Cloreto de magnésio: para que serve e como tomar o suplemento

Aproximadamente 80% da população deveria fazer uso do cloreto de magnésio. Isso porque, segundo a nutróloga Tamara Mazaracki, essa é a estimativa de deficientes desse mineral.

“A ausência dessa substância é prejudicial para todo o corpo, pois ela está envolvida em mais de 300 reações enzimáticas essenciais à vida. Em outras palavras, o mineral é necessário para a saúde do coração, cérebro, dentes, ossos, músculos e diversos outros tecidos”, explicou.

Segmentos de cloreto de magnésio

A deficiência em cloreto de magnésio acarreta em fadiga crônica, envelhecimento precoce, asma e cáries (Foto: depositphotos)

Para explicar a importância do magnésio, Mazaracki faz uma associação entre o funcionamento do nosso corpo e das plantas, as quais possuem o mineral no centro da molécula de clorofila.

“É ele que captura a luz solar e a transforma em energia num processo conhecido como fotossíntese, ou seja, nas plantas essa substância transforma a luz em alimento. Quando há deficiência de magnésio a planta definha, perde o viço e começa a morrer. Nós somos assim também: não poderíamos respirar, mover os músculos ou usar o cérebro sem magnésio suficiente em nossas células.”

O grande problema é que o corpo só absorve de 20 a 50% do mineral ingerido, que é facilmente encontrado em vegetais de folhas verdes. Dessa forma, a maior parte do composto passa direto pelo intestino e é eliminado, o que não acontece com o cloreto de magnésio, que entre os diversos tipos do mineral é o que apresenta maior absorção do organismo.

O que é cloreto de magnésio e para que serve?

Segundo a farmacêutica Ianca Pereira, esse suplemento mineral é composto pelo magnésio e pelo íon cloreto, tendo como fórmula química o MgCl2. “É indicado para pacientes que relatam fadiga, dores nos ossos, deficiência de magnésio e também como adjuvante no tratamento da diabetes”, cita a profissional de farmácia.

Além disso, Tamara Mazaracki explica que ele tem ação direta na produção da molécula de energia do corpo, no funcionamento do músculo cardíaco e na formação de ossos e dentes. Também é importante no relaxamento de vasos sanguíneos, na função intestinal, e em muitos outros órgãos e tecidos.

Quais os benefícios?

“O magnésio estabiliza o DNA celular, promove sua replicação e transcrição: se o nível dele é baixo isto pode acelerar o envelhecimento das células”, alerta a médica. Para ela, o mineral tem uma versatilidade curativa na saúde humana, por isso pode ser utilizado como tratamento para alguns problemas, como:

  • Enxaqueca
  • Depressão
  • Ansiedade
  • Insônia
  • Dor
  • Memória
  • Hipertensão arterial
  • Diabetes.

Ele emagrece?

Segundo a nutróloga, não existe relação entre o mineral e o emagrecimento. Para conseguir perder peso de verdade, é preciso aliar uma alimentação equilibrada com a prática de exercícios físicos, fazendo ambos de forma contínua e acompanhados dos profissionais da área.

Curiosidade

No organismo humano, quase todo o magnésio fica guardado dentro das células e apenas 1% circula na corrente sanguínea, por isso os exames de sangue não evidenciam a deficiência do mineral corretamente. Já os órgãos metabolicamente mais ativos, como cérebro, coração, fígado e rins possuem uma maior concentração dessa substância. Cerca de 60% desse mineral está armazenado nos ossos, 26% nos músculos e os 14% restantes estão distribuídos pelos órgãos, tecidos e fluidos corporais.

Como tomar esse suplemento?

“O cloreto de magnésio em pó que é comercializado em farmácias, vem geralmente com 33 g para ser diluído em água. Já as cápsulas contam com a vantagem de poder manipular a dosagem e padronizar para cada paciente, de acordo com a sua necessidade, por isso a importância de utilizar com orientação médica”, indica a farmacêutica Ianca Pereira.

Já com relação à dose mínima diária, a nutróloga recomenda 400 mg para homens e 310 mg para mulheres, mas a dose suplementar varia entre 400 e 1.000 mg por dia, dependendo de cada caso e da idade do paciente. “O ideal é sempre começar com a dose mais baixa e depois, se necessário, aumentar a quantidade”, explica Mazaracki.

A opção em sachê possui um sabor amargo, por isso não é tolerada por todos. Por essa razão, a profissional de farmácia indica usá-lo em pequenas quantidades misturado com alimentos e ir aumentando as doses de forma gradual.

