Stévia: o que é e benefícios deste adoçante para saúde

Originário de uma planta nativa da América do Sul, a stévia é um tipo de adoçante com capacidade 300 vezes maior do que a do açúcar, e mesmo assim pode prevenir diabetes, evitar o ganho de peso e combater problemas intestinais.

Conheça todos os benefícios da stevia rebaudiana bertoni, seu nome científico, e descubra porque ela é uma ótima opção para estar presente na sua cozinha.

Folhas de Stévia ao redor do adoçante em pó
A Stévia pode ser encontrada em pó, líquida ou granulada (Foto: depositphotos)

Benefícios da Stévia

Existem indícios de que o vegetal já era utilizado por índios guaranis há vários séculos para aromatizar e proporcionar dulçor às suas bebidas, porém, suas vantagens vão muito além disso. Confira.

Reduz o consumo de açúcar

A stévia ajuda a reduzir o consumo do açúcar, que é tão adorado no Brasil, mas tão prejudicial ao organismo.

Assim, há uma diminuição na ocorrência de problemas como obesidade, diabetes e colesterol alto, entre muitos outros. Apesar de todos os adoçantes oferecerem esse ganho, a stévia leva vantagem, pois tem origem natural, o que, de acordo com muitos especialistas, faz com que seja mais saudável e não ofereça efeitos colaterais. Além disso, ela tem uma capacidade maior de adoçar em relação a outras opções, por isso pode ser usada em menor quantidade. 

Reduz os níveis de glicose e insulina no sangue

Um estudo realizado no Centro de Pesquisa Biomédica Pennington, nos Estados Unidos, apontou uma redução dos níveis de glicose e insulina em indivíduos. (1) A insulina é o hormônio que permite a entrada da glicose nas células e na circulação sanguínea após a refeição, a chamada glicemia pós-prandial.

Clarissa Hiwatashi Fujiwara, nutricionista e mestre em ciências pela Universidade de São Paulo, conta que reduzir esses hormônios “é importante principalmente para quem apresenta diabetes, pois esses fatores ajudam a controlar a concentração de açúcar no sangue, o que é essencial para diminuir os riscos de complicações decorrentes dessa doença”.

Entre essas complicações estão problemas nos nervos, no coração, nos olhos, nos rins e na pele.

Previne a diabetes e a resistência à insulina

A resistência à insulina é um quadro que acontece quando esse hormônio não trabalha no organismo como deveria, fazendo com que o corpo tenha que fabricar quantidades maiores dessa substância, prejudicando os vasos sanguíneos e o coração, e que pode anteceder o diabetes.

Quem já tem histórico familiar dessas doenças ou vem apresentando um ganho excessivo de peso nos últimos tempos, apresentam grandes riscos de desenvolver esses males, e é aí que a stévia entra, controlando a produção desse hormônio e normalizando o funcionamento dele no organismo.

Porém, Clarissa ressalta que “para que isso aconteça de fato, é essencial que o indivíduo tenha uma dieta saudável e equilibrada, com poucos itens processados e mais alimentos in natura, como verduras, legumes, frutas, cereais e grãos integrais, proteínas e fontes de gorduras de boa qualidade”. (1

Combate problemas intestinais

Outro trabalho científico, dessa vez feito por especialistas da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos, mostrou que a stévia passa pelo estômago e pelo intestino grosso sem ser absorvida, e quando chega ao intestino delgado sofre transformações provocadas pela microbiota intestinal, ou seja, as bactérias boas e ruins que vivem por lá. (2)

Clarissa acrescenta que “com isso, esse adoçante revelou ter um potencial efeito prebiótico”. Isso significa que serve de alimento para os micro-organismos benéficos que ficam nesse órgão, combatendo o aparecimento de problemas intestinais, além de baixa da imunidade, obesidade, colesterol, pressão alta, entre outras coisas. 

Mas as vantagens oferecidas pela stévia não ficam apenas no âmbito da saúde. As suas moléculas são bem estáveis em relação ao pH e suportam temperaturas até 200ºC. Por essas razões, ela pode ser empregada na produção de alimentos industrializados e em diversas receitas caseiras, já que pode ir para o forno e o fogão. 

Stévia faz mal?

De acordo com um comitê científico internacional ligado da OMS (Organização Mundial da Saúde), a stévia não faz mal e a segurança de sua ingestão é garantida, já que ela foi testada e comprovada por diversos estudos científicos.

Ingestão diária recomendada

Apesar desse produto ser considerado seguro e não apresentar efeitos colaterais, não é indicado exagerar na dose. De acordo com a Academia de Nutrição e Dietética dos Estados Unidos, o ideal é que ela não seja maior do que 5,5 gramas por cada quilo de peso da pessoa.

