Grávida pode tomar refrigerante?

Após descobrir a gravidez, é normal que as gestantes passem por mudanças na alimentação. Por isso, é comum ouvir perguntas como: “grávida pode tomar refrigerante?”.

Por ser uma das bebidas mais consumidas no mundo todo, o refrigerante acaba se tornando uma dúvida durante o período gestacional. Mas não só nesse, uma vez que mesmo na amamentação esse questionamento permanece.

No entanto, de acordo com a nutricionista Janiele Rodrigues, essa bebida gaseificada não traz nenhum benefício para a mulher e o bebê. Seja de limão, laranja, guaraná ou a base de cola, os refrigerantes podem trazer prejuízos para a saúde da grávida.

Azia, queimação e até problemas no desenvolvimento do feto podem ser resultados da ingestão desse líquido durante a gestação. Para saber mais sobre os males do refrigerante na gravidez ou na amamentação, acompanhe esse artigo até o final!

Grávida pode tomar refrigerante? Nutricionista responde

Segundo Janiele Rodrigues, grávidas devem evitar o consumo de refrigerantes. Isso porque, os mais variados tipos desse refresco “podem ultrapassar a placenta e alterar a frequência cardíaca e respiração do bebê.”

Grávida com refrigerante na mão

Refrigerantes devem ser evitados durante a gestação, pois causam prejuízos para a mulher e o bebê (Foto: depositphotos)

Além disso, a nutricionista explica que essas bebidas podem provocar desconfortos estomacais, incluindo o refluxo. Para as gestantes, logo nos primeiros três meses, essa situação pode ser ainda mais incômoda, uma vez que os enjoos já são naturalmente frequentes.

Mas os malefícios não param por aqui, tendo em vista que esses produtos podem provocar ganho de peso e aumentar o risco de diabetes gestacional. Tudo isso devido à presença de açúcares em suas composições.

Outras substâncias que constituem alguns refrigerantes também são inapropriadas para as gestantes e lactantes, como o gás, a cafeína, corantes artificiais e aromatizantes.

Guaraná e cola são permitidos?

Por exemplo, no caso das bebidas a base de cola ou guaraná, a maior preocupação está na quantidade de cafeína presente em suas fórmulas. Essa substância é um alcaloide que atua como estimulante do sistema nervoso central.

Ao entrar no organismo das futuras mamães, esse alcaloide pode causar reações adversas para o feto, como: “redução do crescimento fetal, prematuridade, restrição de
crescimento intra-uterino, baixo peso ao nascer, aborto espontâneo e malformações.” (1)

Por tudo isso, é recomendado que o consumo dessas bebidas seja restrito na gestação. De acordo com a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, o consumo de cafeína na gravidez não deve ultrapassar 200 mg/dia. (1)

Para se ter uma noção, só em uma lata de Coca-cola de 355 ml há 40 mg de cafeína. (2) No entanto, essa substância também pode ser encontrada em outros alimentos, bebidas e remédios comuns do dia a dia.

Refrigerantes de laranja e limão

Engana-se quem acredita que os refrigerantes de laranja ou limão são menos maléficos que os demais tipos só pela ausência da cafeína. Apesar de não apresentarem esse alcaloide, essas bebidas são ricas em açúcares, aromatizadores e corantes, substâncias totalmente dispensáveis durante a gestação.

Inclusive, esse mesmo cuidado deve se estender aos sucos industrializados. Mesmo que não sejam bebidas gaseificadas, esses líquidos também não trazem benefícios às gestantes e, muito menos, para os fetos. (3, 4)

Bebidas zero, diet e light

Mesmo que algumas dessas bebidas substituam o açúcar pelos adoçantes, algumas delas ainda possuem a cafeína como um de seus ingredientes. Portanto, também não são recomendadas para compor as refeições diárias de grávidas e lactantes.

Além disso, a própria substituição de açúcar por adoçante pode ser prejudicial tanto para a mulher como para o bebê. Por exemplo, estudos comprovam que o tipo sacarina atravessa a placenta de forma limitada e alcança todos os tecidos fetais, com exceção do sistema nervoso.

Essa mesma substância também é excretada no leite, aumentando progressivamente sua concentração após ingestões repetidas desse adoçante.

Diante de tudo isso, é recomendado evitar a sacarina e as bebidas que a possuam em suas composições, como é o caso de alguns refrigerantes zero, diet e light. (5)

Quem está amamentando pode tomar refrigerante?

Como já mencionado anteriormente, os refrigerantes devem ser evitados na gestação e no período de amamentação. Nesse último caso, as bebidas gaseificadas podem contribuir com o surgimento de cólicas em bebês.

