Jiló: receitas, benefícios e como tirar o amargo dele

O amargo do jiló é tão característico que até já protagonizou uma música do Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Mas é exatamente essa particularidade que faz desse alimento um aliado para quem quer emagrecer.

De acordo com a nutricionista e musa fitness, Bella Falconi, o sabor pode até dividir opiniões na culinária, mas não se pode negar os efeitos positivos desse alimento.

“Com grande quantidade de água e baixo valor calórico, o jiló é uma opção saudável e possui diversas vitaminas, entre elas vitamina A, vitamina C e vitamina B“, explica a profissional.

Quatro jilós verdes
O jiló é da mesma família do tomate, da berinjela e do pimentão e é conhecido por seu sabor amargo (Foto: depositphotos)

Além disso, ele é rico em minerais como cálcio, potássio, fósforo, ferro e magnésio. Isso tudo sem contar no grande conteúdo de fibras que também recebe destaque por Falconi.

Vale destacar ainda que o fruto do jiloeiro também consegue combater problemas no coração e no fígado. Tudo isso graças às substâncias antioxidantes presentes em sua composição.

Parente do tomate e do pimentão, o jiló é tido como uma fruta e não um legume. Na cozinha, pode ser utilizado de diversas maneiras como em um refogado, na salada ou em uma farofa.

Benefícios do jiló

“A sabedoria popular há muito tempo utiliza o jiló para combater doenças no sangue, constipação, diabetes, colesterol e melhorar a saúde bucal. Hoje, a ciência também comprova estes benefícios e muitos outros mais”, confirma Bella Falconi.

Emagrece

De acordo com a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO), 100 gramas desse fruto cru possui apenas 27 calorias. Além disso, aproximadamente 92% do alimento é composto por água. (1)

A combinação desses fatores faz com que o alimento seja ideal para compor a dieta de quem está buscando a perda de peso. E a nutricionista complementa: “jiló é diurético e aumenta a sensação de saciedade”.

Portanto, pode auxiliar no processo de emagrecimento ao eliminar os líquidos retidos pelo corpo e ao prolongar o tempo em que o consumidor não sente fome.

No entanto, não deve ser visto como um milagroso redutor de medidas, devendo estar associado à uma mudança alimentar e à prática de exercícios físicos.

Trata problemas no fígado

De uma maneira geral, uma alimentação baseada em frutas, legumes e verduras consegue ajudar no controle e na prevenção da gordura no fígado.

No caso do jiló, ele também é benéfico pois age como um estimulante do metabolismo hepático. Sendo assim, ajuda a tratar e a evitar doenças que afetam esse órgão como hepatite aguda ou crônica, cirrose hepática, maus efeitos do alcoolismo e cálculos biliares.

Por exemplo, a esteatose hepática é um problema que pode ser controlado com uma dieta a base desse fruto. Mas, claro, ele deve estar sempre associado a outros alimentos, principalmente aos integrais. (2,3)

Ajuda a controlar a diabetes

“Por ser rico em fibras, ajuda na redução dos índices glicêmicos do sangue”, cita a musa fitness. Para quem não sabe, esse composto atrasa a transformação de carboidratos em glicose, fazendo com que a absorção de açúcar seja mais lenta no organismo.

Esse benefício é especialmente importante para quem tem diabetes mellitus tipo II ou para quem deseja prevenir essa condição. (4)

Protege o coração

Tanto os flavonoides como as fibras e alcaloides presentes nesse fruto podem atuar como redutores dos níveis de colesterol ruim (LDL) no sangue.

“O consumo de jiló ajuda a prevenir que placas de gordura nos vasos sanguíneos se acumulem, devido a presença de flavonoides, que também atuam no combate aos radicais livres e a inflamação das artérias”, explica Bella Falconi.

Isso significa dizer que o alimento pode ser adotado em uma dieta que favoreça a saúde do coração, pois evita diversas doenças cardiovasculares como aterosclerose, arritmia, enfarte, hipertensão etc.

Previne e trata a anemia

A musa fitness lembra que o ferro e as vitaminas do complexo B estão presentes nesse alimento e, por isso, ele pode ser um aliado no combate à anemia e no fortalecimento das defesas do corpo.

Contribui com a saúde bucal

O amargor tão criticado por uns e amado por outros é o responsável por esse benefício. Segundo Bella Falconi, o sabor estimula a produção de saliva e age como um antibactericida.