“Recomenda-se que seja ingerido junto a uma refeição, pois isso ajuda a reduzir ou evitar efeitos colaterais como dores estomacais e diarreia. Independente da forma adquirida, deve ser consumido com bastante água”, finaliza Pereira.

Faz mal tomar todos os dias?

Segundo Tamara Mazaracki, o magnésio pode ser tomado diariamente e sem limite de tempo. Além disso, a comercialização do suplemento é livre, por isso não há necessidade de apresentar receita médica na compra.

“Todavia, é de extrema importância ressaltar que todo e qualquer medicamento ou suplemento deve ser usado com orientação médica e farmacêutica para que a eficácia do tratamento e segurança do paciente sejam assegurados”, aconselha a profissional de farmácia Ianca Pereira.

Qual a diferença entre cloreto de magnésio e magnésio dilamato?

Sigla do magnésio

O cloreto de magnésio é o mineral que apresenta maior absorção do organismo (Foto: depositphotos)

Além da fórmula, Ianca Pereira aponta outras diferenças entre o cloreto e o dilamato. Ambos possuem Mg, mas enquanto o primeiro possui duas moléculas de cloro, o segundo é composto por duas de ácido málico.

A presença dessas substâncias são determinantes para aumentar a biodisponibilidade do mineral no intestino. No entanto, o ácido tem um benefício bônus: sua participação no ciclo de Krebs. “Essa reação bioquímica gera energia para o funcionamento do corpo. Quando chegam ao intestino, o magnésio e o ácido málico se dissociam e vai cada um cumprir sua função, então o paciente acaba tendo dois benefícios”, explica.

Esse efeito benéfico do dilamato também é citado pela nutróloga, a qual indica o seu uso especialmente para pessoas que sofrem de fadiga. “Há evidências de que o malato de magnésio pode reduzir a dor muscular e pontos dolorosos em pessoas com fibromialgia. Estas propriedades o tornam interessante para praticantes de atividade física.”

Outra diferença entre os produtos é com relação ao custo. Segundo a farmacêutica, o cloreto é mais barato, por essa razão é mais rentável para quem necessita fazer um tratamento a logo prazo.

“Além do dimalato, outras formas queladas de magnésio (aspartato, orotato, treonato, citrato, glicinato) têm boa absorção e são indicadas para tratar sintomas específicos”, complementa Mazaracki.

Contraindicações e efeitos colaterais

As duas profissionais consultadas não aconselham o uso desse suplemento em pacientes com insuficiência renal severa, pois o magnésio é metabolizado e excretado principalmente pelos rins. Além da desidratação, outra contraindicação desse produto.

No caso das grávidas, a suplementação deve ser feita com acompanhamento médico. Vale salientar que o uso do magnésio é indicado para as gestantes pois ajuda a prevenir eclâmpsia e pré-eclâmpsia. Além de combater câimbras, enjoo, retenção hídrica e preservar sua estrutura óssea.

Já quem não apresenta nenhum dos casos citados anteriormente, deve fazer uso de forma consciente, prevenindo efeitos colaterais. “Para evitar reações indesejadas deve-se começar com uma dose baixa e depois ajustar até chegar à dose adequada. Se houver qualquer tipo de reação desconfortável, isto é um sinal para reduzir a dose”, alerta a médica.

Ela também indica alguns efeitos adversos associados ao excesso de magnésio, como náusea, diarreia, perda de apetite, queda de pressão e fraqueza muscular. Esses sintomas podem ocorrer em qualquer indivíduo, no entanto é mais comum em pacientes com hipotireoidismo severo, colite, gastroenterite ou que utilizam medicamentos contendo esse mineral, como antiácidos e laxantes.

Perguntas frequentes

O que acontece no corpo na ausência de magnésio?

Fadiga crônica, envelhecimento precoce, asma e cáries são alguns dos problemas que surgem em um organismo com deficiência desse mineral, conforme conta a nutróloga.

Além disso, a falta dessa substância pode ser detectada a partir de queixas, desconfortos e diversas doenças, como:

  • Sistema muscular, ósseo e articular: dores, espasmos e fraqueza muscular, câimbras, dor lombar, dores articulares, osteoartrite, osteoporose
  • Sistema nervoso: estresse, insônia, ansiedade, pânico, depressão, nervosismo, hiperatividade, desordem de atenção, enxaqueca
  • Sistema circulatório: doença cardíaca, trombose, batimentos irregulares, hipertensão arterial
  • Sistema endócrino: síndrome metabólica, diabetes tipo 2, hiperglicemia, hipoglicemia, doença hepática
  • Sistema digestivo: doenças intestinais, constipação, soluços
  • Sistema reprodutivo: tensão pré-menstrual, infertilidade, cólica menstrual, pré-eclâmpsia e eclampsia, baixo nível de testosterona em homens
  • Sistema renal: doença renal, cálculos, cistites de repetição e retenção hídrica.