Por exemplo, quem tem 60 quilos pode consumir até 330 gramas em um dia. Se pensarmos que, segundo os fabricantes, uma embalagem de 60 mililitros do produto chega a adoçar cerca de 350 xícaras de café, é muito difícil imaginarmos que essa quantidade será extrapolada. 

Usos da stévia

A stévia é um adoçante muito utilizado por grandes empresas alimentícias na produção de industrializados, refrigerantes, sucos e gelatinas, por exemplo. Porém sua versão em pó, líquida ou granulada são facilmente encontradas em supermercados e lojas de produtos naturais. 

Qualquer uma dessas versões da planta pode ser usada no lugar do açúcar em receitas caseiras, como café, chás, sucos e, como pode ser levada ao forno, pode ser ingrediente de bolos e outros doces.

Outros adoçantes de origem natural

Essa lista é composta pelo xilitol, a taumatina, o sorbitol e o eritritol. O xilitol é derivado na maior parte do milho, mas também é proveniente de madeiras, frutas, cogumelos e alguns micro-organismos.

O xilitol passa por modificações químicas até chegar ao produto final, tem sabor refrescante e dulçor similar ao do açúcar. Ainda existem evidências de que em grandes quantidades (acima de 15 mg por kg de peso) ele pode ter efeito laxativo.

A Taumatina, por sua vez, vem de uma fruta da África Oriental, tem uma capacidade adoçante 3.000 vezes maior do que a do açúcar e ainda não há uma quantidade máxima determinada.

Já o sorbitol é encontrado em uma variedade de frutas e ajuda a garantir a textura dos produtos. Por essa razão, é mais utilizado em alimentos industrializados.

Por fim o eritritol, que tem sabor similar ao do açúcar, mas com um fundo refrescante. Pode ser encontrado em frutas, algas, cogumelos e alguns itens fermentados como vinho e cerveja, por exemplo. Assim como acontece com o sorbitol, geralmente é utilizado com outros adoçantes. 

Compare outros adoçantes

CaracterísticasPoder de dulçor x açúcarEquivalência a 1 colher de sopa de açúcar
Acessulfame KDerivado do ácido acético, é estável em altas temperaturas. Sem sabor residual.200 vezes24mg
AspartameÉ obtido a partir da fenilalamina e do ácido aspático Não pode ser aquecido Tem sabor similar ao açúcar e 4 kcal/g.200 vezes24mg
CiclamatoDerivado artificial do petróleo, suporta altas temperaturas apresenta um sabor residual agridoce.40 vezes121,5mg
SacarinaÉ derivado artificial do petróleo e tem sabor residual com característica metálica.300 vezes16mg
StéviaOrigem natural, vem da planta Stevia rebaudiana e tem sabor residual semelhante ao alcaçuz.300 vezes16mg
SucraloseObtido a partir de molécula do açúcar de cana modificada. Sem sabor residual.600 vezes6g

*Fonte: Fitch C, Keim KS; Academy of Nutrition and Dietetics. Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: use of nutritive and nonnutritive sweeteners. J Acad Nutr Diet. 2012

Sabor e preço

Uma questão que costuma incomodar algumas pessoas e fazer com que elas prefiram optar por outros tipos de adoçantes é o seu sabor residual, ou seja, aquele que fica na boca depois da sua ingestão, que lembra o alcaçuz. A boa notícia nesse caso é que existem empresas trabalhando em desenvolver alternativas mais palatáveis desse adoçante. 

O seu preço é outra questão que pode não agradar muito quem utiliza adoçantes. Isso porque, ele costuma ser bem mais alto do que o dos concorrentes, chegando a ser 50% maior do que o da sucralose. Mas, como a lista de ganhos oferecida pelo seu consumo é muito maior, muitos consumidores preferem fazer esse investimento.

* Artigo feito com a colaboração de Clarissa Hiwatashi Fujiwara, nutricionista e mestre em ciências pela Universidade de São Paulo, ​​Membro do Departamento de Nutrição da ​​Associação Brasileira ​para o​ Estudo da Obesidade ​e da Síndrome Metabólica​ (ABESO) e da American Society for Nutrition (ASN) e coordenadora de nutrição da Liga de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Referências

(1) Anton SD, Martin CK, Han H, et al. Effects of stevia, aspartame, and sucrose on food intake, satiety, and postprandial glucose and insulin levels. Appetite. 2010;55(1):37–43. doi:10.1016/j.appet.2010.03.009

(2) Urban JD, Carakostas MC, Taylor SL. Steviol glycoside safety: are highly purified steviol glycoside sweeteners foodallergens? Food Chem Toxicol 2015; 75: 71-8)

Sobre o autor

Jornalista especializada nas áreas de saúde, nutrição, beleza e fitness. Experiência de 21 anos na área e já escreveu para grandes grupos de comunicação do Brasil (Ex: Uol, Terra e O Estado de São Paulo). (Linkedin)