Maxixe: benefícios e como fazer receitas fáceis

Fruto de origem africana, o maxixe faz um maior sucesso nas cozinhas nordestinas, mas ainda é timidamente consumido no Sul e Sudeste do país. Trata-se de um ingrediente chave nos preparos do feijão, ensopados, saladas e, claro, da famosa maxixada.

Mas esse alimento não ganha destaque apenas pelo sabor bem semelhante ao do pepino, ele também é rico em nutrientes que proporcionam benefícios à saúde.

Por exemplo, ele pode auxiliar no tratamento da diabetes, fortalecer o sistema imunológico e ainda ajudar na perda de peso.

Maxixe inteiro e ao meio

O maxixe faz parte da lista dos alimentos com atuação cardioprotetora (Foto: depositphotos)

“O fruto apresenta diversidade de nomes, dependendo da região onde é encontrado. As mais conhecidas são o Cucumis anguria L., comum nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, e o maxixe-do-reino ou peruano, Cyclanthera pedata (L.) Schrad, uma hortaliça-fruto originária da América do Sul”, explica a nutricionista Creuza Nunes.

Além desses tipos, a nutricionista Letícia Rocha cita o liso japonês. Nesse caso, a casca não é espinhenta e há ausência de amargor no gosto. Assim como acontece com os demais, o consumo dessa variedade contribui com a cicatrização dos tecidos.

Benefícios do maxixe

“Ele possui nutrientes como o zinco, que é um mineral muito importante para o bom funcionamento do nosso organismo. Além disso, ele é fonte de sais minerais como cálcio, fosforo, magnésio, potássio e vitamina C“, menciona Rocha.

E Nunes acrescenta: “possui também vitaminas do complexo B, além de ser uma boa fonte de fibras.”

Auxilia no tratamento da diabetes

As nutricionistas recomendam o consumo entre os portadores de diabetes.

“O paciente diabético pode fazer uso sem nenhum problema. O maxixe apresenta fibras, que é um nutriente importante para controlar o nível de glicemia na corrente sanguínea”, indica Creuza Nunes.

Ele consegue oferecer um equilíbrio adequado na alimentação dos diabéticos. Para isso, é necessário consumi-lo diariamente e variando com outros vegetais como folhas verdes, berinjela, jiló, pepino, tomate, cebola, quiabo, chuchu etc. (1)

Fortalece o sistema imunológico

Para a especialista em nutrição, Letícia Rocha, o sistema imunológico pode ser fortalecido devido à ação antioxidante presente nesse alimento. Ele consegue bloquear a ação dos radicais livres, responsáveis pela degradação e morte das células. Por essa razão, aumenta a imunidade do corpo, impedindo doenças.

O zinco é outro componente com papel biológico importante no fortalecimento do sistema imune. Isso porque a deficiência desse mineral aumenta as chances do indivíduo apresentar infecções e outras doenças. (2)

Uma cartilha do Ministério da Saúde traz orientações sobre alimentação para portadores de HIV, no intuito de ajudar esses pacientes a ter um equilíbrio nas refeições, mantendo o corpo mais forte e saudável.

Entre esses alimentos está o maxixe, chuchu, abobrinha, vagem e outros, com a recomendação de consumir de 3 a 5 porções por dia. (3)

Cicatrizante

Creuza Nunes explica que o fruto em questão tem ação anti-inflamatória e cicatrizante, melhorando o quadro de ferimentos internos e externos. Tudo isso também graças ao zinco, elemento essencial para acelerar o processo de cura. (2)

Auxilia na saúde masculina

As nutricionistas também destacam o combate e a prevenção de problemas de próstata em pacientes que consomem regularmente o maxixe.

Um artigo publicado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) explica que essa ação vem do zinco, pois uma das funções da próstata é o acúmulo desse mineral.

Na verdade, o que acontece é bem simples, o zinco fica na mitocôndria das células da próstata. Lá ele inibe a oxidação terminal, evitando diversos problemas, principalmente o surgimento de tumores. (4)

Reduz o colesterol

As fibras são colocadas como compostos que ajudam a reduzir o risco de doenças cardiovasculares, uma das principais causas de mortes prematuras no Brasil.