Assim como o refrigerante, outros alimentos e líquidos podem ajudar na formação dessas cólicas, como é o caso das crucíferas (brócolis, repolho, couve-flor), café, chá mate, chocolate, frutas cítricas e leite de vaca. (6)

Mulher amamentando o filho

Refrigerantes também podem estimular o surgimento de cólicas nos bebês através da amamentação (Foto: depositphotos)

Sendo assim, é recomendado mudar os hábitos da alimentação, favorecendo a saúde da própria lactante e, consequentemente, do bebê. Mas em caso de dúvidas, é aconselhado buscar ajuda com o profissional de saúde da mamãe (ginecologista) ou da criança (pediatra).

Outros cuidados que a gestante deve ter

Além de evitar refrigerantes, bebidas gaseificadas e sucos industrializados, a gestante deve tomar outros cuidados para manter em dia a saúde dela e do feto.

A seguir você pode encontrar algumas outras dicas indispensáveis para o período gestacional:

  • Ter uma alimentação saudável: a gestante deve se alimentar de maneira equilibrada e diversificada, pois o bebê necessita de nutrientes como vitaminas, proteínas, ácido fólico, carboidratos integrais, ferro e cálcio. Essas substâncias são importantes tanto para a formação do feto como para o bem-estar da mulher
  • Manter a periodicidade das refeições: é aconselhável que as futuras mamães façam, pelo menos, três refeições ao dia (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis. O recomendado é não ultrapassar três horas sem comer. Além disso, é ideal beber, no mínimo, 2 litros de água. Com esses cuidados, o bebê ficará bem nutrido e o risco da mulher sentir náuseas, vômitos, fraquezas e desmaios é diminuído
  • Evitar açúcares e ingredientes industrializados: uma alimentação saudável vai além de incluir bons alimentos nas refeições, como ingredientes integrais, frutas, verduras e legumes. Para manter a saúde materna, é indicado evitar alimentos açucarados, diminuir o consumo de sal e moderar nos alimentos industrializados
  • Evitar bebidas alcoólicas, cigarros e outras drogas: segundo a nutricionista Janiele Rodrigues, esses itens podem causar alterações na saúde do feto, como “atraso no desenvolvimento, microcefalia, mudanças oculares, anormalidades faciais e anormalidades da junta esquelética”
  • Aderir aos hábitos saudáveis: as futuras mamães devem tomar banho de sol durante o início da manhã ou no final da tarde, inclusive nas mamas. Fora desses horários, é indicado usar protetor solar, boné ou chapéu, evitando manchas na pele. Também recomenda-se praticar exercícios para gestantes, como caminhadas e atividades leves. O sono é outro ponto que merece atenção, pois é ideal que as grávidas consigam dormir, pelo menos, 8 horas por noite, além de repousar por alguns minutos durante o dia. (3, 4, 6)

Seguindo todas essas orientações e evitando a ingestão de refrigerantes, a grávida vai desfrutar de uma gestação equilibrada e, consequentemente, vai proporcionar um crescimento saudável para o bebê.

Já as lactantes vão garantir nutrientes necessários na amamentação, cuidando do desenvolvimento do filho. Contudo, sempre que for necessário, deve-se buscar a opinião de um especialista.

*Artigo feito com a colaboração da nutricionista Janiele da Silva Rodrigues (CRN6 22785/P).

Referências

(1) PACHECO, Alice Helena de Resende Nóra; et al. “Consumo de cafeína entre gestantes e a prevalência do baixo peso ao nascer e da prematuridade: uma revisão sistemática“. Caderno Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v23n12/01.pdf. Acesso em 03 de junho de 2019.

(2) MATIAS, Filipa; JERI, Alice; RODRIGURES, Sofia. “Consumo de cafeína: o que aconselhar na preconceção e gravidez?” Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, 2017. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpmgf/v33n1/v33n1a07.pdf. Acesso em 03 de junho de 2019.

(3) SAÚDE, Ministério da. “Caderneta da Gestante“. Edição Eletrônica, Brasília, Distrito Federal, 2014. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/caderneta_gestante.pdf. Acesso em 03 de junho de 2019.

(4) GOUVEIA, Luiza Polliana Godoy Paiva. “Orientações gerais sobre a gestação“. Rede de Teleassistência de Minas Gerais e Centro de Telessaúde Hospital das Clínicas (UFMG). Disponível em: https://telessaude.hc.ufmg.br/ginecologiaeobstetricia/orientacoes_gerais_sobre_a_gestacao.pdf. Acesso em 03 de junho de 2019.

(5) TORLONI, Maria Regina; et al. “O uso de adoçantes na gravidez: uma análise dos produtos disponíveis no Brasil“. Centro de Diabetes da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo (SP), 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v29n5/a08v29n5.pdf. Acesso em 03 de junho de 2019.

(6) FEDERAL, Senado. “Orientações nutricionais: da gestação à primeira infância“. 2015. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/institucional/programas/pro-equidade/pdf/cartilha-orientacoes-nutricionais-da-gestacao-a-primeira-infancia. Acesso em 03 de junho de 2019.

Sobre o autor

Formada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, tem experiência em rádio e escreve para o Remédio Caseiro desde 2015. Registro Profissional MTB-PE: 6750.