Quais as causas da deficiência?

Existem diversas causas que explicam a ausência do magnésio e a presença desses sintomas, como por exemplo a ingestão excessiva de cálcio, carboidratos refinados (açúcar, xarope de milho rico em frutose e farinha branca), refrigerantes (diet e regular), sódio (sal), medicamentos (diuréticos, antiácidos tipo omeprazol, insulina) e bebidas alcoólicas.

Mazaracki explica que doenças também contribuem com o quadro, por isso dor crônica (qualquer causa), diabetes, resistência insulínica, diarreia, doenças intestinais (colite ulcerativa, Crohn, síndrome do intestino irritável) e vômitos são outras causas.

Isso tudo sem contar em pacientes com dieta muito restritiva, usuários de tabaco e outras drogas (anfetamina, cocaína, ecstasy), que excedem as atividades físicas ou passam por um estresse físico e/ou mental. Por fim, cirurgias e suor excessivo podem ser inclusos como possíveis explicações para a ausência de magnésio.

Quem mais precisa desse mineral?

Segundo a médica, idosos, diabéticos e pré-diabéticos, portadores de doenças cardíacas (e que fazem uso de remédio controlado), hipertensos e portadores de osteoporose são alguns grupos que precisam mais do magnésio. Além deles, há também maior necessidade entre pessoas com dietas restritivas, usuários de bebidas alcoólicas, atletas e indivíduos com grande estresse mental.

O que significa a sigla P.A nos produtos?

A farmacêutica Ianca explica que a sigla significa “puro para análise”, fazendo referência ao grau de pureza do cloreto de magnésio. Isso significa dizer que o produto está sendo considerado o mais puro possível.

Quais são as fontes naturais desse mineral?

Alimentos ricos em magnésio

As principais fontes de magnésio são os vegetais e folhas verdes, bananas, sementes oleaginosas e o cacau (Foto: depositphotos)

“O magnésio está presente em alimentos ricos em clorofila, como vegetais e folhas verdes, e também no cacau e chocolate amargo, sementes oleaginosas, linhaça, chia, frutas (as mais ricas são abacate, coco, banana, figo, damasco e tâmara), proteína do soro do leite (whey protein), algas (spirulina, chlorella), peixes e frutos do mar, feijões, e melado de cana”, cita a nutróloga Tamara Mazaracki.

No entanto, a profissional chama a atenção sobre a forma como os alimentos do reino vegetal são cultivados. “Os fertilizantes utilizados são à base de NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), que fazem a planta crescer muito e parecer saudável, porém a depleção crônica de minerais essenciais no solo empobrece os nossos alimentos“, revela.

Ainda segundo a médica, essa pode ser uma das principais causas para a deficiência crônica da população. Mas, as consequências desse quadro só ficarão mais evidentes à medida em que se envelhece.

Portanto, nasce a urgência de procurar médicos e profissionais da saúde para investigar o teor do mineral no organismo, principalmente se houver sintomas inclusos no caso. Assim, quanto mais cedo iniciar o tratamento com cloreto de magnésio, mais chances esse suplemento tem de melhorar a saúde.

*Artigo feito com a colaboração da nutróloga Tamara Mazaracki, membro da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) (CRM 52 301716), e da farmacêutica Ianca Pereira Silva (CRF: 7429-PE).

Referências

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» Cardiology Research & Practice 2019. Prevention of Cardiovascular Disease: Screening for Magnesium Deficiency.

» Open Heart 2018. Subclinical magnesium deficiency: principal driver of cardiovascular disease & a public health
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» Clinical Nutrition ESPEN 2018. Association of dietary and serum magnesium with glucose metabolism markers.

» Nutrition 2017. Effect of magnesium supplementation on insulin resistance in humans: A systematic review.

» Nutrients 2019. Association between Dietary Magnesium Intake & Magnetic Resonance Parameters for Knee
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» BMC Bioinformatics 2012. 3.751 magnesium binding sites have been detected on human proteins.

» Advances in Nutrition 2016. Perspective: The Case for Evidence-Based Reference Interval for Serum Magnesium:
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» International Journal of Molecular Sciences 2019. Magnesium and Drugs.

» Nutrients 2018. Magnesium: Are We Consuming Enough?

» DR. Sircus. 2012. Magnesium Chloride Benefits.

Sobre o autor

Formada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, tem experiência em rádio e escreve para o Remédio Caseiro desde 2015. Registro Profissional MTB-PE: 6750.