E não é à toa que ganharam essa fama, pois elas são capazes de reduzir os níveis de colesterol no sangue. Além disso, também ajudam a regular a hipertensão arterial. (2)

Por essas razões, o maxixe é colocado pelo Ministério da Saúde no grupo dos alimentos cardioprotetores. Sendo assim, devem ser consumidos com maior frequência. (5)

Auxilia no emagrecimento

Por último, um benefício que agrada a muitos consumidores: o poder emagrecedor.

“Apresenta baixo valor calórico, cada 100 g de maxixe possui cerca de 14 calorias apenas, além de que possui uma boa fonte de fibras, o que ajuda no processo de saciedade para quem busca perder peso. Lembrando que também é importante ter uma alimentação adequada e uma frequência de atividade física para maiores resultados”, lembra a nutricionista Creuza Nunes.

Tabela nutricional

Porção de 100 gramasQuantidade por porção
Valor energético14 Kcal
Proteína1,4 g
Colesterol –
Carboidrato2,7 g
Fibra2,2 g
Cálcio21 mg
Fósforo25 mg
Ferro0,4 mg
Sódio11 mg
Potássio328 mg
Vitamina C9,6 mg
Magnésio10 mg

* Valores diários de referência com base em uma dieta de 2000kcal ou 8400kj. Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas. Dados retirados do TACO, edição revisada e ampliada.

Receitas

Esse fruto pode ser consumido cru, cozido ou refogado. Pode ser o ingrediente principal ou incrementar outra receita. Mas independentemente da forma utilizada na cozinha, ele deve passar por uma limpeza minuciosa.

“Antes de tudo, lavar em água corrente com auxilio de uma escovinha (uso exclusivo para legumes). Em seguida, retira as extremidades da casca com o auxílio de uma faca, corta ao meio e fatia”, aconselha a nutricionista, Letícia Rocha.

Já quem quiser comê-lo cru, Creuza Nunes recomenda raspar o fruto com uma faca ou retirar uma casca bem fina, evitando o desperdício. Enquanto que no preparo de receitas, a nutricionista indica alguns temperos que combinam perfeitamente, como: sal, azeite, limão, cebolinha e pimenta.

Maxixada

Ingredientes

  • 20 maxixes cortados em rodelas
  • 1 cebola roxa ou branca picada
  • 1 tomate picado
  • 1 pimentão picado
  • 2 dentes de alho amassados
  • Coentro a gosto
  • Azeite
  • 450 ml de leite de coco
  • Sal e pimenta do reino a gosto.

Modo de preparo

Refogue no azeite a cebola e o alho. Depois acrescente o tomate e o pimentão, mexendo bem todos os ingredientes.

Acrescente o maxixe, mexa mais uma vez e adicione os temperos (sal e pimenta do reino). Por fim, adicione o leite de coco, mexa e deixe ferver com a panela fechada. O ponto ideal é quando o maxixe estiver bem macio.

Refogado com quiabo

Bela Gill explica nesse vídeo alguns nutrientes e benefícios do maxixe. Além disso, ensina a fazer um refogado com quiabo. A receita é muito simples e leva poucos ingredientes, acompanhe!

Como fazer feijão com maxixe?

Ingredientes

  • 200 g de feijão cozido, com o caldo do cozimento
  • 6 maxixes, raspados e cortados em 4 partes
  • 2 colheres (de sopa) de óleo
  • 1 cebola pequena cortada em cubos
  • 1 dente de alho amassado
  • 1/2 xícara (de chá) de cheiro verde
  • Sal e pimenta a gosto.

Modo de preparo

Deixe a cebola e o alho dourarem no óleo. Depois acrescente o feijão juntamente com o sal e a pimenta. Assim que o caldo ferver, adicione os maxixes. Eles devem ficar no fogo até cozinharem e então se adiciona a cebolinha e a salsinha. Desligue o fogo e sirva com arroz branco. (6)

Ensopadinho de maxixe

As nutricionistas indicam o preparo do maxixe como um ensopado, veja como fazer!

Ingrediente

  • 6 a 8 maxixes
  • 1 cebola pequena picadinha
  • 1 dente de alho
  • 1 colher (de sopa) de azeite
  • 1 tomate picado
  • 1 pitada de colorau
  • Coentro e cebolinha verde picados
  • Pimenta e sal a gosto.

Modo de preparo

Coloque o azeite em uma panela e deixe dourar o alho e a cebola, Junte a pimenta, o colorau, o tomate e deixe refogar.