Por essas razões, o alimento é tido como um protetor dos dentes contra a formação de tártaro e ainda possui ação contra a halitose, condição popularmente conhecida como mau hálito.

Melhora o trânsito intestinal

Por último, mas não menos importante, o efeito do jiló sobre o intestino. Também devido as fibras, esse alimento contribui com os movimentos peristálticos, facilitando a eliminação das fezes.

Na prática, essa ação evita problemas intestinais muito corriqueiros na saúde do brasileiro, um exemplo disso é a famosa prisão de ventre ou intestino preso, como também é chamada.

Ainda segundo a TACO, 100 gramas desse fruto é composto por 4,8 gramas de fibras. Mas para a Organização Mundial da Saúde (OMS), um organismo saudável precisa de 25 gramas desse composto por dia, sempre equilibrando com uma boa ingestão de água.

Portanto, além desse alimento, é importante incorporar outros produtos naturais à dieta, mantendo-a diversificada e saudável. Entre os alimentos ricos em fibras estão: linhaça, gergelim, ervilha em vagem, pão de forma integral etc. (1,3,4)

Tabela nutricional do jiló

Porção de 100 gramasQuantidade por porção
Valor energético27 Kcal
Proteína1,4 g
Colesterol –
Carboidrato6,2 g
Fibra4,8 g
Cálcio20 mg
Fósforo29 mg
Ferro0,3 mg
Sódio –
Potássio213 mg
Vitamina C6,8 mg
Magnésio21 mg

* Valores diários de referência com base em uma dieta de 2000kcal ou 8400kj. Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas. Dados retirados do TACO, edição revisada e ampliada.

Como tirar o gosto amargo do jiló?

Há duas maneiras de retirar o amargo dessa fruta. A primeira delas é ideal para quando o jiló for servido como aperitivo. Para isso, corte-o em lâminas e frite. Em seguida, salpique sal. Durante a fritura o sabor marcante é eliminado.

O outro modo é o mais comum, basta cortar o fruto em quatro partes e deixá-lo de molho em água e sal. Permita que ele fique mergulhado na mistura durante 15 ou 20 minutos antes de ser cozido. Mas lembre-se, quando for cozinhá-lo, não acrescente mais sal. (5)

Receitas com jiló

Geralmente, o jiló não é consumido cru, nem mesmo em saladas. A forma mais tradicional é refogado, mas nessa versão é possível que suas propriedades vitamínicas se percam no preparo. Sendo assim, a melhor recomendação é cozinhá-lo a vapor ou com pouca água. (3,5)

Jiló refogado

Ingredientes

  • Jilós cortados em forma de cruz
  • Alho
  • Cebola
  • Azeite
  • Temperos de sua preferência.

Nessa receita, basta deixar o fruto de molho na água com sal. Em seguida, refogar alho e cebola no azeite, acrescentando o jiló já picado. Mexa delicadamente enquanto adiciona os temperos de sua preferência e depois tampe a panela.

Deixe cozinhar por alguns minutos e retire do fogo quando o fruto estiver cozido, mas ainda assim firme. Para evitar que o jiló grude na panela enquanto cozinha, adicione um pouco de água. (5)

Jiló frito

O chef Taico ensina como fazer o fruto frito e ainda assim saudável. Confira os ingredientes a seguir e o modo de preparo no vídeo do profissional!

Ingredientes

  • 12 jilós esverdeados fatiados
  • 2 colheres (de sopa) de vinagre
  • 2 colheres (de sopa) de amido de milho
  • Sal, pimenta e óleo.

Modo de preparo

Farofa

Ingredientes

  • 16 jilós fatiados em lâminas finas
  • 2 cebolas roxas picadas
  • 2 dentes de alho
  • 1 pimenta de cheiro picada
  • 1 colher (de sopa) de cebolinha picada
  • 3 colheres (de sopa) de azeite
  • Sal a gosto
  • Farinha de mandioca.

Modo de preparo

Refogue a cebola e o alho no azeite, depois acrescente o jiló e os demais temperos. Refogue tudo e desligue o fogo. Adicione a farinha aos poucos até que a farofa fique no ponto que você gosta, mais seca ou ainda úmida.

