Bacuri: para que serve a fruta e como fazer o creme

Ao contrário do guaraná, açaí e cupuaçu, a fruta amazônica bacuri ainda é pouco conhecida no Brasil e no exterior. Apesar disso, é um alimento rico em minerais, fibras e proteínas.

Mas além da polpa, as cascas e sementes do bacurizeiro também podem ser aproveitadas na alimentação e na medicina, respectivamente. Enquanto a parte externa rende receitas como o creme, das sementes é extraído um óleo cicatrizante e anti-inflamatório.

Bacuri aberto ao meio

Esse fruto é rico em carboidrato portanto dá energia e disposição (Foto: depositphotos)

Bacuri ainda está chamando a atenção das indústrias, pois seu aroma tem sido extraído para ser utilizado em iogurtes.

Para que serve o bacuri?

A polpa desse fruto é formada por 76,65% de água e 23,35% de matéria seca. Nesse último caso estão inseridas, principalmente, as seguintes substâncias: proteína bruta e fibra bruta. (1)

Auxilia no crescimento

Para crescermos fortes e saudáveis alguns nutrientes são necessários, como por exemplo o cálcio. Em 100 gramas da polpa, encontramos 20 miligramas do mineral.

Por essa razão, a fruta amazônica é um excelente alimento para as crianças em fase de crescimento. Além de fortalecer ossos, o mineral também contribui com dentes mais saudáveis. (2,3)

Regula o intestino

Para dar adeus ao intestino preguiçoso e as temíveis prisões de ventre, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão de 25 gramas de fibras por dia.

Esse composto faz parte de 9,37% da polpa e de 23,07% da casca, por isso elas se tornam boas fontes de fibras e aliadas da saúde do intestino e da digestão.

Na verdade, as fibras não são digeríveis, mas contribuem com os movimentos peristálticos e com a eliminação das fezes, pois não são dissolvidas em água. (1,4,5)

Fornece energia ao corpo

Bacuri é mais calórico que o cupuaçu, oferecendo 105 calorias a cada 100 gramas. Sendo assim, é perfeito para quem precisa de mais disposição no dia a dia. Só não exagere no consumo, pois em excesso ele pode engordar.

Outro elemento que também atua como gerador de energia é o glicídeo, um carboidrato muito encontrado na polpa dessa fruta. Para se ter uma ideia, em 100 gramas há 22,80 gramas de carboidratos. (2)

Combate inflamações e age como cicatrizante

Tanto a manteiga extraída do fruto como o óleo das sementes são tidos como anti-inflamatórios e cicatrizantes. Ambos são indicados para ajudar no tratamento de problemas dermatológicos e queimaduras.

Tudo isso graça a ação de três compostos básicos, são eles: xantonas, euxantona e garcinielliptona FC. (3,6)

Protege as células

Por último, mas não menos importante, a ação antioxidante encontrada na polpa e nas cascas desse alimento, devido a presença de vitamina C, flavonoides, antocianinas e polifenóis.

Todos esses compostos auxiliam as células na luta contra os ataques dos radicais livres. Assim, previnem danos celulares e suas consequências como doenças degenerativas, envelhecimento precoce e problemas cardíacos. (6)

Creme da fruta: como fazer?

Tradicionalmente, o creme de bacuri é uma receita repleta de calorias pois, além da fruta, os outros ingredientes são leite condensado, açúcar e creme de leite.

No entanto, é possível investir em uma versão mais light, substituindo os itens do prato por suas alternativas menos calóricas e mais saudáveis. Acompanhe!

  • 400 g de polpa de bacuri
  • 1 lata de leite condensado light
  • 1 lata de creme de leite light
  • 200 ml de leite desnatado
  • Açúcar mascavo ou demerara a gosto

Coloque todos os ingredientes no liquidificador e bata até ficar homogêneo. Depois é só levar para o congelador e aguardar por, pelo menos, uma hora. (7)

Outra receita: doce ou geleia

Chamada também de compota, essa receita também leva itens mais calóricos, mas que podem ser facilmente substituídos. Veja!

  • 600 g de polpa
  • Duas xícaras de água
  • Três xícaras de açúcar mascavo ou demerara
  • Cascas de um limão.