Acrescente os maxixes, coloque água suficiente para cobri-los e deixe cozinhar em fogo médio. Coloque o sal, mexa de vez em quando até que fiquem macios. Quando estiver quase pronto, um pouco antes de retirar a panela do fogo, acrescente o cheiro verde (coentro e cebolinha).

Salada

“O maxixe cru pode ser usado na forma de salada em substituição ao pepino. Para salada, prefira frutos mais verdes, que ainda não formaram sementes”, recomenda Creuza Nunes.

Ingrediente

  • 8 maxixes lavados, raspados e cortados em rodelas
  • 1/2 xícara (de chá) de vinagre branco
  • 1 colher (de sobremesa) de açúcar
  • 2 colheres (de sopa) de salsinha e cebolinha picadas
  • Sal e pimenta a gosto.

Modo de preparo

Coloque todos os ingredientes em uma tigela e misture bem. A dica é servir a salada gelada. (6)

Vinagrete de maxixe com frango grelhado

Ingrediente

  • 500 g de peito de frango cortados em filés e temperados com sal, alho e suco de limão a gosto
  • 5 colheres (de sopa) de azeite
  • 1/2 xícara de cebola picada
  • 1 alho amassado
  • 1/2 xícara de tomate picado
  • 1/2 xícara de maxixe picado
  • 2 colheres (de sopa) de vinagre
  • 1/2 xícara de salsa e cebolinha picada.

Modo de preparo

Primeiramente, aqueça uma frigideira antiaderente e grelhe os filés de frango até que eles fiquem dourados, depois reserve-os. Na mesma panela, coloque azeite, cebola e alho, deixando-os refogar. Acrescente o tomate e o maxixe posteriormente, até que eles fiquem murchos. Nesse ponto, desligue o fogo, acrescente o vinagre, a salsa e a cebolinha. Finalize colocando a mistura em cima dos filés e servindo. (7)

Malefícios do consumo: existe contraindicação?

De acordo com a nutricionista Letícia Rocha, não há contraindicações no consumo do maxixe. No entanto, é importante escolher bem na hora da compra. “Evite o consumo quando ele começar a mudar de cor (ficando amarelinho), pois o mesmo fica amargo nas preparações”, alerta a especialista.

*Artigo feito com a colaboração das nutricionistas Creuza Nunes (CRN-25439/PE) e Letícia Rocha (CRN- 25870/P).

Referências

(1) Ministério da Saúde. “Abordagem nutricional em diabetes mellitus“. Brasília, 2000. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/abordagem_nutricional_diabetes_mellitus.pdf. Acesso em: 23 de outubro de 2019.

(2) MATTOS, Mônica Andrade de. “Bioprospecção do maxixe (Cucumis anguria L.): Elaboração da Farinha e apresentação de produto“. Universidade Federal de Campina Grande, 2016. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/bitstream/riufcg/1148/1/M%C3%94NICA%20ANDRADE%20DE%20MATOS%20-%20DISSERTA%C3%87%C3%83O%20PPGCNBio%202016.. Acesso em: 23 de outubro de 2019.

(3) Ministério da Saúde. “Cartilha de alimentação para portadores de HIV/AIDS“. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd07_17.pdf. Acesso em: 23 de outubro de 2019.

(4) ROCHA, Karolynne de Araujo Marins José. “Análise da distribuição de zinco em células tumorais prostáticas DU145 utilizando microfluorêscencia de raios X“. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015. Disponível em: http://www.con.ufrj.br/wp-content/uploads/2015/07/Disserta%C3%A7%C3%A3o-Karolynne-de-Araujo-Marins-Jos%C3%A9-Rocha.pdf. Acesso em: 23 de outubro de 2019.

(5) Ministério da Saúde. “Alimentação cardioprotetora“. Brasília, 2018. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alimentacao_cardioprotetora.pdf. Acesso em: 23 de outubro de 2019.

(6) Embrapa. “Maxixe“. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/195070/1/digitalizar0187.pdf. Acesso em: 23 de outubro de 2019.

(7) Sesc. “Experimenta!“. São Paulo. Disponível em: https://www.sescsp.org.br/files/artigo/3482005a/0cfb/41ed/87db/b9d2fc024356.pdf. Acesso em: 23 de outubro de 2019.

Sobre o autor

Formada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, tem experiência em rádio e escreve para o Remédio Caseiro desde 2015. Registro Profissional MTB-PE: 6750.