Arroz preto, maracujá vermelho e agora o café verde. Está cada dia mais comum ouvirmos falar sobre os alimentos que agem como suplementos naturais para emagrecer. Diferente do que acontece com o grão torrado, o café verde preserva as substâncias que auxiliam no emagrecimento e ainda combate os radicais livres.
Estudos da Sociedade Americana de Química provaram que a ingestão contínua do grão verde estimula até 10% de perda do valor da gordura corporal. Os testes foram feitos com indivíduos durante seis meses e, aqueles que ingeriram o pó de café verde apresentaram resultados positivos.
Índice
Café verde emagrece?
Sim, de acordo com a nutricionista Karla Maciel o café verde favorece o gerenciamento do peso devido à presença de catequinas e ácido clorogênico em altas quantidades. Substâncias são perdidas gradualmente durante o processo de torra e agem diretamente sobre como funciona o metabolismo.
O que ocorre, segundo a profissional, é que especialmente o ácido clorogênico auxilia na diminuição da absorção de glicose. Na prática, o componente consegue impedir que o fígado libere glicose por causa da ação da enzima glicose-6-fosfato.
Com essa diminuição dos níveis de glicose disponíveis no organismo, o corpo precisa usar outra reserva de energia. Por isso, ele começa a utilizar a gordura que fica armazenada nos tecidos.
A cafeína presente nos grãos de café, por sua vez, age como estimulante do metabolismo. Desse modo, promove a queima de gordura pelo próprio organismo.
A profissional também destaca um estudo onde os grãos de café verde mostraram efeitos sobre o controle das medidas corporais, da pressão arterial e até mesmo do apetite em pessoas que possuíam alterações no metabolismo.
Através desses processos, derivados especialmente das ações do ácido e da cafeína, é possível reduzir o índice de gordura visceral e peso corpóreo de maneira natural. (1, 2)
Benefícios do café verde
As ações que estimulam o emagrecimento estão relacionadas à composição do grão, que conta com cafeína, quinídeos, ligninas, trigonelina, antioxidantes e ácidos clorogênicos, sendo essa última a substância responsável pelos principais benefícios do café verde.
O processo de torra de um grão quebra suas moléculas e ameniza suas ações, por isso o café verde emagrece, uma vez que conserva as propriedades do grão.
Com cafeína concentrada, o ingrediente é responsável por estimular o funcionamento do organismo, ação que faz com que o metabolismo acelere resultando em maiores gastos energéticos e, consequentemente, em perda de peso.
A quantidade de polifenóis contida no grão também chama atenção. As substâncias são consideradas antioxidantes e combatem os radicais livres, livrando as células do envelhecimento precoce.
Confira a seguir quais são os principais benefícios do café verde para o organismo:
- É hipotensor
- Rico em substâncias antioxidantes
- Reforça o sistema imunológico
- Regula o trato intestinal
- Ajuda a metabolizar melhor os açúcares
- Possui efeito termogênico
- Melhora o foco e a concentração
É hipotensor
Um dos benefícios do café verde para o organismo destacados por Karla Maciel é o efeito hipotensor. Ou seja, de reduzir e controlar a pressão arterial.
Esse efeito está ligado às grandes quantidades de ácido clorogênico encontradas nos grãos. A substância atua reduzindo naturalmente a pressão sanguínea, sem quaisquer efeito colateral para o organismo. Ao contrário do que ocorre com os medicamentos sintéticos.
O efeito hipotensor do grão também está relacionado com a diminuição dos riscos de doenças cardiovasculares, que são uma das principais causas de morte em todo o mundo e estão ligadas com o aumento da pressão arterial. (1, 3, 4)
Rico em substâncias antioxidantes
Os grãos de café verde contêm uma grande quantidade de antioxidantes, principalmente os chamados compostos fenólicos e flavonoides, destaca a profissional.
Essas substâncias são importantes para o organismo pois previnem a ação dos radicais livres, bem como protegem as células dos danos causados pela oxidação dos tecidos.
A longo prazo, consumir produtos ricos em antioxidantes melhora a qualidade de vida, favorece a perda de peso e ainda previne o surgimento de diversas doenças, como as cardiovasculares e vários tipos de câncer. (1)
Reforça o sistema imunológico
A nutricionista Karla Maciel também diz que o café não torrado é rico em alguns tipos de polissacarídeos que possuem atividade imunomoduladora. Ou seja, eles atuam regulando e estimulando o sistema imunológico.
Quando as células de defesa do organismo estão saudáveis conseguem agir melhor contra microrganismos e doenças oportunistas. Assim, melhora-se a qualidade de vida e diminui-se o risco de ficar doente.
Regula o trato intestinal
Os mesmos polissacarídeos que reforçam o sistema imunológico possuem também efeitos sobre o trato intestinal, segundo Maciel. Ou seja, consumir o café verde diariamente melhora a mobilidade no intestino.
Com isso, diminui os desconfortos causados pela constipação e inibe a formação de gases. Além de diminuir o inchaço e as dores causadas por esses problemas.
Ajuda a metabolizar melhor os açúcares
Como já foi mencionado anteriormente, os grãos do café verde conseguem inibir a liberação de uma enzima que faz com que o fígado libere glicose na corrente sanguínea. Dessa maneira, o corpo não consegue absorver o carboidrato, fazendo com que ele procure outras fontes de energia.