Em uma panela coloque a polpa juntamente com a água e o açúcar. Espere cozinhar por 15 ou 20 minutos. Finalize adicionando as cascas do limão e deixe ferver até obter uma calda densa.

Assim que estiver pronto, despeje em um recipiente de vidro e aguarde esfriar. Leve à geladeira e só sirva quando estiver gelado. (7)

Curiosidades do bacuri

A maior parte desse fruto é formada pela casca (60%), depois o caroço (18%) e, por último, a polpa (12%). Mas como vimos, todos esses componentes são úteis para o ser humano, seja na alimentação ou na saúde.

Vale ressaltar também que para consumir a casca dessa fruta, é preciso cozinhá-la antes para que assim as resinas abundantes possam ser eliminadas no processo de fervura. (2)

Origem da árvore

A Amazônia é o lugar de origem do bacurizeiro, mas ele também nasce espontaneamente em regiões do Nordeste brasileiro. Maranhão e Piauí são os principais estados onde pode ser encontrado o fruto. (7)

Significado do nome

O nome bacuri vem do tupi, em que “ba” significa cair e “kury” logo. Assim, há uma referência ao fruto da planta que cai logo após amadurecer. Já seu nome científico é Platonia insignis Mart.

Onde comprar?

Cada dia que passa esse fruto amazônico vem ganhando mais espaço em supermercados e feiras. Mas a forma mais fácil de encontrá-lo é por meio da polpa industrializada.

Enquanto isso, o óleo extraído das sementes pode ser comprado em farmácias ou lojas de produtos naturais online.

Tipos de bacuris

O bacuzeiro possui muitos parentes, são eles:

  • Bacuripari liso
  • Bacuri, bacuripari
  • Bacuri mirim
  • Bacuri de espinho.
Referências

(1) LIMA, Maria da Cruz. “Bacuri Agrobiodiversidade“. Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, 2007. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/267203558/Bacuri-Agrobiodiversidade. Acesso em: 01 de dezembro de 2019.

(2) SHANLEY, Patricia; MEDINA, Gabriel; FERREIRA, Socorro. “Bacuri Platonia insignis Mart“. Frutíferas e Plantas Úteis na Vida Amazônica, Centro Internacional de Investigação Florestal (Cifor). Disponível em: http://www.cifor.org/publications/pdf_files/Books/BShanley1001/055_064.pd. Acesso em: 01 de dezembro de 2019.

(3) HOMMA, Alfredo; CARVALHO, José Edmar Urano de; MENEZES, Antônio José Elias Amorim. “Fruta amazônica em ascensão Bacuri“. Embrapa, 2010. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/25022/1/homma-bacuri.pdf . Acesso em: 01 de dezembro de 2019.

(4) J.R. Carmo; R.A. Mattietto; J.J.S.N. Lanes. “Caracterização físico-química e determinação de compostos bioativos em casca de bacuri“. XXV Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de alimentos, 2016. Disponível em: http://www.ufrgs.br/sbctars-eventos/xxvcbcta/anais/files/1337.pdf . Acesso em: 01 de dezembro de 2019.

(5) Unimed. “Cartilha fibras alimentares“. Disponível em: http://www.unimed.coop.br/portalunimed/cartilhas/fibras/pdf/cartilha.pdf . Acesso em: 01 de dezembro de 2019.

(6) SANTOS, Patricia Régia Pereira dos; et al. “Levantamento das propriedades físico-químcas e farmacológicas de extratos e compostos isolados de Platonia insignis Mart. uma perspectiva para o desenvolvimento de fitomedicamentos“. Revista Brasileira de Farmácia (RBF), 2013.Disponível em: http://rbfarma.org.br/files/rbf-94-2-12-2013.pdf . Acesso em: 01 de dezembro de 2019.

(7) CARVALHO, José Edmar Urano de; NASCIMENTO, Walnice Maria Oliveira do. “Platonia insignis Bacuri“. Interamericano de Cooperação para a Agricultura, 2018. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1096245/1/BacuriPROCISUR.pdf . Acesso em: 01 de dezembro de 2019.

Sobre o autor

Formada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, tem experiência em rádio e escreve para o Remédio Caseiro desde 2015. Registro Profissional MTB-PE: 6750.