O cardo mariano (Silybum marianum) é uma erva conhecida pelos seus efeitos positivos no tratamento de problemas que afetam o fígado, como: hepatites, cirrose e intoxicações.
Essa planta medicinal também serve para controlar a glicemia e os níveis de colesterol no sangue e aliviar o incômodo da indigestão.
Ela é fácil de ser usada e possui pouquíssimas contraindicações. Ficou curioso para saber mais? Então conheça a seguir os principais usos dela e como usá-la com segurança.
Índice
Para que serve o cardo mariano
Tratar problemas no fígado
Um dos principais usos terapêuticos do cardo mariano é no tratamento de problemas hepáticos.
Sua composição é rica em sibilina e em silimarina, substâncias com forte efeito protetor sobre as células do fígado, impedindo sua oxidação (degradação) e evitando danos causadores de problemas sérios.
A sibilina, em especial, impede a formação de cicatrizes causadas pela formação exagerada dos tecidos que prejudica o funcionamento do órgão.
Esse mesmo composto representa quase 70% de toda a composição da planta, faz com que a glândula (parte que pode produzir e secretar substâncias) consiga metabolizar melhor gordura e álcool, por exemplo. (1)
Inclusive, é devido a esse potencial que a infusão feita com a erva pode ser utilizada como tratamento complementar para doenças como cirrose, hepatite alcoólica e esteatose (gordura no fígado).
Outro ponto interessante é que a sibilina e a silimarina são capazes de impedir a replicação dos vírus causadores das hepatites B e C.
O chá pode ser uma maneira natural de controlar a infecção viral, sem ter os efeitos negativos dos antivirais tradicionais. (2)
A planta previne os danos causados por medicamentos que fazem mal às células hepáticas, como é o caso do paracetamol, o que aumenta a proteção para pessoas que já possuem o fígado fragilizado pelas enfermidades já citadas. (3)
Controlar a diabetes
O cardo mariano auxilia no tratamento da diabetes mellitus tipo 2, uma das formas mais comuns da doença.
Ela provoca a elevação da quantidade de açúcar no sangue e é causada, frequentemente, por um problema chamado resistência insulínica, ou seja, corpo não consegue aproveitar a totalidade desse hormônio, que metaboliza a glicose.
A erva age justamente diminuindo essa resistência, fazendo com que o corpo consiga reconhecer e utilizar a insulina produzida e secretada pelo pâncreas. (1)
Isso por si só já promove um controle da glicemia, mas o cardo mariano vai além e estimula o uso desse nutriente pelas células, favorece sua eliminação pelo organismo e ainda protege os órgãos dos danos que a maior quantia de açúcar provoca nos órgãos.
A melhor parte é que os extratos dessa planta medicinal apresentam poucos efeitos colaterais. (4)
É necessário, no entanto, destacar que isso não quer dizer que fazer uso do chá cura a doença, é preciso adotar o tratamento proposto pelo médico e hábitos de vida mais saudáveis.
Reduzir o colesterol e proteger o coração
Sabe aquele efeito que a silimarina exerce sobre o metabolismo hepático? Então, ele faz com que o consumo do extrato da erva seja um remédio natural para o colesterol alto, o que diminui os riscos de problemas cardiovasculares.
A principal substância do cardo mariano amplia a excreção do colesterol LDL (Lipoproteína de baixa densidade), o popular colesterol ruim, ao mesmo tempo que limita a síntese do mesmo pelo fígado e “blinda” as células dos possíveis danos ocasionados por esse excesso.
Tudo isso serve para impedir a formação de placas de gordura, que se fixam em órgãos e aumentam os riscos de problemas cardíacos.
O tratamento com a planta não só abaixa o LDL, mas também aumenta os níveis do HDL (Lipoproteína de Alta Densidade), o colesterol que é bom para a saúde. (5)
O cardo mariano ainda tem a capacidade de proteger as células cardíacas contra os estragos causados pelo estresse oxidativo, processo que pode causar alterações e levar até a morte celular. (6)
Aliviar os sintomas de problemas inflamatórios
O chá ou extrato de cardo mariano serve para promover um alívio para a inflamação, que é um mecanismo de defesa do próprio organismo.
Ou seja, serve para eliminar possíveis ameaças à saúde, porém tem como efeito colateral todos aqueles sintomas incômodos, como queimação, dor e acúmulo de pus.
A infusão impede a liberação de um tipo de célula de defesa que o corpo envia para um local que ele acha que está sendo atacado por forças externas e de outra substância, o peróxido de hidrogênio, que é liberada pelo sistema imune e funciona para dar início a inflamação. (7)
Os compostos fitoquímicos encontrados nas folhas e sementes da planta, por outro lado, melhoram a resposta imunológica, evitando uma reação exagerada e protegendo a região contra o desconforto derivado do processo inflamatório. (8)
Graças a esses componentes o cardo mariano pode auxiliar no tratamento de inflamações em diversos órgãos, como fígado, estômago e também de doenças reumáticas.
Acabar com a indigestão
Tomar uma xícara do chá de cardo mariano pode acabar com aquela sensação de estufamento após comer algo que não caiu muito bem.
Ele melhora o metabolismo hepático, que inclui a produção e excreção da bile, um tipo de detergente natural que atua diretamente no processo digestivo. (9)
Diminuir os riscos de doenças neurodegenerativas
Os compostos presentes no cardo mariano possuem o potencial de amenizar os riscos de doenças neurodegenerativas e de reduzir os riscos de traumas cerebrais ocasionados pelo estresse oxidativo ou doenças que impeçam o fluxo normal de sangue para a região.