Durante esse processo, o organismo saudável entende que não é necessário liberar uma quantidade grande de insulina. E, consequentemente, há o controle dos níveis de açúcar no sangue.
Em portadores de diabetes é necessário tomar um pouco mais de cuidado. Isso porque, o efeito hipoglicêmico pode potencializar o da insulina introduzida artificialmente no corpo e causar problemas relacionados a pouca quantidade de açúcar no sangue. (1)
Possui efeito termogênico
A cafeína, outro componente encontrado de maneira abundante no café verde, possui um efeito termogênico natural, como destaca a profissional. Segundo Karla, a substância melhora o funcionamento do metabolismo e favorece a perda de peso.
Isso acontece porque os alimentos termogênicos causam um aumento da temperatura corporal. Com isso, o corpo precisa gastar mais energia para manter o funcionamento de todas as funções no organismo. (1, 3)
Melhora o foco e a concentração
Por fim, Maciel destaca que a cafeína, por atuar diretamente no sistema nervoso central, potencializa o estado de concentração e o foco. Além disso, há também a presença de trigonelina, um alcaloide semelhante a cafeína.
Ambas as substâncias conseguem estimular o sistema nervoso e aumentam a sensação de alerta. Além disso, o efeito estimulante da cafeína está relacionado com a prevenção de doenças degenerativas, pois mantém o cérebro ativo. (5)
Como consumir?
O consumo do café verde deve servir como uma medida para acelerar ou intensificar a perda de peso e não tido como única alternativa.
Em farmácias de manipulação e lojas de produtos naturais é possível encontrar as cápsulas de café verde. Porém, o uso deve ser cauteloso e o cuidado na hora da compra é imprescindível: a composição deve contar com mais de 45% de ácido clorogênico.
Para evitar a presença de substâncias nocivas na composição, é recomendado optar pelo pó solúvel de café verde, que pode ser diluído em água ou acrescentado em sopas, sucos e saladas.
O consumo diário deve variar entre 200 a 400 mg por dia e a dose pode ser dividida em duas ou três vezes. A primeira deve ser ingerida meia hora antes do almoço e a segunda, meia hora antes do lanche da tarde.
O consumo não pode ultrapassar às 18 horas, uma vez que a quantidade de cafeína pode atrapalhar o sono, processo indispensável para emagrecer com saúde.
Contraindicações e cuidados
Além de crianças, idosos e gestantes, pessoas com propensão ao nervosismo, depressão ou ansiosas devem evitar o uso. Aqueles que têm problemas de coração devem consultar seu médico antes de começar a usar o café verde.
Além disso, pacientes hipertensos, que fazem uso de medicamentos para diminuir a pressão arterial, ou diabéticos devem ter cuidado, pois o café verde pode potencializar os efeitos dos remédios utilizados para o controle desses problemas.
A profissional em nutrição alerta que pessoas sensíveis a ação da cafeína podem apresentar dificuldade para dormir após consumir esse tipo de café.
Por fim, quem apresenta histórico de problemas estomacais, como gastrite crônica e úlceras, além de problemas hepáticos e renais, também devem evitar o consumo. A menos que seja feito sob indicação médica.
Vale a pena tomar o café verde?
De acordo com a profissional, sim! Isso porque, o componente é um complemento alimentar que pode trazer diversos benefícios para a saúde, principalmente quando o uso é feito sob orientação de um profissional especializado, diminuindo alguns riscos.
No entanto, “não se recomenda a utilização de forma indiscriminada, e sim associada à uma alimentação com planejamento individualizado, além de um estilo de vida saudável”, destaca Karla.
Como qualquer outro produto utilizado para fins de emagrecimento, o café verde não é milagroso e precisa estar associado a uma mudança de hábitos, especialmente no que se trata da alimentação.
*Artigo feito com a colaboração da nutricionista consultora do meeting Brasileiro de Nutrição Estética Karla Maciel (CRN-2: 46500).
(1) NAVEED, Muhammad et al. “Chlorogenic acid (CGA): A pharmacological review and call for further research”. Biomedicine & Pharmacotherapy, v. 97, p. 67-74, [2018]. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.biopha.2017.10.064. Acesso em 4 de maio de 2019.
(2) SHIMODA, Hiroshi; SEKI, Emi; AITANI, Michio. “Inhibitory effect of green coffee bean extract on fat accumulation and body weight gain in mice”. BBC Complementary and Alternative Medicine [online], v. 6, n. 9, [2006]. Disponível em: https://doi.org/10.1186/1472-6882-6-9. Acesso em 4 de maio de 2019.
(3) VIEIRA, Liliana do Céu Gomes. “Características fitoquímicas e propriedades antioxidantes do grão de café verde”. [2015]. Disponível em: https://bdigital.ufp.pt/handle/10284/5550. Acesso em 4 de maio de 2019.
(4) GARAMBONE, Edna; ROSA, Glorimar. “Possíveis benefícios do ácido clorogênico à saúde”. Alimentos e Nutrição Araraquara, v. 18, n. 2, p. 229-235, [2007]. Disponível em: http://agris.fao.org/agris-search/search.do?recordID=DJ2012058871. Acesso em 4 de maio de 2019.
(5) MOREIRA, Maria Eliza de Castro. “Avaliação do potencial farmacológico de café (Coffea arabica L.) verde e torrado”. [2013]. Disponível em: http://www.sbicafe.ufv.br/handle/123456789/6612. Acesso em 4 de maio de 2019.