em taninos, a infusão da erva consegue diminuir os movimentos do trato gastrointestinal que expulsam as fezes e causam as dores e inibe a liberação de um tipo de muco que deixa o “cocô” com a consistência líquida.

Também aumenta a absorção de água pela mucosa intestinal, o que ajuda a retirar um pouco do excesso de água da região, favorecendo que as fezes permaneçam na consistência ideal e reduzindo a perda de líquidos corporais, comum em episódios diarreicos. (5)

Cicatrizar úlceras gástricas 

Beber essa infusão auxilia na cicatrização e pode impedir o surgimento de novas úlceras gástricas, que são feridas dolorosas e inflamadas que aparecem na mucosa estomacal e podem ser causadas por vários fatores, desde estresse, má alimentação até ação de micro-organismos. 

O chá da erva forma uma espécie de camada protetora, evitando que a mucosa sofra os danos do excesso de acidez do estômago.

Com isso, auxilia na recuperação, pois evita que as feridas já abertas sejam afetadas pelo ácido e dá tempo dos tecidos se recuperarem, ao mesmo tempo que inibe a formação de novas úlceras. (5)

Importante! Nunca tome qualquer medicamento, mesmo que natural, sem orientação médica. A automedicação pode piorar ainda mais o quadro da doença. 

Reduzir a aparência das varizes

Nós já falamos das propriedades hemostáticas e adstringentes da erva de bicho, não foi? Pois saiba que, quando atuam em conjunto, elas também auxiliam na redução da aparências das varizes!

Essas veias varicosas são veias que perderam a sua força para bombear o sangue de volta ao coração e por isso ficam dilatadas e aparentes na superfície da pele. 

Dito isso, a homeostase faz com que o sangue fique no local determinado. (2)

Já a ação adstringente comprime as veias que estão fracas, o que causa um aumento da pressão interna, fazendo o sangue voltar a circular. (3)

Estimular a cicatrização de feridas na pele

O chá pode ser usado para lavar feridas superficiais, sendo considerado um remédio natural para melhorar a cicatrização da pele.

Isso ocorre por causa da já citada propriedade hemostática, que ajuda a formar uma espécie de camada natural de proteção na área lesionada e serve para normalizar o fluxo sanguíneo na região. 

Graças a isso as plaquetas, um tipo de célula sanguínea, conseguem agir de maneira mais efetiva para estimular o crescimento de novas células para ocupar aquela região do tecido. (6)

Além disso, as compressas ou banhos feitos com a erva de bicho previnem que as feridas infeccionem e inflamem, o que também favorece uma cicatrização mais rápida. (1)

Como usar corretamente a erva de bicho? 

O chá pode ser tomado ou usado na forma de banho de assento (Foto: Freepik)

Banho de assento: como fazer

Para fazer o banho de assento, basta utilizar o chá feito com 4 colheres (de sopa) de erva de bicho para cada 1 litro de água quente. 

Deixe a infusão descansando, tampada, até que fique morna. Em seguida coloque em uma bacia, larga o suficiente para que você possa sentar nela. O banho de assento é feito literalmente sentando sobre essa mistura por alguns minutos. 

O chá entra em contato direto com as hemorroidas ou com a área genital, que assim conseguem absorver todas as propriedades terapêuticas dele. O tratamento deve ser feito, pelo menos, 3 vezes ao dia, durante o período que durarem os sintomas. (5)

Para quem não gosta de fazer banhos de assento existe a opção de comprar uma pomada feita com os compostos ativos da erva de bicho, que serve para uso tópico.

Como tomar a infusão?

O chá também pode ser bebido. Para esse fim, use a medida de 1 colher (de chá) da erva de bicho, para cada 2 xícaras de água bem quente. Deixe tudo infusionando por 5 minutos e beba sem adoçar, no máximo 3 vezes por dia. (5)

Cuidados e contraindicações 

A planta não deve ser usada por grávidas ou mulheres que estejam amamentando, nem mesmo de maneira externa, pois aumenta os riscos de aborto, má formação e ainda pode trazer desconforto para o bebê. (7)

Características e onde encontrar

A erva de bicho é uma planta perene, pode viver mais de dois anos, e que atinge 50 centímetros de altura. Ela possui folhas verdes escuras, grandes e lisas, presas por pequenos ramos avermelhados. 

As flores podem ser brancas ou rosadas, a depender da espécie plantada, e bem pequenas. Essa erva cresce naturalmente em locais bem úmidos, como pântanos, daí o motivo para um dos nomes populares dela ser pimenta-do-brejo ou pimenta-d’água. (8)

Essas características são importantes para identificar a espécie correta, mas caso não deseje “ir à caça” fique tranquilo, pois a erva é vendida em feiras livres e lojas de produtos naturais e fitoterápicos. 

Referências

(1) HUQ, A.K.M. MOyeebul; JAMAL, Jamia Azdina; STANLAS, Johnson. Ethnobotanical, Phytochemical, Pharmacological, and Toxicological Aspects of Persicaria hydropiper (L.) Delarbre. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, 2014. Disponível em: https://dx.doi.org/10.1155%2F2014%2F782830. Acesso em: 17 de novembro de 2019.

(2) ARORA, Pooja; LAMBA, H.S.; SHARMA, Pankaj. Pharmacological, phytochemical, biological evaluation and future prospects of polygonum hydropiper. World Journal of Pharmaceutical Research, v.7, n.5, p.539-551, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.20959/wjpr20185-11335. Acesso em: 17 de novembro de 2019.

(3) SHIRALIYEVA, Gulnara. Persicaria Species in Flora of Azerbaijan and Ethnobiology of their Use. International Journal of Current Microbiology and Applied Sciences, v.6, n.1, p.527-531, 2017. Disponível em: http://dx.doi.org/10.20546/ijcmas.2017.601.063. Acesso em: 17 de novembro de 2019.

(4) SOFIATI, Felipe Toni. Estudo fitoquímico e atividades biológicas preliminares de extratos de Polygonum acre (polygonaceae) H.B.K. e Synadenium carinatum (euphorbiaceae) Boiss, 2009. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/99265. Acesso em: 17 de novembro de 2019.

(5) MINISTÉRIO DA SAÚDE. Monografia das espécies polygonum hydropiperoides e polygonum acre (erva-de-bicho), 2014. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/novembro/25/Vers–o-cp-Polygonum.pdf. Acesso em: 17 de novembro de 2019.

(6) AKHTER, Rumana et al. In vivo Pharmacological Investigation of Leaf of Polygonum hydropiper (L.). Dhaka University Journal of Pharmaceutical Sciences, v.12, n.2, p.165-169, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.3329/dujps.v12i2.17619. Acesso em: 17 de novembro de 2019.

(7) ANVISA. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. 1. ed. Brasilia: ANVISA, 2011. p. 55. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/259456/Suplemento+FFFB.pdf/478d1f83-7a0d-48aa-9815-37dbc6b29f9a. Acesso em: 17 de novembro de 2019.

(8) MACHADO, Clarice Azevedo; VARGAS, José Fernando da Rosa. Plantas medicinais do Jardim Botânico de Porto Alegre. Porto Alegre: Escola de Saúde Pública, 2018. Disponível em: http://www.jb.fzb.rs.gov.br/upload/2019010709301127164600_ebook_curvas_ilovepdf_compressed_1.pdf. Acesso em: 17 de novembro de 2019.

Sobre o autor

Jornalista, possui experiência em rádio, apuração de dados para programa de televisão e produção de conteúdo para a Internet. Registro Profissional MTB-PE: 6770.