Parte disso se deve ao efeito que os compostos ativos da erva tem de proteger as células cerebrais. (5)
Além disso, a silimarina e a sibilina agem como antioxidantes, evitando a degeneração celular na região, que é um problema comum em idosos. Como resultado, há um menor risco de desenvolver doenças como Parkinson e Alzheimer. (10)
Auxiliar no tratamento do câncer
O cardo mariano é considerado um agente quimioprotetor e quimiopreventivo natural. Isso quer dizer que ele pode auxiliar na prevenção e reversão do câncer.
A silimarina é antiproliferativa, ou seja, impede que as células cancerígenas se repliquem e se espalhem para outros tecidos.
Essa erva age contra o crescimento de vários tipos de câncer, como: leucemia, fígado, cólon, gástrico, no pâncreas, de pele, próstata, mama, bexiga, e cervical. (10)
Como usar o cardo mariano?
O cardo mariano pode ser usado na forma de chá, de tintura ou ainda em cápsulas.
No chá, ele deve ser preparado fervendo 1 colher (de sopa) das folhas e sementes da erva em uma xícara de água por 10 minutos. Em seguida basta coar e beber a infusão três vezes ao dia.
Caso decida pela tintura, basta diluir entre 3 e 6 ml em um copo de água e beber três vezes ao dia. A dosagem é a mesma indicada para as cápsulas. (5)
Cuidados e contraindicações
A única contraindicação encontrada para o uso do cardo mariano é para pessoas que possuam alguma alergia às plantas da família Asteraceae, a qual ela pertence.
No mais, a planta é considerada segura para uso, até mesmo durante a gravidez, amamentação e por crianças pequenas, desde que se respeite a quantidade indicada e sempre faça uso apenas com liberação médica nesses casos.
Não existe efeito colateral tóxico do uso recorrente. Porém, evite o consumo a longo prazo sem a orientação de um especialista. (5)
Onde encontrar?
O cardo mariano pode ser encontrado facilmente em lojas de produtos naturais e fitoterápicos, na forma de tintura, infusão ou cápsulas, ou ainda em feiras livres de todo o país.
Também é possível encontrar a erva crescendo naturalmente em algumas regiões brasileiras. Ela possui folhas grandes e de tom verde pálido e flores, que podem chegar até 12 centímetros, e são de um tom vibrante de roxo e apresentam pequenas linhas brancas.
(1) LOGUERCIO, Carmela; FESTI, Davide. Silybin and the liver: From basic research to clinical practice. World Journal of Gastroenterology, v.17, n.18, p.2288-2301, 2011. Disponível em: https://dx.doi.org/10.3748%2Fwjg.v17.i18.2288. Acesso em: 15 de dezembro de 2019.
(2) MEDEIROS, Kaline de Araújo; FERNANDES, Milen Maria Magalhães de Souza. O efeito terapêutico do cardo mariano para o tratamento de patologias hepáticas. Disponível em: https://editorarealize.com.br/revistas/cieh/trabalhos/TRABALHO_EV125_MD1_SA11_ID1678_10062019170502.pdf. Acesso em: 15 de dezembro de 2019.
(3) JÚNIOR, Hernani Pinto de Lemos; LEMOS, André Luis Alves de. Silimarina. Diagnóstico & Tratamento, v.17, n.1, p.18-20, 2012. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/1413-9979/2012/v17n1/a2842.pdf. Acesso em: 19 de dezembro de 2019.
(4) VORONEANU, Luminita et al. Silymarin in Type 2 Diabetes Mellitus: A Systematic Review and Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials. Journal of Diabetes Research, 2016. Disponível em: https://dx.doi.org/10.1155%2F2016%2F5147468. Acesso em: 15 de dezembro de 2019.
(5) BAHMANI, Mahmood et al. Silybum marianum: Beyond Hepatoprotection. Journal of Evidence-Based Complementary & Alternative Medicine, v.20, n.4, p.292-301, 2015. Disponível em: https://dx.doi.org/10.1177/2156587215571116. Acesso em: 15 de dezembro de 2019.
(6) KAUR, Ajit Kiran et al. Milk thistle (Silybum marianum): A review. International Journal of Pharma, Research & Development (online), v.3, n.2, 2011. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Neeraj_Sethiya2/post/Does_anyone_know_of_antinutritional_factors_in_milk_thistle_Silybum_marianum/attachment/59d61dd479197b807797a5df/AS:273628455735296@1442249515692/download/MILK+THISTLE+%28SILYBUM+MARIANUM%29+_+A+REVIEW.pdf. Acesso em: 15 de dezembro de 2019.
(7) KUMAR, Tekeshwar et al. Phytochemistry and Pharmacological Activities of Silybum marianum: A Review. International Journal of Pharmaceutical and Phytopharmacological Research, v.1, n.3, p.124-133, 2011. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/292384989_Phytochemistry_and_pharmacological_activities_of_Silybum_marianum_-_A_review. Acesso: em 15 de dezembro de 2019.
(8) SILVA, M.L. et al. Silybum marianum L. Gaertn (Asteraceae): Características e potencial terapêutico, 2017. Disponível em: http://www.cic.fio.edu.br/anaisCIC/anais2017/pdf/07_24.pdf. Acesso em: 15 de dezembro de 2019.
(9) EDWARDs, Sarah E. et al. Phytopharmacy: An Evidence‐Based Guide to Herbal Medical Products. Wiley Library, 2015. Disponível em: https://dx.doi.org/10.1002/9781118543436. Acesso em: 15 de dezembro de 2019.
(10) MILIC, Natasa et al. New Therapeutic Potentials of Milk Thistle (Silybum marianum). Natural Product Communications, v.8, n.12, p.1801-1810, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1177%2F1934578X1300801236. Acesso em: 15 de dezembro de 2019.