Salada

Ingredientes

  • 24 jilós
  • 5 tomates maduros picados
  • 5 dentes de alho picados
  • 1 colher (de chá) orégano
  • 1 cebola grande picada em cubos pequenos
  • ½ xícara (de chá) azeite
  • ½ xícara (de chá) de vinagre
  • Sal a gosto.

Modo de preparo

Primeiramente, corte os jilós em cruz. Depois, ferva-os com água, sal e orégano até que eles fiquem macios e firmes. Em seguida, escorra a água e reserve os frutos.

Coloque todos os demais ingredientes em uma panela no fogo e faça um molho com eles, adicione água o suficiente para que o molho não fique grosso. Por fim, despeje esse molho por cima dos jilós e deixe marinar por até um dia antes de servir essa salada. (5)

Curiosidades sobre o fruto

Jiló pertence à família Solanácea, por isso é parente não só do tomate e pimentão como também da berinjela. Seu nome científico é Solanum gilo. Uma outra curiosidade é que muitas pessoas utilizam esse fruto para alimentar passarinho. (1,5)

Como comprar?

Ao contrário de outras frutas, não é preciso apertá-lo para saber se ele está bom para o consumo. Para ter certeza que aquele é o melhor fruto, basta ficar de olho nas características da casca.

A parte externa deve ser da cor verde, com aparência lisa e brilhante. Também é recomendado que ela não tenha sinais de ferimentos ou pontos escuros. Descarte os jilós murchos, maduros ou que possuam machucados. (5)

Qual sua origem?

Não se sabe com exatidão a origem desse alimento, mas estudiosos acreditam que ele provavelmente seja originário da Ásia ou África. No Brasil, ele foi introduzido no século XVII através dos africanos que vieram para o país durante o período de escravidão. (5)

Comer maduro faz mal?

Os frutos maduros não fazem mal, mas quando amadurecem ficam impróprios para o consumo pois apresentam sabor e textura desagradáveis.

Para fujir dos maduros é só prestar atenção à coloração da casca que costuma ficar amarelada ou laranja-avermelhada. Além disso, as sementes endurecem nessa fase de maturação.

De uma maneira geral, eles amadurecem rapidamente entre dois e três dias. No entanto, se armazenados na geladeira, embalados em saco plástico próprio para alimentos, podem ser conservados por até cinco dias. (5)

Existem malefícios?

Segundo a musa fitness, em doses moderadas, o jiló só traz benefícios. Pode ser consumido até duas vezes na semana, sempre alternando entre as demais frutas e os legumes.

No entanto, por ser rico em ferro, o consumo em excesso pode ser um tanto prejudicial, “acarretando em enjoos, vômitos e diarreias“, alerta a nutricionista.

*Artigo feito com a colaboração de Bella Falconi, blogueira fitness, bacharel em Nutrição e Mestranda em Nutrição Aplicada na Northeastern University.

Referências

(1) Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação; Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação. “Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO)“. 2011. Disponível em: http://www.nepa.unicamp.br/taco/contar/taco_4_edicao_ampliada_e_revisada.pdf?arquivo=taco_4_versao_ampliada_e_revisada.pdf. Acesso em: 22 de janeiro de 2020.

(2) SANTOS, Camila Felicio dos. “Esteatose hepática“. Faculdade de Tecnologia Ebramec, 2018. Disponível em: https://ebramec.edu.br/wp-content/uploads/2019/02/ESTEATOSE-HEP%C3%81TICA.pdf. Acesso em: 22 de janeiro de 2020.

(3) PINHEIRO, Jadir Borges; et al. “A cultura do Jiló“. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), 2015. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/165357/1/PLANTAR-Jilo-ed-01-2015.pdf. Acesso em: 22 de janeiro de 2020.

(4) UNIMED. “Fibras alimentares“. Disponível em: http://www.unimed.coop.br/portalunimed/cartilhas/fibras/pdf/cartilha.pdf. Acesso em: 22 de janeiro de 2020.

(5) LANA, Milza Moreira; et al. “Jiló“. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Disponível em: https://www.embrapa.br/documents/1355126/31107372/JIL%C3%93_CCCC_2017.pdf/d2e03658-8fbc-9c7d-1ea4-5f3aa04e3ec7. Acesso em: 22 de janeiro de 2020.

Sobre o autor

Formada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, tem experiência em rádio e escreve para o Remédio Caseiro desde 2015. Registro Profissional MTB-PE: 6750.