Afinal, comer camarão pode fazer mal à saúde?

Será que comer camarão faz mal? Muitas pessoas se questionam quanto a isso e você vai conferir a resposta agora. O camarão é um fruto do mar muito polêmico, sendo amado e odiado, ao mesmo tempo, por muitas pessoas. É muito comercializado no Brasil e em vários outros países, especialmente em regiões com praias.

Assim como qualquer alimento, o camarão possui seus prós e contras em relação à saúde, e também em relação a impactos no meio ambiente. A seguir, você vai conhecer os efeitos benéficos e maléficos que o consumo desse crustáceo pode trazer para nós e para a natureza.

Benefícios do camarão para a saúde

A nutricionista Ana Emília Rios diz que o camarão possui proteína de alto valor biológico, ou seja, as chamadas proteínas completas, com todos os aminoácidos de que o nosso corpo necessita. “Ele é uma ótima fonte de ômega-3, rico em vitaminas, como as do complexo B, vitamina D e vitamina E. Também é rico em minerais como cálcio, iodo, potássio, zinco e selênio”, explica.

Esses minerais ajudam a manter o sistema imunológico sadio e auxiliam na recuperação de lesões. O selênio, em particular, é capaz de neutralizar os efeitos dos radicais livres, principal causa de câncer de pele. Já o ômega-3 também é um nutriente muito importante, que auxilia na prevenção do depósito de gordura nas artérias do coração, ajudando a manter a saúde desse órgão. Em relação às vitaminas do complexo B presentes no camarão, destaca-se a vitamina B12, que é muito importante para o bom funcionamento das células.

Camarões cozidos

A forma mais saudável de se comer camarão é cozinhando-o no vapor (Foto: depositphotos)

Malefícios e contraindicações

Um dos problemas mais comuns do camarão, sem dúvida, é o fato dele ser um alergênico muito comum. O crustáceo está no topo dos alergênicos, ao lado do leite e outros alimentos como: ovos, peixes, frutos secos, amendoins, trigo e soja. A exposição ao crustáceo pode causar reações severas, incluindo edema de glote e choque anafilático. Outras reações podem incluir congestionamento nasal, comichão, dores abdominais e náuseas.

Ana Emília acrescenta ainda que o camarão é um alimento rico em colesterol e sódio: “o camarão quando consumido em excesso pode aumentar o colesterol ruim. Também pode aumentar o ácido úrico, sendo pouco aconselhável o consumo para quem já tem níveis elevados dessa substância”. Logo, ele precisa ser consumido com moderação.

Além de alérgicos e pessoas com altos níveis de ácido úrico, o camarão também é contraindicado para hipertensos e para quem já possui colesterol alto.

Como consumir camarão corretamente?

A forma como o camarão é preparado também merece atenção. Para que o alimento não perca suas propriedades, o mais indicado é cozinhá-lo no vapor ou apenas aquecê-lo no forno, sem fritar. “Preparações muito gordurosas como frituras ou até mesmo cozidos com bastante óleo, deixam o camarão bem calórico e prejudicial”, reforça Ana Emília. Além disso, a fritura ainda pode diminuir os níveis de ômega-3.

Portanto, a nutricionista indica as melhores formas de preparar o camarão: “pode ser nas versões cozidas ao molho, em forma de tortas, panquecas ou creme de camarão, sem muito óleo; podendo consumir uma vez por semana”.

O que muita gente não sabe é que também é possível comer a casca do camarão. Sua casca contém fibras insolúveis que ajudam a normalizar o trânsito intestinal e a prevenir a constipação. Ana Emília confirma a possibilidade de se comer a casca e alerta para um cuidado: “verifique se ela não possui manchas brancas e faça a limpeza correta do camarão”. A limpeza pode ser feita utilizando água e, depois, colocando para ferver com um pouco de sal.

Cuidados na hora de escolher o camarão

Na hora da compra, alguns detalhes são importantes para identificar o camarão mais fresquinho e de melhor qualidade para o consumo. Afinal, as pessoas que não conhecem, acabam levando o que estiver no balcão de feiras e supermercados sem saber da verdadeira qualidade do alimento.

Segundo a nutricionista, o cheiro natural e a casca brilhante indicam frescor. Ela afirma que a qualidade do camarão, independente do tipo, está quase sempre relacionada a alguns detalhes de como ele está por fora.

“Ao comprar camarões, é melhor comprá-los frescos e no dia. Eles devem ser consumidos em 24 horas após a compra. Observe também o odor; eles devem ter cheiro de água salgada e esse deve ser o único odor percebido. Se você sentir cheiro de amônia, significa que o camarão estragou. Preste atenção também na aparência dos camarões antes de comprá-los, os frescos devem estar translúcidos e perfeitamente brancos, como se pudesse quase ver através deles. Outro sinal de alerta é a carne rosada, que você deverá evitar”, orienta Ana Emília.

A profissional ensina ainda que é preciso observar a cabeça e o rabo, que devem estar bem firmes à carne. A carapaça também deve estar aderente à pele, se tiver manchas escuras ou amareladas é porque esse camarão não está mais tão bom para o consumo.

Impactos no meio ambiente

A questão do meio ambiente está relacionada com a carcinicultura, ou seja, com a técnica de criação de camarões em viveiros. O desenvolvimento acelerado da carcinicultura mundial tem sido constantemente acusado de causar impactos negativos ao meio ambiente.

A criação de camarões tem se tornado alvo de pesquisas e de críticas de diversas ONG’s ambientalistas nacionais e internacionais, que sugerem que a atividade é predatória, poluidora e socialmente desagregadora.

Segundo um artigo publicado na revista Panorama da Aqüicultura, os principais impactos ambientais relacionados com a carcinicultura podem ser categorizados em cinco tipos: impactos sobre a ocupação do solo, sobre os recursos hídricos, sobre a diversidade, impactos químicos e sócio-econômicos.

O artigo explica que os principais deles estão relacionados com a destruição de manguezais; com a poluição da água, através do lançamento de efluentes, como fertilizantes, ração e até mesmo dejetos; e ainda, a utilização de produtos químicos no cultivo. Diversos produtos possuem potencial negativo à saúde humana e ao meio ambiente, assim como à saúde e a qualidade do camarão. Especialmente, o uso indiscriminado de antibióticos, que pode resultar na formação de bactérias resistentes ao antibiótico, podendo trazer problemas de saúde pública no controle de doenças humanas.

Ambientalistas também costumam ser contra a pesca em larga escala, pois a rede usada para capturar os camarões também acaba pegando outras espécies de animais marinhos, que depois são descartados mortos. Mas, isso vale para a pesca de forma geral, e não só para o caso dos camarões.

*Informações sobre a especialista entrevistada

Ana Emília Rios – Nutricionista – CRN6 10463
Especialista em Nutrição Funcional, Esportiva e Fitoterápica

Sobre o autor

Jornalista, possui especialização em Jornalismo Cultural e também atua na área de marketing de conteúdo e produção audiovisual. Registro Profissional MTB-RJ: 36167.